Hidrolipo: viúvo de mulher que morreu aponta negligência da clínica
Paloma Lopes Alves morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória enquanto fazia uma hidrolipo. Viúvo quer justiça pela esposa
atualizado
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São Paulo — Everton Reigota, de 34 anos, o viúvo de Paloma Lopes Alves, de 31, que morreu no dia 26 de novembro após sofrer uma parada cardiorrespiratória durante procedimento de hidrolipo em uma clínica no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo, quer justiça pelo que aconteceu com sua esposa.
Sem assistência da clínica Maná Day ou do médico Josias Caetano dos Santos, o publicitário contou ao Metrópoles que ficou sozinho no hospital enquanto os médicos tentavam reanimar sua mulher. Segundo ele, “depois que [o caso] começou a gerar repercussão, um advogado mandou mensagem dizendo que ele estaria à disposição para esclarecer qualquer dúvida”.
Everton explicou que Paloma estava planejando fazer a hidrolipo há alguns meses. Ela escolheu essa cirurgia por ser um procedimento mais simples e tranquilo de se fazer. De acordo com Everton, ela pesquisou clínicas nas redes sociais e entrou em um grupo de WhatsApp.
“Indicaram, com toda certeza, que era tranquilo, que não era tão invasivo. Ela sentiu uma confiança com aqueles argumentos”, disse Everton. Como Paloma nunca tinha ido à clínica, ela fez os passos on-line, fez alguns exames e fez uma avaliação diretamente com a clínica, não diretamente com o doutor.
Segundo ele, a clínica foi bem recomendada. “Não tínhamos conhecimento da quantidade de processos que esse doutor tinha nem que a clínica não estava com todas as autorizações para fazer [o procedimento]. Isso foi uma fatalidade”, revelou.
Residentes de Vargem Grande Paulista, Everton e Paloma levantaram às 5 horas da manhã e chegaram na Maná Day, que fica no Tatuapé, por volta das 7h30. A cirurgia começou às 9h e, aproximadamente às 11h, falaram para ele que ela estava dormindo no quarto, mas que ele não podia entrar.
Em seguida, uma movimentação estranha começou a acontecer na clínica, deixando Everton agoniado. “Eu fui ver o que estava acontecendo, até o momento, ninguém tinha falado comigo ainda. Quando eu fui ver, ela não estava no quarto, eu perguntei de novo e ninguém me respondeu”, contou.
Reigota foi informado que sua esposa teve uma complicação. “Não souberam me explicar ao certo. Em poucos segundos ali, gerou um transtorno muito grande, eu entrei em desespero”, revelou. Neste momento, ao olhar para o corredor, o publicitário viu a ambulância do SAMU ao fundo, onde socorristas tentavam reanimar Paloma.
Luta por justiça
Everton entrou na ambulância e foi para o hospital com a mulher. “Depois disso, eles não me deram nenhuma assistência. Não foram até o hospital. Ninguém entrou em contato comigo”, disse.
“Quem a reanimou foi a médica do SAMU. Depois, na chegada do hospital, ela teve outra parada cardiorrespiratória e não retornou. O médico me deu a notícia, falou que poderia ser uma embolia pulmonar e que era reversível se tivesse sido feita [a reanimação] antes. [Foi] uma negligência de tempo, de tudo”, falou Everton.
O viúvo de Paloma espera o laudo do IML para respostas. “A clínica não tem as autorizações, esse médico com um monte de processos… Por que aquela clínica estava aberta? Por que esse médico estava atuando? Por que demoraram tanto para poder dar a verdadeira assistência que ela precisava? Por que não chamaram o SAMU imediatamente quando ela já começou a passar mal? Verdadeiro absurdo’, indagou.
Planejando filhos
Filha única e criada pela avó, Paloma era, de acordo com o marido, uma mulher “empoderada, linda, maravilhosa, com sorriso gigantesco e sempre alto astral”. Ela trabalhava como assessora de cílios e tinha um estúdio onde aplicava extensões e fazia procedimentos de microlabial.
“Ela corria e fazia acontecer. A gente sempre fez muitos planos. Ela colocava dentro do planejamento e corria pra poder fazer”, disse Everton. Casados há 3 anos, eles haviam comprado uma casa recentemente, estavam planejando uma festa de casamento e queria engravidar. “Desde o primeiro dia que nos conhecemos, foi paixão à primeira vista. Desde então, nunca mais nos largamos”, contou.