metropoles.com

“Guardanapo”: como Milton Leite pretende se aposentar sem sair da mesa

Presidente da Câmara Municipal de SP há 4 anos, Milton Leite não disputará novo mandato, mas deve manter influência política na capital

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Rede Câmara
Imagem colorida mostra Milton Leite, homem negro, de terno azul e camisa preta, ao lado de um microfone em uma mesa. O presidente da Câmara de vereadores sorri - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra Milton Leite, homem negro, de terno azul e camisa preta, ao lado de um microfone em uma mesa. O presidente da Câmara de vereadores sorri - Metrópoles - Foto: Rede Câmara

São Paulo — Considerado o político mais poderoso na capital paulista, o vereador Milton Leite (União) abriu mão de disputar neste ano o oitavo mandado consecutivo na Câmara Municipal, mas fez tantas articulações para manter a influência na máquina pública que abraçou um de seus supostos apelidos, que até ajuda a divulgar: “Guardanapo”. O motivo? É “aquele que não sai da mesa”.

Leite, de 68 anos, passou os últimos seis presidindo a Mesa Diretora da Câmara Municipal, em um mandato repleto de demonstrações de poder criticadas pela oposição. Uma delas é a própria permanência por tanto tempo na função, um feito que só conseguiu mudando por duas vezes a Lei Orgânica do município (espécie de constituição municipal, que previa apenas uma reeleição por legislatura ao posto, cujo mandato era anual), com apoio do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

O vereador passou a falar que não tentaria a reeleição ainda no segundo semestre do ano passado. Mas, de lá para cá, trabalhou de forma intensa para manter-se relevante entre as decisões sobre os rumos da cidade.

Chapa forte

Uma das maneiras de preservar sua influência foi trabalhar pela ampliação do espaço de seu partido na Câmara — ele é o único cacique do União no Estado e nem o presidente nacional da sigla, Antonio Rueda, toma decisões partidárias que envolvam São Paulo sem seu aval.

A chapa que Leite formou é eclética: tem influencer da extrema-direita, ativistas da causa animal e candidatos com histórico de votações amplas. É encabeçada por dois aliados neófitos na política, mas que gozam de sua extrema confiança — seu chefe de gabinete, Silvio Antônio de Azevedo, e Silvio Pereira dos Santos, chefe de gabinete da Subprefeitura do M’Boi Mirim, que ele controla.

O primeiro chega à urna como “Silvão Leite”, herdando inclusive o sobrenome do vereador. O segundo, como “Silvinho”.

Valorização do apoio

Paralelamente à montagem da chapa, Leite acompanhou, a certa distância, a articulação de Nunes para garantir o apoio de Jair Bolsonaro (PL) em sua campanha à Prefeitura.

Embora concordasse com o diagnóstico de Nunes, de que era necessário obter apoio do ex-presidente para evitar concorrer contra um adversário bolsonarista, Leite vinha agindo desde 2023 para limitar o espaço oferecido ao PL na Prefeitura em troca desse apoio.

Por isso, o vereador recusou apoiar de pronto a indicação do Coronel Mello Araújo (PL) para o cargo de vice do prefeito, e só concordou com o nome após a garantia, obtida em junho, de que o partido de Bolsonaro apoiaria um nome do União Brasil na próxima eleição para a Mesa Diretora da Câmara.

Espaço na prefeitura

Mesmo essa garantia, contudo, não fez Leite embarcar imediatamente na reeleição de Nunes e o vereador realizou outras manobras para garantir seu espaço.

No fim de julho, às vésperas do início do prazo para as convenções partidárias, Leite procurou a imprensa para dizer que a situação com Nunes estava “péssima”. Dias depois, confeccionou o banner “Milton Leite prefeito”, mas sem declarar abertamente que gostaria de disputar a eleição contra Nunes.

Na convenção do partido, ele declarou que o apoio ao prefeito deveria estar condicionado a um acordo prévio sobre o espaço que sua legenda teria em um eventual mandato, fazendo uma intepretação própria do que chamou de “governo de coalisão europeu”. Cobrou, ainda, a criação de mais secretarias na Prefeitura, que deveriam ficar com o União.

Demonstração de força

Se a estratégia der certo, Leite terá, no ano que vem, o comando de uma das maiores bancadas da Câmara Municipal, com a garantia de que os partidos governistas apoiarão um aliado na presidência da Mesa Diretora. Além disso, vai conquistar ainda mais espaço na administração da cidade — seu grupo controla as subprefeituras de Capela do Socorro, M’Boi Mirim, Pirituba, Lapa e as duas secretarias que cuidam de Transportes.

Ao selar o apoio a Nunes, há três semanas, Leite convocou os seus correligionários para um evento em um clube às margens da Represa Guarapiranga, na zona sul. O ato ocorreu no mesmo dia em que o prefeito havia feito sua convenção, no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

O evento de Leite reuniu milhares de pessoas e paralisou o trânsito da Avenida Atlântica, em Interlagos.

Na ocasião, no palco da quadra do clube, em meio a bandeiras e aliados, o vereador foi questionado sobre o tamanho do evento — que rivalizava com a festa de Nunes, organizada por 12 partidos.

Leite sorriu e fortaleceu o músculo dos bíceps em resposta, como quem diz “força”. Em seguida, entregou à reportagem um guardanapo e fez a piada sobre “não sair da mesa”. Dias antes, o vereador havia ficado contrariado com uma matéria jornalística, publicada por outro veículo da capital, que havia atribuído a ele apelidos que nem ele e nem os aliados conheciam.

 

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSão Paulo

Você quer ficar por dentro das notícias de São Paulo e receber notificações em tempo real?