Clima de férias favorece golpes financeiros. Saiba como se prevenir
Cerca de 30% dos paulistas perderam dinheiro com golpes em 2024. Viagens de férias e compras on-line deixam consumidor mais suscetível
atualizado
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São Paulo — Um estudo divulgado pelo DataSenado, em outubro deste ano, revelou que três a cada 10 paulistas perderam algum dinheiro ao cair em golpes financeiros digitais em 2024. O número é o maior entre todos os estados da federação e superou a média brasileira de 24%.
A tendência é a de que neste final de 2024 o número de golpes aumente, afirmou o advogado criminalista Wellington Arruda. Em entrevista ao Metrópoles, ele contou que no mês de dezembro, especialmente com o pagamento do décimo terceiro, a quantidade de dinheiro circulando é maior e, com isso, as compras também aumentam, principalmente aquelas feitas on-line.
É nessa área que grupos criminosos costumam atuar com falsos sites de compras, ou até mesmo com endereços virtuais clonados. Arruda ainda explica que, por conta do clima de férias, muitas pessoas deixam de prestar atenção no momento da aquisição de um produto e, por isso, acabam caindo na ação dos criminosos.
Golpe da CNH
Não são só sites de compras que as quadrilhas costumam clonar. Em 2024, a Polícia Civil de São Paulo, juntamente com a Justiça, bloqueou 678 contas bancárias ligadas ao golpe da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Criminosos enviavam mensagens falsas informando vítimas aleatórias sobre uma suspensão ou cassação da CNH.
Os recados induziam as pessoas a clicarem em um link que as direcionavam para um site que imitava o portal oficial do Detran, ou o sistema do governo federal.
Nesses falsos sites, as vítimas compartilhavam os dados pessoais como CPF, CNH e informações bancárias. Esses elementos que eram usados pelos criminosos para emitir boletos e cobranças via Pix. Com o pagamento feito, os valores eram repassados para contas cadastradas em nome de empresas fantasmas envolvidas no golpe.
Falsos Correios
Outra ação criminosa comum é a dos falsos Correios. Em julho deste ano, a empresa divulgou uma nota de alerta sobre a fraude que cobrava do cliente uma taxa alfandegária que não existia.
As quadrilhas atuavam de maneira semelhante à do golpe da CNH e enviavam mensagens de texto por SMS, e-mail ou WhatsApp, informando sobre uma suposta atualização de um pacote taxado e que aguardava um pagamento para retirada.
Nesses recados também havia um link que se assemelhava ao dos Correios.
À época, a empresa pública divulgou nota com o pedido para que os usuários não paguem nada indevido: “Para não cair em golpes, o ideal é que os clientes baixem o app dos Correios para acompanhar suas entregas. No aplicativo é possível rastrear encomendas e pagar tributos de importação, entre outros serviços”, diz o alerta.
O advogado Wellington Arruda afirma que as prática das quadrilhas podem se intensificar no final do ano, visto que muitas famílias estão se preocupando com viagens e com as compras que fizeram via internet. Por isso, afirma ele, é sempre importante que o cidadão preste atenção se o site é o oficial e se tem o selo de segurança, demonstrado por meio de um cadeado presente na parte referente à URL do site.
Na dúvida, ligue para o telefone de contato oficial da empresa ou departamento.
O advogado também dá algumas dicas para evitar golpes presenciais como clonagem de cartão e o golpe do Pix: “o primeiro cuidado é identificar no QR Code o banco e o nome do titular para quem você está fazendo a transferência”, explica.
Depois disso, Arruda recomenda que a pessoa sempre ative as notificações do aplicativo do banco para acompanhar as movimentações financeiras.
No início de dezembro, o governo de São Paulo suspendeu as inscrições estaduais de 2.128 empresas identificadas como parte de esquemas fraudulentos envolvendo golpes do Pix.
A operação, batizada como De Olho no Pix, revelou que as empresas foram criadas com nomes similares aos de órgãos públicos e redes de varejo para enganar consumidores e aplicar fraudes financeiras, incluindo golpes relacionados ao pagamento do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Entre os nomes detectados na investigação estavam “Receita Federal do Brasil”, “Unesco Doação Ltda.” (usada na semana da campanha Criança Esperança), “Detran Estadual Ltda.”, “Magalu Financeiro Ltda.”, “Pagamentos Dasmei Simples Ltda.”, “Setor de Pagamentos Ltda.”, e “Pagamentos Ambev Distribuidora Ltda.”.
Por fim, para não cair no golpe do cartão clonado, Arruda recomenda que as pessoas evitem usar cartões de crédito em máquinas que apresentem algum defeito físico como uma tela quebrada, um fita isolante ou algum botão com problema.