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Futebol pelado e “bate bolo”: o que rola nos jogos de medicina

Estudantes de medicina dizem que “volta olímpica” com pênis de fora, que viralizou no fim de semana, é cena comum em jogos universitários

atualizado

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foto colorida mostra estudantes de Medicina da Unisa abaixando as calças durante jogo de vôlei feminina - Metrópoles
1 de 1 foto colorida mostra estudantes de Medicina da Unisa abaixando as calças durante jogo de vôlei feminina - Metrópoles - Foto: Reprodução/Redes Sociais

São Paulo – Estudantes de medicina de diferentes faculdades do estado de São Paulo afirmam que o vídeo em que alunos da Universidade Santo Amaro (Unisa) aparecem dando uma “volta olímpica” com o pênis de fora em um ginásio em São Carlos mostra uma cena “comum” em jogos universitários. O episódio, que ocorreu entre abril e maio, durante o torneio universitário Copa Calo, viralizou no último fim de semana e provocou revolta nas redes.

Ao Metrópoles estudantes dizem que a prática é uma “tradição” e que ninguém é obrigado a aderir. Os jogos universitários de medicina ocorrem em feriados emendados e reúnem alunos de diferentes instituições de ensino. Nesses eventos, o consumo de drogas acontece de forma aberta.

Durante o torneio Intermed, realizado no feriado de 7 de setembro, estudantes da Faculdade de Medicina Santa Casa têm a tradição de organizar um futebol sem roupas. Vinte e dois homens são selecionados para participar da partida, que acontece durante a festa “Santa Quebradeira”, que tem o objetivo de promover a integração entre os alunos.

“É engraçado, todo mundo sabe que é uma brincadeira. Participa quem quer. Aquilo ali acontece em um lugar fechado. Não tem punheta, não tem nada disso”, diz uma estudante de medicina que já assistiu a uma dessas partidas e preferiu não se identificar.

“Ninguém fica filmando esse tipo de coisa. É um momento nosso ali”, completa.

Estudantes tiram roupa

Na Universidade Nove de Julho, estudantes relatam que, durante o torneio Calo Mesp, havia a tradição de pedir para que os calouros ficassem reunidos em uma quadra e se despissem jogando as peças de roupa na mulher em que eles tivessem interesse.

“Na minha faculdade, antigamente, tinha o trote da Calo Mesp, que é o mesmo campeonato em que aconteceu o incidente da Unisa. Os bichos tinham que ficar na quadra, tirando uma peça de roupa de cada vez e jogando a peça de roupa na menina que eles tinham vontade de pegar. Aí, ia tirando peça de roupa até ficar completamente pelado na quadra. Isso mudou um pouco. Hoje não tem que ficar pelado”, afirma uma aluna da Uninove, que pediu para não ser identificada.

Segundo ela, para as calouras, a tradição é jogar farinha e ovo nos seios. A prática é conhecida como “bater bolo”.

“Tem o negócio de ‘bater bolo’. Os veteranos jogam ovo e farinha no peito das meninas e elas têm que ficar batendo o peito uma com a outra, que eles chamam de ‘bater bolo’. Tive que fazer também”, diz ela.

Unisa

Alunos da Universidade Santo Amaro, adeptos das tradições da atlética da faculdade, afirmam ao Metrópoles que correr pelado no ginásio, em uma espécie de “volta olímpica”, é uma prática realizada em toda abertura de jogos universitários.

A tradição também envolve correr pelado por entre estudantes de outras faculdades. Os alunos recebem tapas e socos enquanto passam por um “corredor polonês”.

“A gente, da Santo Amaro, tem a tradição de os bichos correrem pelados entre todas as torcidas nas aberturas dos jogos. Mas sem esfregar nada em ninguém e em momento nenhum tocar punheta. Isso é comum nas faculdades. Não é santoamarense todo pau que aparece por aí”, diz uma estudante.

Um outro aluno da universidade, que participou de uma dessas tradições, afirma que “foi bom” para “perder a vergonha”.

“Na minha época, foi na praia. Então era mais várzea. Foi no meio das outras faculdades, sem encostar em ninguém, claro. Fazem um corredor, dão uns tapas na gente e é isso. Participa quem quer, ninguém é obrigado.”

“Por um lado, é até bom, você perde a vergonha, fica mais de boa. Também tem todo o contexto da medicina. A minha faculdade é antiga. Lá tem cadáver, tem tudo. Então você está acostumado a ver pênis. Deixa a ser um negócio problemático. Perde esse viés sexual.”

Bichos obedeceram veteranos

Estudantes da Universidade Santo Amaro que estavam presentes no Ginásio Milton Olaio, em São Carlos, quando colegas mostraram o pênis durante jogo feminino de vôlei, em abril deste ano, dizem que essa teria sido uma resposta a uma provocação da torcida adversária, a Atlética Medicina São Camilo.

Segundo eles, os alunos que mostraram o pênis eram calouros, que teriam tomado a decisão obedecendo seus veteranos.

“A torcida adversária estava provocando. Daí, os caras do sexto ano, que são uns babacas, mandaram os bichos mostrarem o pau, eles são uns coitados”, diz uma aluna.

A Universidade Santo Amaro expulsou sete alunos envolvidos no episódio. A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o caso.

Hinos

As atléticas de faculdades de medicina também têm por tradição cantar hinos com letras de teor sexual. As músicas são cantadas pelos estudantes durante partidas em torneios universitários e eventos festivos.

No caso da Unisa, o hino fala em colocar “dedo na vagina” e “entrar mordendo”.

“Xá! Vasca!
Xavasqui! Xavascá! Xavasqui e acolá!
Enfia o dedo nela que ela vai arreganhar!
O quê? Arre-ga-nhar!
Na rima do pudendo [vagina]
Eu entrei mordendo!
É a Med Santo Amaro que está te fodendo!
Medicina! Santo Amaro! Ôoo!”, diz a letra do hino da atlética da Unisa.

No caso da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), por exemplo, o hino fala em “clitóris excitados” e “hímens estourados”.

“Clitóris excitados,
Hímens estourados.
Se eu pedir, você me dá.
No seu cu eu vou gozar.
Medicina Unimes Santos Há”, diz a letra.

O hino da atlética de medicina da Universidade de Araraquara fala em “meter a vara” em calouras.

“Uniara!
Ei bixete vem fazer boquete,
Ei caloura vem chupar minha rola,
Buceta xoxota eu vou meter a vara,
Medicina Uniara Araraquara”, diz a letra.

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