Gestão Nunes e esquerda serão alvos de CPIs na Câmara de SP em 2025
Com 20 novos vereadores eleitos, legislatura promete CPIs com embates ideológicos e jogo duro com gestão Nunes
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo — O ano de 2025 na Câmara de Vereadores de São Paulo deve ser movimentado com Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) mirando gargalos do primeiro mandato do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e pautas ligadas à esquerda.
A crise envolvendo a Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia na capital, deve continuar reverberando na Casa, que encerrou na última semana a CPI da Fiação Elétrica.
O vereador Sansão Pereira, líder do Republicanos na Câmara, afirmou que a bancada vai buscar assinaturas para uma nova CPI, desta vez com foco mais abrangente sobre os serviços de telecomunicações.
“Detectamos várias irregularidades. Em um poste com 30 fios, teriam que ser 5 ou 6. Não há um controle. Fala-se muito das emergências climáticas, mas a verdade é que, se houvesse uma manutenção e conservação, evidentemente diminuiriam bastante os acontecimentos que trouxeram prejuízos para a cidade de São Paulo. Então vamos retornar fazendo uma CPI das empresas de telecomunicação. Vamos vasculhar a auditoria que pedimos e cobrar as responsabilidades”, afirmou ao Metrópoles o vereador.
Outro gargalo da gestão Ricardo Nunes que pode ser alvo de CPI no próximo ano é o serviço funerário da cidade, que passou a sofrer críticas devido ao aumento nas taxas de sepultamento e falta de qualidade após a concessão do serviço.
“Eu tenho as assinaturas, inclusive de vereadores da base, só que a presidência bloqueou e não deixou a gente implantar. Mas a partir de janeiro vamos voltar com ela . Depois da privatização, aumentaram de sobremaneira as taxas de sepultamento, dificultando a vida das pessoas em um momento muito difícil. As empresas precisam passar por um pente-fino”, afirmou o líder do PSol na Câmara, Celso Giannazi.
O vereador Rubinho Nunes (União Brasil), antigo aliado de Nunes que acabou rompendo com o prefeito após apoiar Pablo Marçal (PRTB) na campanha, também afirmou que pretende encampar uma CPI sobre o serviço funerário. Na última legislatura, o ex-MBL causou polêmica ao propor uma CPI para investigar o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua da Igreja Católica.
O PSol e o PT ainda tentarão emplacar Comissões Parlamentares de Inquérito sobre as obras da prefeitura durante o primeiro mandato de Nunes. Enquanto o PSol estuda colher assinaturas de uma CPI para investigar supostas obras milionárias feitas em escolas, a bancada do PT pretende mirar nas obras emergenciais.
Outros temas que a bancada do PT tem como possíveis objetos de CPI são os contratos das empresas de ônibus, algumas delas já investigadas por envolvimento com o crime organizado, além das obras da prefeitura no Rio Tietê.
CPIs das ONGs e ocupações
A nova bancada eleita de direita, que se diz independente, com nomes como Lucas Pavanato (PL) e sargento Nantes (PP), deve usar as CPIs para travar uma disputa ideológica com a esquerda.
Pavanato, candidato mais bem votado à Câmara de Vereadores, afirmou ao Metrópoles que pretende buscar assinaturas para duas CPIs: uma para investigar ONGs que supostamente recebem dinheiro público para atuar com dependentes químicos e outra sobre ocupações lideradas por movimentos de moradia — que ele classifica como invasões.
“Eu e a bancada vamos tentar emplacar a CPI das ONGs, para investigar as ONGs que recebem verba pública para tratar da dependência química. Elas não resolvem o problema e não são transparentes em relação aos recursos que recebem, então quero investigar isso”, afirma.
Em relação às ocupações, historicamente ligadas a movimentos sociais como o MTST de Guilherme Boulos (PSol), Pavanato afirma querer investigar supostas irregularidades, como cobranças de aluguel e de energia clandestina, conhecida como “gato”.
“Tenho denúncias de gente que paga aluguel para viver dentro de invasão e paga energia irregular, a própria invasão é irregular, Quero saber quem está por trás disso”, diz o vereador eleito.