Igreja nega “vínculo moral” com influencer preso por estupro de fiéis
Influencer evangélico Victor Bonato, do movimento Galpão, está preso após três jovens o denunciarem por estupro em Alphaville (SP)
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo — Dona do espaço usado pelo movimento evangélico Galpão, em Alphaville, bairro rico da Grande São Paulo, a igreja Relevans afirma “não existir nenhum vínculo” entre a denominação e o grupo fundado pelo influencer Victor Bonato, que está preso acusado de estupro contra três fiéis.
Em nota divulgada nesta segunda-feira (9/10), a igreja Relevans afirma que, “de forma inequívoca”, manteve um relacionamento com o Galpão “estritamente limitado à cessão de espaço físico”, onde o grupo do empresário e influencer evangélico realizava suas reuniões às terças-feiras.
A igreja diz ainda que “qualquer alegação” sobre um suposto vínculo entre os ministérios “é completamente inverídica.”
“Reforçamos, portanto, que nossa participação se restringe, exclusivamente, a esse aspecto, não havendo qualquer envolvimento de natureza espiritual, legal ou moral com o Ministério Galpão.”
Procurada para dar esclarecer a relação com o Galpão, a igreja Relevans não retornou até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.
Pregador de ricos
Victor de Paulo Gonçalves nasceu em Muriaé, no interior de Minas Gerais, e adotou a identidade de Victor Bonato, o sobrenome do pai. Antes de ser preso, ele morava em um apartamento em Alphaville, alugado no nome da mãe, por R$ 5,2 mil ao mês, fora o condomínio.
Em agosto, semanas antes de ser investigado pela Polícia Civil, Bonato concedeu entrevista ao podcast Gospelmente. Na ocasião, o líder religioso contou que escolheu o local justamente por causa do público de alto poder aquisitivo.
Prisão
O Metrópoles revelou nesse sábado (7/10) que Victor Bonato foi alvo de um mandado de prisão temporária no fim de setembro, acusado de estupro mediante fraude. Na ocasião, os policiais apreenderam o celular do suspeito, um iPhone 14, para analisar suas mensagens.
Um dia antes de ser preso, o influencer evangélico postou um vídeo nas redes sociais no qual confessa ter cometido “pecados” e pede “perdão às meninas” (veja abaixo).
Segundo a investigação, ele foi denunciado por três mulheres, de 19, 20 e 24 anos, que alegaram terem sido estupradas entre janeiro e setembro deste ano. Os crimes teriam acontecido fora do espaço religioso. Para a Polícia Civil, o suspeito se valia da condição de liderança no grupo para abusar sexualmente das fiéis.
O processo está sob segredo de Justiça. Em nota, a advogada Samara Batista Santos, responsável pela defesa, afirma que Bonato “nega veementemente as alegações contra ele”, mas que não pode “fornecer detalhes específicos”.
Em um vídeo, a defensora afirma que “ter múltiplos relacionamentos não é crime”.