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Jurado de morte, Gordo do PCC pediu socorro a “herdeiro” de Marcola

Preso há 22 anos, Gordo é membro do alto escalão do PCC e usou cartas para se comunicar com criminosos fora da cadeia

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1 de 1 Imagem preto e branca de três homens, com fundo preto - Metrópoles - Foto: Arte/Metrópoles

São Paulo O ano de 2002 foi marcante para Anderson Manzino, o Gordo, porque ele foi trancafiado no sistema carcerário de São Paulo e também, na ocasião, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, ascendeu ao posto de líder máximo do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Gordo é apontado pela Polícia Civil paulista como o braço direito de Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, que ao lado de Marcola e outros integrantes da cúpula da facção profissionalizou o tráfico de drogas, transformando o PCC na maior organização criminosa ao país, com ramificações em mais de 20 países.

Preso por roubo a banco, homicídio e extorsão mediante sequestro, Gordo manteve seus negócios criminosos, mesmo atrás das grades, por meio de cartas, vazadas para fora da cadeia, fazendo fortuna e movimentando bilhões.

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Por meio dos manuscritos, ele também começou a acionar membros da cúpula, para garantir a própria vida, logo após ocorrer um racha histórico entre Marcola com os criminosos que fundaram a dinâmica empresarial do crime. Entre os agora rivais do líder máximo está Andinho, padrinho no crime de Gordo.

“Herdeiro” de Marcola

Um dos destinatários de Gordo, como mostram mensagens escritas pela esposa dele, Fabiana Lopes Manzini, seria Décio Gouveia Luís, o Português. A mulher foi presa por tráfico de drogas, em setembro do ano passado. Ela testava com dois celulares, nos quais a Polícia Civil descobriu a correspondência entre as lideranças da facção.

Segundo investigação da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, Português seria o “sucessor de Marcola” na liderança da organização criminosa.

Detido em 2019 em uma casa de luxo em Arraial do Cabo (RJ), Português foi solto da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, em agosto do ano passado, após sua prisão ser relaxada pelo ministro Ribeiro Dantas, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Autor de roubos milionários na década de 1990, atualmente ele está foragido e foi alvo de denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP) pelo esquema de lavagem de R$ 20,9 milhões do PCC na empresa UpBus, que opera linhas de ônibus na zona leste da capital paulista.

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Mulher de chefão do PCC conversa com locatário de boca de fumo do casal
Criminoso enviou tabela de gastos de boca de fumo, via mensagem
Anderson Manzini, o Gordo do PCC
Fabiana Manzini, mulher de Gordo e presa por tráfico
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Décio Português, apontado como suposto substituto de Marcola

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Anderson Manzini, o Gordo do PCC

Gordo e Fabiana PCC
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Fabiana Manzini, mulher de Gordo e presa por tráfico

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Número 1 nas ruas

O outro chefão para o qual Gordo enviou pedidos de clemência foi Patric Velinton Salomão, o Forjado, apontado pelo MPSP como o número 1 da facção nas ruas.

Ele também é investigado por planejar atentados para sequestrar e matar o senador Sérgio Moro e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que investiga o PCC há 20 anos.

“Não vou escrever para falar tudo que andei passando […] tenho certeza que em hipótese alguma nunca vocês terão decepção vinda de mim, seja em qualquer área […]. Minha lealdade, honestidade e honra é o que me mantém e é o que vou lutar para manter, enquanto eu for vivo”, diz trecho de uma das cartas de Gordo para Forjado, obtidas pela reportagem.

Em outra carta, Gordo se dirige a Francisco Antônio Cesário da Silva, o Piauí, um dos líderes do PCC na favela da Paraisópolis, zona sul paulistana.

“Não sei se foi passado lá na P2 [Presidente Venceslau ] algum comunicado que eu não tenho ideia nenhuma pendente com o comando [PCC] ou com o crime […] quero pedir [ajuda] para vocês, meus parceiros, pois independente de qualquer turbulência que passei, eu continuo sendo a mesma pessoa e foi por isso que peço para o pessoal tentar te explicar e dizer que eu jamais serei motivo de decepção para meus amigos, parceiros e para o comando”.

Nos manuscritos, ele também propõe parcerias comerciais aos dois chefões, por meio da apresentação de um primo de sangue.

“Banco digital do crime”

O tal primo é João Gabriel Yamawaki, preso no último dia 6 de agosto durante uma operação deflagrada pela Polícia Civil. Ele, conforme afirmado ao Metrópoles pelo delegado Fabrício Intelizano, titular da Dise, é um dos donos de um “banco digital do crime”.

A instituição financeira, com outras 19 empresas, teria movimentando R$ 8 bilhões. Parte do montante bilionário também foi movimentado por membros da facção criminosa com o intuito de bancar políticos e suas campanhas para as eleições municipais deste ano.

O racha

Algumas decisões e atitudes de Marcola desagradaram seus antigos aliados, provocando uma guerra interna entre os chefões da cúpula, a quarta em 30 anos de existência do PCC, e a primeira que ameaça o posto do ainda líder máximo.

Ele, para se resguardar, então decretou a morte de Andinho, Roberto Soriano, o Tiriça, e Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka — que cumprem pena em presídios federais.

Com o risco de ser morto por ser apadrinhado por Andinho, segundo a Polícia Civil, Gordo então foi transferido do Presídio 2 de Presidente Venceslau, dominado por aliados de Marcola, para a Penitenciária de Avaré, também no interior de São Paulo. Ambas as unidades são administradas pela Secretaria da Administração Penitenciária paulista.

De lá, ele escreveu cartas, vazadas para fora da cadeia e, posteriormente, fotografadas e compartilhadas por sua esposa, Fabiana Lopes Manzini, para poderosas lideranças da facção e, também, para parceiros na venda de drogas e lavagem de dinheiro.

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