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Greve por reajuste impacta universidades federais em SP há 2 meses

Governo federal assinou acordo com sindicato para encerrar greve, mas racha na categoria pode levar à continuidade da paralisação

atualizado

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Breno Esaki/Metrópoles
Mobilização de servidores da educação para reajuste 7
1 de 1 Mobilização de servidores da educação para reajuste 7 - Foto: Breno Esaki/Metrópoles

São Paulo — A greve de funcionários e professores das universidades federais por reajuste salarial impacta as instituições localizadas em São Paulo há mais de dois meses e pode continuar mesmo após o acordo assinado pelo governo com uma das entidades que representam os grevistas.

As paralisações nas três federais paulistas — Unifesp, UFSCar e UFABC — começaram em março, com o anúncio da greve pelos trabalhadores técnico-administrativos, e ganharam força ao longo de abril e maio, com a adesão dos professores.

Além do reajuste salarial, os servidores exigem mais verba para as instituições de ensino e a revogação de leis como a do arcabouço fiscal e a do Novo Ensino Médio.

Na Unifesp e UFSCar, os estudantes também se somaram ao movimento, incluindo pautas próprias ao pacote de reivindicações dos servidores federais.

No último sábado (25/7), um grupo de alunos grevistas do campus da Unifesp em Guarulhos, na Grande São Paulo, fez um protesto durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à cidade para exigir o avanço nas negociações por parte do governo.

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos realizou cinco encontros com sindicatos que representam as categorias e apresentou, há uma semana, uma proposta de reajuste salarial com pagamentos a partir do próximo ano.

Encarada como “sugestão final” pelo governo, a proposta prevê que os trabalhadores recebam 9% de aumento em 2025 e 3,5% em 2026. Em 2024, os servidores permaneceriam com o mesmo salário.

A ausência de reajuste neste ano foi criticada pelos trabalhadores ligados ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) e ao Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe).

“É inadmissível”, diz Fernanda Castelano Rodrigues, presidenta da Associação de Docentes da UFSCar, entidade ligada à Andes. “Não é possível que categorias como a Polícia Federal e a Receita Federal recebam reajuste de mais de 20% e os trabalhadores da educação recebam 0%”, completa ela.

Na UFSCar, onde Fernanda trabalha, todos os quatro campi (São Carlos, Lagoa do Sino, Sorocaba e Araras) estão em greve e 15 mil alunos estão sem aulas.

A reitoria da instituição afirma que criou uma “Comissão Interna de Mediação Organizacional”, com o comando local de greve, para tratar das atividades necessárias para a manutenção e o funcionamento da universidade.

O sindicato nacional dos docentes apresentou uma contraproposta ao governo federal nessa segunda-feira (27/5), pedindo reajuste de 3,69% em agosto de 2024, 9% em janeiro de 2025 e 5,16% em maio de 2026.

A ideia de negar a proposta do governo federal, no entanto, não foi consenso entre as entidades representativas dos grevistas. A Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes) decidiu aceitar o acordo com o Ministério da Gestão, abrindo um racha entre as entidades.

O acordo foi assinado nessa segunda-feira. Segundo o ministério, as instituições que não assinaram o acordo “terão mais prazo para levarem novamente a proposta para suas bases e poderão assinar o acordo posteriormente”.

Em meio ao racha das entidades sindicais, Fernanda diz que a greve deve continuar pelos próximos dias na UFSCar. “O acordo é uma vergonha para o movimento sindical”, afirma ela.

Na Unifesp, a associação de docentes fará uma assembleia nesta terça-feira (28/5) para definir o futuro da paralisação.  A reitoria da instituição afirma que respeita o direito de greve de cada servidor e está em diálogo com o comando de greve de cada categoria “visando manter a realização das atividades essenciais e imprescindíveis dos setores que possuem servidores em greve, mitigando eventuais prejuízos”.

A Associação de Docentes da UFABC (ADUFABC) tem uma assembleia marcada para o dia 3 de junho. Ao Metrópoles, a presidente da entidade, Maria Carlotto, afirmou que a continuidade da greve depende do que for decidido na assembleia, mas que o retorno que teve dos docentes até o momento foi de “profunda indignação”.

“Não há razão para o governo não olhar nossa contraproposta e não responder pontualmente. Especialmente porque a Federação Proifes representa apenas seis sindicatos”, diz a professora. Ela afirma que o governo marcou uma nova reunião com os sindicatos para o dia 3 de junho.

Como a UFABC tem modelo quadrimestral e a greve dos professores e funcionários coincidiu com o recesso universitário, as aulas não foram impactadas pela paralisação.

Em nota, o Ministério da Educação afirmou que a pasta “estará sempre aberta ao diálogo, franco e respeitoso, pela valorização dos servidores”. O Ministério da Gestão não respondeu aos questionamentos do Metrópoles até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

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