Governo de SP aponta ocorrência de surto após contaminação no Guarujá
Secretaria da Saúde diz que há surto após contaminação no Guarujá e tenta identificar se é causado por vírus, bactéria ou outro organismo
atualizado
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São Paulo — A diretora da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar, da Secretaria Estadual da Saúde, Alessandra Lucchesi, afirmou neste domingo (5/1) que Guarujá, no litoral de São Paulo, vive um surto de gastroenterite, a contaminação que, popularmente, as pessoas têm chamado de virose, mas que não se sabe ainda se é provocada por vírus, bactéria ou outro organismo.
“A gente consegue visualizar no Guarujá, especificamente, a ocorrência de surto, porque nós recebemos informações a respeito de alguns aglomerados. Famílias inteiras ou até mesmo pessoas que dividiam a mesma estadia, no mesmo hotel. Isso já configura surto”, disse ao Metrópoles.
São monitorados mais de 250 patógenos, entre vírus, bactérias, parasitas ou toxinas com sintomas parecidos.
Segundo Alessandra, a secretaria ainda investiga a abrangência do surto e se ele atinge também cidades vizinhas, como Santos, São Vicente e a Praia Grande, onde há relatos de pessoas que buscaram serviços de saúde com os mesmos sintomas.
“O monitoramento das doenças diarreicas, a gente realiza semanalmente. Infelizmente, já é esperado para este início de ano que a gente tenha um aumento no número de casos. Para esses municípios, a gente ainda não tem condições de afirmar que estamos passando por um surto”, afirmou.
Segundo a porta-voz da Saúde estadual, não houve o fechamento da semana epidemiológica e, por isso, ainda é necessário aguardar a análise do número de casos e a investigação realizada pelos próprios municípios para determinar o que está acontecendo. “Somente ao longo desta semana que se inicia é que a gente vai conseguir mais informações a respeito dos demais municípios”, disse.
Causas
A especialista afirma que a Secretaria da Saúde trabalha com duas possíveis causas para o surto ocorrido no Guarujá — e que pode estar em curso também nas demais cidades. “A possibilidade de contaminação por alimentos. Porque a gente sabe que a população nesse período acaba não se atentando tanto a questões de higiene ou mesmo conservação dos próprios alimentos que produz”, disse.
A outra hipótese está relacionada à qualidade da água. “Seja a água do mar ou até mesmo a água para consumo humano”, diz. “Às vezes, as pessoas recorrem a outras fontes ou não se preocupam tanto com a qualidade do gelo, do sorvete, que consumiram ao longo desse período de estadia nas praias. Isso também ainda está sob investigação”, afirmou.
Riscos
Alessandra diz que há um desconforto para a população em geral por causa dos sintomas associados à diarreia, vômito e dor abdominal. A preocupação maior está em relação a crianças e idosos, que podem ver o quadro se agravar por causa da desidratação. “Por isso, a gente reforça tanto, apesar de a maioria serem casos leves que se resolvem entre três e cinco dias, mas é necessário que seja feita uma reposição hídrica satisfatória”, disse.
A porta-voz afirmou que outra preocupação diz respeito aos casos que podem se agravar e levar a uma internação para a utilização de medicamentos e contenção dos sintomas.
Entre as diversas recomendações já divulgadas pela secretaria, Alessandra exemplificou os cuidados que se deve ter em relação a alimentos levados à praia, com atenção especial em relação à refrigeração. “Aquele morninho que fica nem tão quente, nem tão frio, infelizmente, é o ambiente propício para a proliferação de alguns patógenos”, disse. Alimentos crus e pouco cozidos também podem favorecer a contaminação.
“Infelizmente, quando fazemos essas investigações, as pessoas têm dificuldade de lembrar onde, o que, quando e como consumiu o alimento”, afirmou.
Segundo a especialista, entre o contato com o patógeno, o surgimento dos sintomas pode ser questão de minutos ou de dias. “É uma média de até quatro dias para manifestar os sintomas, mas, normalmente, as pessoas começam a sentir poucos minutos ou horas depois”, disse.
Veja as recomendações da Secretaria Estadual da Saúde
- Evite alimentos mal cozidos
- Mantenha alimentos bem refrigerados, com atenção especial às temperaturas dos refrigeradores e geladeiras dos supermercados, onde ficam acondicionados
- Leve seus próprios lanches em passeios ao ar livre
- Observe a higiene de lanchonetes e quiosques
- Lave as mãos antes de se alimentar
- Tenha atenção redobrada com comidas em self-services
- Beba sempre água filtrada
- Não consuma gelo, “raspadinhas”, “sacolés”, sucos e água mineral de procedência desconhecida