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Governo Tarcísio determina que diretores de escolas façam relatórios sobre aulas

Decisão acontece na mesma semana em que governo determina fim de livros didáticos para anos finais do Fundamental e do Ensino Médio

atualizado

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Sérgio Andrade / Governo de SP
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1 de 1 imagem colorida mostra crianças e professora em sala de aula no estado de São Paulo - Metrópoles - Foto: Sérgio Andrade / Governo de SP

São Paulo – O governo de São Paulo publicou uma portaria que determina que diretores de escolas estaduais assistam as aulas de professores da rede e façam relatórios semanais sobre o que for observado. A portaria foi publicada no Diário Oficial no dia 28 de julho e já está em vigor.

O texto afirma que o objetivo da medida é “integrar a escola”, aprimorando as práticas de sala de aula e aproximando a gestão escolar.

Segundo a portaria, diretores e coordenadores de gestão pedagógica devem acompanhar “o maior número de professores possível” ao longo do bimestre e produzir relatórios no modelo determinado pela Secretaria da Educação.

Cada diretor deve assistir pelo menos duas aulas por semana e os relatórios serão enviados para a Diretoria de Ensino ao final do bimestre.

O documento orienta que sejam levadas em consideração a “prática didática”, a “qualidade da mobilização curricular”, as “estratégias de aprendizagem ativa” e o “engajamento dos estudantes”.

O Metrópoles conversou com a diretora de uma escola estadual da zona norte sobre a medida. No cargo há mais de 15 anos, a educadora afirma que é comum que diretores e coordenadores assistam algumas aulas para mediar conflitos, por exemplo. Ela questiona, no entanto, a exigência do envio de relatórios.

“Quando você faz uma portaria dizendo que você tem que produzir relatórios para o seu superior, que é a diretoria de ensino, o cunho muda completamente. Sai do cunho pedagógico para um cunho policialesco”, diz a diretora, que preferiu não ser identificada.

Ela afirma que a exigência demonstra uma intenção da secretaria de vigiar os profissionais e pressioná-los para seguir políticas equivocadas.

“Eu não vejo nada de bom vindo disso”, diz a diretora, que também questiona o tempo que será levado para a produção dos relatórios. “É mais uma coisa para alguém que já está sobrecarregado e isso não tem finalidade pedagógica”, afirma a educadora.

A portaria foi publicada na mesma semana em que o secretário Renato Feder optou por recusar os livros didáticos do Ministério da Educação (MEC) e anunciou que as escolas terão apenas conteúdo digital nos anos finais do ensino Fundamental e no Ensino Médio.

A decisão da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi questionada por alunos e educadores ouvidos pelo Metrópoles.

O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOSP) convocou uma manifestação para o dia 16 de agosto contra as duas medidas.

A entidade diz que a portaria “afronta a liberdade de ensinar e aprender, ao permitir que diretores e coordenadores possam fiscalizar as aulas dos professores”.

Sobre o corte dos livros didáticos, a APEOSP diz que a decisão não tem respaldo pedagógico e vai na contramão das tendências internacionais.

Em nota, a Secretaria da Educação diz que atua para “fortalecer o protagonismo e a autonomia do educador em sala de aula” e que a aplicação da portaria será realizada de acordo com a realidade de cada unidade.

Segundo a pasta, a medida visa assegurar o suporte aos professores com maior interação e apoio.

“Os gestores pedagógicos passam a ter a indicação da carga horária mínima direcionada para acompanhar e auxiliar os docentes com temas inerentes ao dia a dia das atividades escolares, ampliando o ambiente de escuta e avaliações de estratégias para tornar o processo de ensino-aprendizagem aos estudantes mais efetivo”, diz o texto.

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