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Há risco de mar avançar e acabar com costa em Peruíbe, diz pesquisador

Professor do Instituto Oceanográfico da USP explicou o processo erosivo que apresenta perigo de acabar com parte da costa no litoral de SP

atualizado

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1 de 1 praia-restinga - Foto: Reprodução/Editoria Livre

São Paulo — O avanço do nível do mar cada vez mais alto na região da Barra do Una, em Peruíbe, no litoral de São Paulo, gera um processo erosivo que apresenta perigo de acabar com parte da região costeira, de acordo com o professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), Alexander Turra.

“Essa é uma tendência que tem a ver com a elevação do nível do mar e em alguns locais com processos que intensificam a erosão, como ocupação costeira, uso excessivo de água e o não cuidado com o fluxo da água que garante a vitalidade dos estuários”, disse o pesquisador ao Metrópoles.

Segundo Alexander, cerca de 40% da região costeira brasileira está vivenciando um severo processo de erosão, segundo um documento publicado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2018. “A erosão costeira tem várias causas”, explica o professor, “desde a retirada de areia rio acima, a construção de barragens, o aumento ou a diminuição de chuva, as mudanças climáticas, o padrão de ocupação local”.

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É possível ver o avanço do mar na vila entre 2008 e 2022
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O mar avançou até a Rua Beira Mar, que fica muito próxima às casas da região

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É possível ver o avanço do mar na vila entre 2008 e 2022

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Na Barra do Una, em Peruíbe, um dos processos erosivos é o de ocupação da bacia hidrográfica da região que vem fazendo com que haja uma alteração na desembocadura do rio. “Esse é um movimento natural que ocorre no passado geológico ou em momentos que não ocorria ocupação humana”, confirma o professor. 

 

“Nós temos um fenômeno natural que sempre ocorreu e que agora está interagindo com as pessoas”, diz Alexander Turra. A interferência humana na alteração do curso do rio, portanto, tem influência indireta no que ocorre agora, “pelo uso da água na bacia hidrográfica e pelas construções que podem comprometer o balanço sedimentar”.

O impacto no balanço sedimentar é um resultado da existência de posições diferentes da “boca do rio”. “Isso leva, por exemplo, a diferentes interações com as correntes marítimas que acabam ocorrendo ao longo da costa e com o padrão de deposição de sedimento”, explica o pesquisador.

Mudanças climáticas

As mudanças climáticas acabam contribuindo para esse cenário. 

Segundo Alexander Turra, há um fenômeno de elevação do nível do mar de cerca de 4 milímetros por ano no litoral de São Paulo.

“Isso certamente interage, mas não necessariamente é a principal causa dessa mudança, que está mais associada à dinâmica do rio”, afirma, no entanto. “Mas, com a ocupação humana, existe uma possibilidade dessa interação ocorrer”.

Vegetação

A erosão não só afeta as ocupações humanas, mas a vegetação, as restingas, o manguezal, e a própria vegetação acima das praias. 

Por isso, o pesquisador Alexander Turra faz o alerta de que é preciso “garantir que esses ambientes naturais, que têm funções ecológicas muito importantes, tenham condição de se realocar na medida em que o nível do mar subir”. 

“Quando isso não acontece, a gente cria ocupações que impedem essa realocação desses ambientes, eles tendem a ficar estreitados e em algum momento desaparecer, e aí com isso a gente perde os benefícios associados”, como o turismo litorâneo.

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