Homem se entrega 8 dias após espancar namorada até a morte e fugir
Autônomo que espancou namorada até a morte já foi condenado por agredir outra companheira e cumpriu pena em regime fechado
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – O autônomo Michael Francis da Silva Rissi dos Santos (foto de destaque), de 35 anos, se entregou à Polícia Civil oito dias após espancar até a morte a namorada dele, Bruna Ladislau Barbosa, 19, em Itapevi, na Grande São Paulo. O crime foi registrado como feminicídio.
Em depoimento na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), nessa segunda-feira (29/5), ele confessou o crime e foi preso em seguida, em cumprimento a mandado de prisão temporária de 30 dias.
A delegada Francini Ibrahin, titular da DDM de Itapevi, afirmou ao Metrópoles, nesta terça (30), que Michael disse ter espancado Bruna porque ambos teriam tido um “desentendimento.”
“Ele alegou que a Bruna tinha batido na filha dele e que ele partiu para cima dela e que, depois disso, não se lembra de mais nada. Disse que estava arrependido.”
No dia que espancou Bruna, o autônomo a levou para o pronto-socorro André Sacco, em Osasco, onde ela morreu assim que deu entrada, por volta das 5h30. Em seguida, de acordo com registros da Polícia Civil, ele ligou para o padrasto de Bruna.
Michael avisou que estava com o carro estacionado em frente à residência do parente da vítima, para que fossem juntos até a unidade de saúde, onde Bruna havia dado entrada após uma briga entre o casal. Quando o padrasto chegou ao pronto-socorro, Michael o deixou sozinho e desapareceu.
Em conversa com enfermeiros, o parente de Bruna foi informado que ela morreu assim que chegou à unidade de saúde, “com sinais de lesões pelo corpo”. A causa preliminar da morte dela, segundo atestado de óbito, foi em decorrência de hemorragias internas e politraumatismo.
Reincidente
A delegada Francini Ibrahin afirmou ao Metrópoles que Michael já foi preso e condenado por espancar outra namorada.
“Era convivente dele na época, ele bateu muito. Ela ficou em coma, muito mal. Espancou da mesma forma, com a diferença que a outra sobreviveu.”
Ele foi julgado e condenado a cinco anos e cinco meses por lesão corporal. “Mas cumpriu oito meses da pena preso e foi solto em razão da progressão de regime. Agora, cometeu um crime da mesma espécie contra a Bruna, que morreu”, lamentou a delegada.
Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), Michael conseguiu progredir para o regime aberto em outubro de 2021.
A Polícia Civil continua a investigação do caso e, até a próxima semana, pretende pedir a conversão da prisão temporária de Michael em preventiva, ou seja, por tempo indeterminado.
A defesa do autônomo não foi encontrada até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
Recorde de feminicídios
Com recorde no número de casos de feminicídio registrados no estado, São Paulo vive um aumento dos crimes praticados contra as mulheres em 2023.
Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP), os feminicídios aumentaram 53,8% e já são 80 mulheres assassinadas em São Paulo entre janeiro e abril de 2023 – o maior número para o período desde 2018, início da série histórica. Em 2022, haviam sido 52 casos.
De acordo com as estatísticas, o interior de São Paulo é a região que concentra a maior parte dos casos. Foram 55 ocorrências em 2023.