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PM mata homem esquizofrênico durante surto na frente da mãe em SP

Homem de 35 anos com esquizofrenia foi morto a tiros por PMs em Diadema durante surto. “Por que não atiraram nas pernas?”, perguntou a mãe

atualizado

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Denner Wesley Batista dos Santos, 35 anos, era esquizofrênico e foi morto pela PM durante um surto - Metrópoles
1 de 1 Denner Wesley Batista dos Santos, 35 anos, era esquizofrênico e foi morto pela PM durante um surto - Metrópoles - Foto: Reprodução

São Paulo – Dois policiais militares mataram a tiros um homem de 35 anos diagnosticado com esquizofrenia durante um suposto surto psicótico dentro da casa de parentes em Diadema, na região metropolitana de São Paulo.

Denner Wesley Batista dos Santos (foto de destaque) foi morto na frente de sua mãe, que havia chamado o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para tentar conter o filho, que estava muito agitado. Os socorristas, por sua vez, pediram apoio da PM.

De acordo com o boletim de ocorrência, a PM foi chamada porque Denner portava uma faca de cozinha e teria ameaçado a equipe do Samu. “Eu e meu marido começamos a conversar com os policiais e falar que ele não era bandido, que ele não era nenhum marginal, mas que ele tinha esquizofrenia e estava em surto. Ele precisava de ajuda”, disse a mãe da vítima, que pediu para não ser identificada.

Em depoimento à Polícia Civil, os PMs — os soldados Pedro Henrique Leite Santos e Thiago William Martins — disseram que Denner teria avançado em direção aos socorristas com uma faca em punho e, para evitar “injusta agressão”, atiraram contra ele. Os policiais dispararam cinco vezes contra Denner — o boletim de ocorrência não esclarece quantos tiros atingiram a vítima.

“Na minha frente… Eu comecei a gritar, gritar, gritar para pararem. Meu filho estava de costas. De costas e estão alegando que foi legítima defesa. Legítima defesa de ter um doente, uma faquinha de cozinha. Por que não atiraram nas pernas do meu filho? Por que não deram choque nele?”, disse a mãe ao Metrópoles.

Um dos socorristas sofreu uma lesão na mão durante a ação policial, supostamente por um disparo de arma de fogo dos policiais. Ele foi encaminhado ao Hospital Municipal de Diadema e, em seguida, ao Hospital das Clínicas de São Paulo.

O caso foi registrado como homicídio decorrente de oposição à intervenção policial (resistência).

Foram requisitados exames necroscópico e toxicológico para Denner. O boletim aponta, ainda, que os cartuchos e armas de fogo (duas pistolas calibre 40) usados pelos policiais foram apreendidos pela perícia, bem como a faca e um suposto canivete usados pela vítima.

A Polícia Militar informou, em nota ao Metrópoles, que instaurou um inquérito policial militar para apurar os fatos. As imagens das câmeras corporais estão sendo analisadas como parte das investigações, diz o texto. Paralelamente, o Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa de Diadema também investiga a ocorrência.

Em nota, o Samu alega que, a PM já estava no local quando a equipe de socorro chegou. “A equipe seguiu o protocolo para atendimento que, entre outras ações preconiza que, as equipes devem levar em conta a situação e a segurança da cena para iniciar o atendimento. Caso a situação permita, inicialmente é feita a abordagem verbal ao paciente”, diz o texto.

O Samu disse ainda que “lamenta o desfecho da ocorrência e se solidariza com a família do paciente, o servidor e a equipe do Samu”. O socorrista ferido teve alta médica em 17 de agosto.

Quem era a vítima

Denner tinha 35 anos e era morador de São Bernardo do Campo. De acordo com a mãe, ele foi diagnosticado com esquizofrenia aos 18 anos e fazia tratamento desde então. Ela encaminhou ao Metrópoles laudos médicos que atestam a condição do filho.

A vítima também estudava no Senai e era um tio atencioso. Segundo o relato da mãe, este foi o primeiro surto de Denner após muitos anos.

“Eu não entendi o que estava acontecendo, porque eu só vi meu filho no chão [após ele ser baleado]. Eu me joguei em cima dele e comecei a gritar desesperada. Porque a ambulância estava lá para socorrer meu filho. Eu não aceitava que ele estava morto. Ninguém fez nada”, disse.

A mãe destaca que muitos policiais estavam presentes — além dos dois PMs envolvidos diretamente na ocorrência, havia, segundo ela, muitos outros policiais, em quantidade suficiente para conter o filho.

“É só saber conversar, só isso, não atirar e matar. Não existe isso, legítima defesa de um rapaz em surto. Eram muitos policiais, podiam ter segurado ele”, disse a mãe.

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