Helicóptero que sumiu: MPF quis fim de empresa por serviço clandestino
Helicóptero que partiu da capital paulista está desaparecido desde o Ano-Novo; paradeiro dos quatro tripulantes é desconhecido
atualizado
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São Paulo – Antes de um helicóptero sumir no interior paulista, na véspera de Ano-Novo (31/12), o Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) já havia recomendado que as empresas responsáveis pela aeronave parassem de prestar serviços de aviação. Segundo o órgão, o helicóptero de prefixo PR-HDB era usado de forma “clandestina”.
No ofício, de outubro de 2022, a procuradora Karen Louise Jeanette Kahn afirma que o piloto da aeronave, Cassiano Tete Teodoro, de 44 anos, já recebeu mais de 17 autos de infração e atuou como piloto comercial mesmo durante dois anos em que teve a licença cassada.
Cassiano é um dos sócios da CBA Investimentos, que compartilha da propriedade do helicóptero desaparecido com outra empresa, a RGI Locações. O MPF recomendou, há mais de um ano, que as duas empresas não pudessem mais ceder, locar ou contratar aeronaves.
O helicóptero que sumiu neste domingo não tinha autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para realizar o serviço de táxi aéreo.
No entanto, de acordo com o MPF, a CBA promovia “de forma pública, nas mídias sociais, serviço de transporte aéreo de forma irregular e clandestina, na modalidade táxi aéreo, gestão de aeronaves e voos panorâmicos, sem autorização da ANAC, promovendo sua propaganda, em especial, através das redes sociais”.
“[…] comprovada insurgência do investigado Cassiano e das empresas por ele operadas contra a fiscalização da ANAC, com a prestação de informações inexatas, propaganda de serviços aéreos não autorizados, adulteração de planos de voo, dentre outros fatos hábeis a demonstrar possível falta de comprometimento do sócio de tais empresas, e das empresas em si, no atendimento às regras de aviação civil, em especial àquelas relacionadas à segurança operacional”, diz a recomendação do MPF.
Helicóptero teve pouso forçado
O helicóptero decolou do Campo de Marte, na capital paulista, e seguia para Ilhabela, litoral norte do estado, quando sumiu dos radares ao sobrevoar a região da Serra do Mar, na altura de São José dos Campos.
Havia quatro pessoas na aeronave: Cassiano, Raphael Torres, Letícia Sakumoto, de 20 anos, e a mãe dela, Luciana Rodzewics, de 45 anos.
Ao Metrópoles, familiares de Letícia e Luciana disseram que elas foram convidadas por Raphael, amigo de Letícia, para um “bate-volta” de São Paulo até Ilhabela, no litoral norte do estado. Raphael seria amigo de Cassiano.
Pouco antes de o helicóptero sumir do radar, Letícia enviou uma mensagem e um vídeo ao namorado mostrando as más condições do tempo, relatou que o piloto decidiu abortar a viagem e retornar para São Paulo e contou também, que o grupo precisou fazer um pouso forçado.
“Tá perigoso. Muita neblina. Estou voltando”, escreveu Letícia. No vídeo enviado por ela ao namorado, o helicóptero aparece encoberto por neblina.
Assista:
As buscas estão sendo realizadas pela Força Aérea Brasileira (FAB) em conjunto com a Polícia Militar (PM).
Em nota, a FAB afirmou que realiza buscas aéreas pelo helicóptero e seus tripulantes há mais de 15 horas, mas que a aeronave ainda não foi localizada.