Caso Gritzbach: diretor do Deic citado por delator do PCC é afastado
Segundo Gritzbach, Fabio Pinheiro Lopes, o Fabio Caipira, teria cobrado propina por meio de advogado para devolver seu passaporte
atualizado
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São Paulo — O diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Fábio Pinheiro Lopes, conhecido como Fábio Caipira, será afastado do cargo após voltar de férias em janeiro. Ele teria sido citado na delação de Vinícius Gritzbach sobre extorsões realizadas por policiais civis para interferir no inquérito sobre a morte do líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, em dezembro de 2021.
Caipira chefiava o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na época em que teve início a investigação. Na última terça-feira (17/12), uma operação da Polícia Federal em parceria com o Ministério Público de São Paulo prendeu sete policiais civis envolvidos no inquérito, que era conduzido pela 3ª Divisão de Homicídios do DHPP. Entre eles, o delegado Fabio Baena. O investigador Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, segue foragido.
Vinícius Gritzbach foi executado com tiros de fuzil em 8 de novembro, no Aeroporto Internacional de São Paulo, na região metropolitana.
De acordo com a delação do corretor de imóveis, o advogado Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves teria se apresentado como uma pessoa com interlocução com o chefe do Deic e dito que, se ele efetuasse o pagamento de R$ 5 milhões em propina, seu passaporte seria devolvido. O delator teria transferido o valor por meio de dois apartamentos e mais R$ 300 mil em transferências.
Para convencer Gritzbach de sua relação com Caipira, o advogado teria enviado uma foto em frente ao Deic dizendo que teria ido ao local para entregar a propina.
O advogado ainda teria mencionado deputados estaduais. Entre eles, delegado Olim (Progressistas) e Carlão Pignatari (PSDB), então presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Por algum motivo, Fabio Caipira e os parlamentares não foram mencionados no depoimento de Gritzbach à Corregedoria da Polícia Civil, em 31 de outubro, oito dias antes de sua morte.
Para a força-tarefa que investiga o assassinato, o delator teria sido enganado pelo advogado. A suspeita é que o advogado não tivesse relação com Caipira e fez a promessa apenas para extorquir Gritzbach.
Uma autoridade ligada à investigação do caso disse à reportagem que o afastamento do diretor do Deic é “preventivo”.
Ao Metrópoles, Fabio Pinheiro Lopes afirma que o advogado que cobrava propina de Vinícius Gritzbach foi até o departamento em duas oportunidades, em abril e junho de 2022. Segundo ele, no entanto, “não teve conversa“.
Em nota, Fabio Caipira afirmou que Gritzbach não obteve vantagem e continuou com bens e o passaporte bloqueados.
“O empresário faltou com a verdade para obter vantagens em seu acordo de delação premiada, ou foi enganado pelo mencionado advogado. De acordo com o policial, os imóveis que o delator diz ter sido usado para pagar a suposta propina estão em nome do próprio advogado Ramses e da filha dele, e que na investigação feita pelo Deic, Antônio Vinícius não teve nenhuma vantagem: ele foi indiciado, teve a prisão pedida e bens bloqueados e continuou com o passaporte apreendido”, afirma Caipira.
Além do diretor do Deic, o delegado Murilo Fonseca Roque, então titular do 24º Distrito Policial (DP), da Ponte Rasa, também foi afastado.