Guarda morto pelo filho recebeu medalha por salvar vidas em enchente
Isac Tavares Santos, 57, foi condecorado duas vezes por atos de bravura, em seus 12 anos como membro da GM em Jundiaí, interior de SP
atualizado
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São Paulo – O Guarda Municipal (GM) Isac Tavares Santos, 57, que foi morto em casa com um tiro na nuca, dado pelo próprio filho de 16 anos, na última sexta-feira (17/5), na zona oeste de São Paulo, foi condecorado duas vezes por atos de bravura, em seus 12 anos como membro da corporação em Jundiaí, interior paulista.
Além do guarda, que estava lotado no destacamento florestal da corporação, também foram assassinadas a tiros, com a arma de Isac (foto em destaque) sua esposa e filha, respectivamente, Solange Aparecida Gomes, 50, e Letícia Gomes Santos, 16.
A medalha mais recente foi dada ao GM ainda neste ano, quando ele auxiliou, há pouco menos de dois meses, na localização do corpo do piloto e empresário Ângelo Chaves Pucci, 44, morto após a queda do avião bimotor no qual estava, na Serra do Japi, em Jundiaí.
O guarda foi condecorado, com o reconhecimento de seu trabalho, em uma cerimônia interna, na base da Unidade de Gestão de Segurança (UGSM).
“Acima do dever”
Já em janeiro de 2022, o guarda recebeu publicamente a medalha Vasco Antônio Venchiarutti, uma honraria destinada aos GMs que “se distinguem acima do dever”.
A UGSM afirmou ao Metrópoles que Isac Tavares Santos se destacou por “bravura” ao contribuir no resgate de vítimas em situação de alagamento, em janeiro de 2022, no bairro Caxambú, durante fortes temporais que castigaram a região.
Em suas horas vagas, além de ficar perto da família, ele também gostava de participar de provas de corrida, tanto no asfalto como em montanhas, como gostava de compartilhar nas redes sociais.
Em nota, a GM de Jundiaí lamentou o assassinato de seu integrante, acrescentando “prestar todo o suporte necessário” aos familiares das vítimas.
A tragédia
O adolescente de 16 anos que matou a tiros os pais e a irmã afirmou, em depoimento à polícia, que cometeu o crime porque eles tinham “confiscado” seu computador e o celular. Ele garantiu à Polícia Civil que “faria de novo” o crime, sem se arrepender.
Ele ainda disse no depoimento que já havia pensado em matar os pais anteriormente. Os desentendimentos com o pai e a mãe eram frequentes, acrescentou o adolescente. Ele disse que, na véspera do crime, os pais teriam o chamado de “vagabundo”.
Em seu relato o adolescente afirma que o pai e a irmã foram mortos por volta das 13h da sexta-feira (17/5). Depois, ele foi até a cozinha, almoçou ao lado do cadáver do pai e foi até a academia. A mãe foi assassinada horas depois, por volta de 19h, quando chegou do trabalho.
Durante o final de semana, convivendo com os corpos dos familiares, o garoto manteve sua rotina normalmente.
No sábado (18/5), um dia após as mortes, o adolescente pegou uma faca na cozinha e cravou nas costas da mãe. Ele disse que fez isso porque ainda estava com raiva dela por ter ficado sem o celular.
Arma do pai
A arma usada pelo menor de idade, uma pistola Taurus 9mm, pertencia ao pai. Antes de cometer o crime, na manhã de sexta-feira, o garoto foi até o local em que a arma ficava escondida e fez testes com ela, atirando contra um colchão.
Na sequência, passou a aguardar a chegada do pai, que tinha ido buscar a irmã no colégio. O homem levou um tiro na nuca enquanto se debruçava sobre a pia da cozinha. Já a irmã foi morta logo depois, no andar superior da casa. A mãe morreria horas depois, também na cozinha.
O adolescente foi encaminhado para a Fundação Casa. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o caso foi registrado como ato infracional de homicídio – feminicídio; ato infracional de posse ou porte ilegal de arma de fogo e ato infracional – vilipêndio a cadáver.