“Golpe? Vim trabalhar!” Camelôs relatam desconfiança de foliões de SP
Com golpes nas máquinas de cartões de crédito, vendedores ambulantes têm de lidar com a desconfiança de foliões no Carnaval de SP
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – Com todo tipo de histórias sobre golpes aplicados por supostos ambulantes nas máquinas de cartões de débito e crédito pipocando por aí, quem acordou cedo neste sábado (11/2) para ganhar algum dinheiro vendendo bebidas no pré-Carnaval de São Paulo teve de lidar com a desconfiança dos foliões na hora do pagamento.
“Eu já falo para todo mundo ficar esperto, para olhar o valor, prestar atenção quando o vendedor fala que está sem sinal. Aqui, não tem disso não!”, conta Cristiano dos Santos, de 45 anos, que abre o sorriso ao dizer que já trabalhou em “todos” os Carnavais de rua da capital paulista, sem saber dizer quantos.
Cristiano mora em Guaianases, na zona leste da cidade. Neste sábado, acordou às 6h, tomou banho, pegou todas as latinhas de cerveja e sacos de gelo que já havia estocado e os colocou em uma caixa de isopor de cerca de 1 metro quadrado. O “pesado”, como chamam, foi depois acomodado em seu carro.
Com sua mulher, ele dirigiu até Pinheiros, onde deixou o carro em estacionamento (R$ 50 a diária) e se instalou logo após o ponto de revista pessoal organizado pela prefeitura para o bloco Casa Comigo – ponto estratégico para quem sabe que, ao chegar na festa, o folião logo pensa em beber alguma coisa para se animar para a folia.
Confira a programação dos blocos de Carnaval em São Paulo
Os clientes, entretanto, já têm mudado de hábitos por causa dos relatos de golpes nas maquininhas. “Já tem muita gente que prefere pagar com Pix. A maioria. A gente ia até imprimir o QR Code e deixar aqui, mas não deu tempo. Então, mostramos o código pelo celular”, conta a secretária Ana Paula Alonso, de 39 anos, que neste ano resolveu tentar uma renda extra como ambulante. “Com o Pix também é melhor porque não pago a taxa (que há nas maquininhas)”, completa.
Fantasiada para a festa, Ana foi até a Rua Henrique Schaumann, em Pinheiros, com a filha de 23 anos, o marido e o genro. Todos têm empregos fixos e estavam ali para tentar um ganho extra. A família estava com duas caixas de isopor se alternado entre dançar com os foliões, fazer foto de si próprios no trabalho diferente e se proteger da chuva.
“Até que está saindo bem (a bebida). A gente não esperava a chuva. Mas vai dar para faturar e aproveitar um pouco”, conta.