Greve em SP: veja quais linhas do Metrô e da CPTM serão afetadas
Quatro linhas do Metrô e cinco da CPTM vão participar da greve marcada para esta terça-feira; paralisação deve causar caos no trânsito de SP
atualizado
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São Paulo – Uma assembleia marcada para a noite desta segunda-feira (2/10) vai definir a realização da greve conjunta convocada por funcionários do Metrô e da CPTM para esta terça-feira (3/10). O movimento é um protesto contra o plano de concessões e privatizações do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e deve provocar caos no trânsito da capital paulista.
Durante a última paralisação dos metroviários, no dia 23 de março deste ano, a capital registrou mais de 700 km de congestionamento.
A assembleia desta noite deve ser apenas simbólica e a expectativa dos sindicatos é que a greve seja confirmada. Funcionários da Sabesp, a companhia estadual de abastecimento de água e coleta de esgoto, aderiram ao movimento. A participação, contudo, deve se concentrar em áreas administrativas e não vai afetar o abastecimento de água em São Paulo.
Juntos, Metrô e CPTM transportam todos os dias cerca de 4,2 milhões de passageiros, considerando apenas as linhas administradas pelas duas estatais e que devem ter a operação afetada pela greve.
Linhas afetadas
De acordo com os organizadores, vão participar da paralisação as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata, que são do Metrô, e as linhas 7-Rubi, 10-Turquesa, 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade, da CPTM.
No metrô, as linhas 4-Amarela e 5-Lilás, operadas pela iniciativa privada, terão funcionamento normal. O mesmo vai ocorrer com as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, administradas pela concessionária ViaMobilidade.
Privatizações
A greve dos funcionários das duas categorias contra os projetos de privatização do governador Tarcísio de Freitas deve durar 24 horas.
No sábado (30/9), Tarcísio criticou a mobilização grevista. “Uma greve sem pauta, uma greve política”, disse. “Não estou fazendo nada de diferente do que eu ia fazer”, completou o governador, destacando que o plano de privatizações foi apresentado na campanha eleitoral de 2022.
O governo defende a desestatização argumentando que a mudança na administração trará vantagens para a população, com a melhoria dos serviços, antecipação de investimentos e até redução de tarifas.
Os trabalhadores, no entanto, discordam da posição e utilizam o exemplo das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda para se contrapor à ideia.
Desde que as duas linhas da CPTM foram concedidas para a ViaMobilidade, elas registraram um aumento significativo no número de falhas e viraram alvo de investigação do Ministério Público.
No caso da Sabesp, os funcionários afirmam que a empresa tem bons resultados — a empresa fechou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 743 milhões —, não onera o estado e tem planos de universalizar o saneamento em pouco tempo, o que, segundo eles, não justificaria uma privatização.
A paralisação nas atividades desta terça-feira é defendida pelo grupo de grevistas como uma maneira de pressionar o governo a recuar nos projetos de desestatização da administração das empresas.
Decisões judiciais
Na quinta-feira (28/9), a juíza Raquel Gabbai de Oliveira, do Tribunal do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), recusou a proposta de liberação das catracas nas estações de trem, feita pelo sindicato, e estabeleceu uma multa diária de R$ 500 mil em caso de descumprimento da decisão.
Além disso, a juíza determinou que a CPTM mantenha efetivo total dos trabalhadores nos horários de pico no dia 3 de outubro e 80% dos funcionários no restante do tempo.
Na sexta-feira (29/9), os grevistas tiveram outro revés. O TRT-2 concedeu liminar ao governo de São Paulo determinando que os metroviários mantenham 100% da operação nos horários de pico.
O desembargador Celso Ricardo Peel Furtado de Oliveira disse que a circulação da frota deve acontecer de forma integral das 6h às 9h e das 16h às 19h e com 80% nos demais períodos, sob pena de multa de R$ 500 mil.
Os sindicatos das três categorias afirmaram ao Metrópoles na última sexta-feira (29/9) que vão recorrer das decisões e que a greve está mantida.
“A greve é um direito assegurado na Constituição Federal”, afirmou Eluiz Alves, presidente do Sindicato dos Ferroviários de São Paulo.