“Imposição, não aceitaria de ninguém”, diz Nunes sobre escolha de vice
Declaração é feita um dia depois de Tarcísio de Freitas endossar nome do Coronel Ricardo Mello Araújo, indicação de Bolsonaro, ao cargo
atualizado
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São Paulo — Um dia após o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmar que endossa o nome do Coronel Ricardo Mello Araújo, indicado por Jair Bolsonaro (PL), para o posto de vice na campanha de Ricardo Nunes (MDB) à reeleição, o prefeito da capital disse, nesta terça-feira (11/6), que não aceitará imposições de ninguém para o cargo. No entanto, Nunes afirmou que pretende chegar a um nome de consenso entre o ex-presidente e o governador paulista.
“Todos serão escutados”, disse o prefeito. “Agora, imposição, vou te dizer sinceramente, não aceitaria de ninguém, de jeito nenhum.”
Nunes falou com jornalistas após o evento de assinatura de um decreto inédito que desapropria prédios vazios no centro de São Paulo para a construção de moradias populares.
O Coronel Mello é um ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), grupo de elite da Polícia Militar, que dirigiu a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) no governo de Jair Bolsonaro. Ele já vinha sendo indicado como favorito do ex-presidente ao posto de vice de Nunes.
Nesta segunda-feira, Tarcísio também defendeu que esse fosse o nome. Ele e Nunes se encontraram na noite desta segunda em um evento na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para homenagear o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Segundo o prefeito, os dois conversaram sobre o nome do coronel de forma rápida. “Eu tenho um monte de jornalista me mandando mensagem, o que você falou?”, disse Nunes ao governador, segundo relato feito pelo prefeito. “Acho que a gente precisa resolver logo isso, reconhecer o trabalho que ele fez”, teria respondido Tarcísio, citando o coronel.
“Sentar e conversar”
Nunes disse que pretende procurar o governador para conversar melhor sobre o nome — a conversa pode ocorrer ainda nesta terça-feira.
Segundo o prefeito, a indicação de Tarcísio “reforça o nome do coronel, de quem eu não tenho nenhuma objeção que seja”. No entanto, Nunes ressaltou que a indicação final para vice terá de passar pelo consenso dos 10 partidos que integram sua aliança.
“Ontem, já vi alguns deputados do PP dizendo que não gostariam que fosse ele. Então, como vai funcionar isso? É a gente sentar e conversar”, disse Nunes.
Sonaira e Aldo
Nunes disse, ainda, que acreditava que o nome favorito de Tarcísio fosse o da vereadora Sonaira Fernandes (PL), que era secretária da Mulher do governo estadual.
“Acho que ele [Tarcísio] estava mais pendente para a Sonaira, aqui entre nós. Eu tinha um carinho pelo Aldo Rebelo, que resolveu não sair. O importante é que, no final, a gente vai decidir todo mundo junto”, afirmou.
“Uma coisa eu não vou fazer, que é a coisa que meu adversário fez. Pegar uma pessoa e ‘democraticamente’ dizer é essa, pronto, e acabou. Eu sou democrático verdadeiro, vou escutar todo mundo”, afirmou o prefeito.
A declaração foi uma alfinetada na campanha de seu principal adversário, o deputado federal Guilherme Boulos (PSol). Marta Suplicy (PT), ex-secretária de Nunes que deixou a prefeitura para concorrer contra o prefeito, foi indicada a vice a partir de uma decisão monocrática do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que apoia o deputado na cidade.