Furto de armas: cabo suspeito usa laudo para adiar volta ao trabalho
Militar teria usado carro oficial para retirar metralhadoras de quartel; ele entregou atestado para se ausentar do trabalho por uma semana
atualizado
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São Paulo — Um dos militares investigados por suspeita de envolvimento no furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri, na região metropolitana, apresentou um laudo psiquiátrico para se ausentar do trabalho nessa sexta-feira (27/10).
O suspeito é o cabo do Exército apontado pelas investigações como o homem que usou um carro oficial do então diretor do Arsenal de Guerra para retirar do local as 21 armas.
O cabo teria faltado ao trabalho na quinta-feira (26/10) e, na sexta-feira (27/10), se apresentou com sua advogada e entregou um laudo psiquiátrico atestando que ele não tinha condições de trabalhar. A informação, do portal G1, foi confirmada neste sábado (28/10) pelo Metrópoles.
“O militar compareceu ontem (27) no quartel, na presença de sua advogada, apresentando um atestado de psiquiatria. O período inicial é de uma semana, podendo ser prorrogado pelos médicos”, informou o Comando Militar do Sudeste.
O número de militares punidos com prisão displinar por envolvimento no escândalo do armamento de guerra furtado subiu para 19 nessa sexta-feira.
Além deles, seis militares suspeitos de participação direta no furto do armamento tiveram a prisão preventiva solicitada pelo Comando Militar do Sudeste. Até o momento, 17 metralhadoras foram recuperadas – oito no Rio de Janeiro e nove no interior de São Paulo.
Os seis militares investigados criminalmente já tiveram seus sigilos bancário, telefônico e telemático quebrados pela Justiça Militar e podem pegar até 27 anos de prisão, segundo especialistas. Eles ficaram aquartelados com os demais integrantes do Arsenal de Guerra desde a descoberta do furto das armas, em 10 de outubro, mas foram liberados no início da semana com os demais militares.
Já os 19 militares que foram presos administrativamente não tiveram participação direta no crime, mas foram punidos disciplinarmente por “falha de conduta” ou “erro de procedimento” no controle e na fiscalização do armamento, o que teria facilitado o furto das metralhadoras. Eles ficarão presos no quartel de 1 a 20 dias.
Como foi o furto
O furto das 13 metralhadoras calibre .50, que podem derrubar aeronaves, e de oito calibre 7,62, que perfuram veículos blindados, só veio à tona após reportagem do Metrópoles. A ação criminosa teria ocorrido entre os dias 5 e 8 de setembro e só foi descoberta no último dia 10/10, durante inspeção no quartel.
A principal linha de investigação aponta que o cabo que apresentou o laudo psiquiátrico nessa sexta-feita tenha tirado o armamento do quartel.
Ele era motorista do tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista, ex-diretor do Arsenal de Guerra, e teria usado o carro oficial para levar as metralhadoras para fora do quartel, onde seriam negociadas com facções criminosas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Batista, que não é formalmente investigado, foi exonerado do cargo e será transferido de unidade.
Segundo a Polícia Civil, as armas furtadas seriam vendidas para o Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo e para o Comando Vermelho (CV), no Rio, mas as duas facções teriam recusado o armamento por falta de peças e por causa do estado de conservação das metralhadoras.
Das 17 armas recuperadas pela polícia, oito estavam na Gardênia Azul, comunidade na zona oeste do Rio de Janeiro, e nove enterradas na lama em uma região isolada de São Roque, cidade do interior paulista. Ninguém de fora do quartel foi preso até o momento. As polícias Civil e Militar ainda buscam as quatro armas restantes.