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Funk, drogas e sexo na rua: pancadão de 10h inferniza zona sul de SP

Moradores do Jardim Miriam, zona sul de SP, ficam impedidos de sair de casa em dia de pancadão na rua, marcado por multidão, barulho e droga

atualizado

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Imagem colorida mostra aglomeração de pessoas em rua durante baile funk - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra aglomeração de pessoas em rua durante baile funk - Metrópoles - Foto: Reprodução/Instagram

São Paulo — Batida de funk no último volume do “paredão”, como são chamadas as potentes caixas de som, consumo deliberado dos mais variados tipos de drogas e sexo ao ar livre em meio a uma multidão de jovens que tomam a rua no fim da tarde e só vão embora de madrugada.

Esse é o retrato de um pancadão que dura pelo menos dez horas e há um ano inferniza a vida dos moradores da Rua Maria Luíza do Espírito Santo, no Jardim Miriam, zona sul paulistana, nos fins de semana.

Moradores ouvidos pelo Metrópoles, sob condição de anonimato, por temerem represálias dos organizadores e frequentadores dos bailes funk, contam que a rua fica totalmente bloqueada durante a balada clandestina, o que os impedem de sair ou chegar em casa.

Somente no ano passado, a Polícia Militar (PM) registrou 32 reclamações contra o pancadão na rua do Jardim Miriam, um aumento de 540% em relação às queixas feitas em 2022 pelos moradores da mesma localidade.

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Cartaz de baile orienta para "não urinar" em frente às casas
Bailes são ilegais e concentram milhares de pessoas
Pancadões duram por pelo menos 10 horas
Barulho, drogas e sexo infernizam moradores
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Milhares se aglomeram em rua do zona sul

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Cartaz de baile orienta para "não urinar" em frente às casas

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Bailes são ilegais e concentram milhares de pessoas

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Pancadões duram por pelo menos 10 horas

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Barulho, drogas e sexo infernizam moradores

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Há mais de 30 anos na região, uma moradora afirmou que sua rotina foi brutalmente alterada desde o início dos bailes funk, promovidos por uma “adega” na qual são comercializadas bebidas alcoólicas.

Vídeos enviados à reportagem (assista abaixo) mostram a rua tomada por milhares de jovens, fumando, bebendo e ouvindo funk em altíssimo volume. A concentração de pessoas é tamanha que a via fica intransitável.

“Não durmo, não consigo falar no telefone, assistir televisão. Fico dentro de casa sufocada. É uma multidão gigantesca. É gente usando droga, mijando no portão, fazendo sexo, barulho insuportável”, relata uma das moradoras ouvidas pela reportagem.

 

“Situação apavorante”

Outra moradora da região afirmou que seu neto, que é uma criança e costuma passar os fins de semana com ela, fica “apavorado” e chora diante do barulho constante do pancadão na porta de casa.

“Nossa situação é apavorante, porque a gente não sabe como agir. Estamos presos dentro de casa. Se precisar ir ao hospital, não consigo sair de minha própria casa, porque o portão é tomado por uma multidão gigantesca. Eles brigam com a gente. A gente é que é problema para eles, não o contrário”.

A mulher acrescenta que corre o risco de não conseguir voltar para casa quando sai antes do início de um pancadão no fim de semana, porque a multidão bloqueia a rua. “Eles não deixam carros passarem, é um desespero”.

O único veículo permitido nos bailes são os carros equipados com o “paredão”, como são chamadas as potentes caixas de som que tocam funk no último volume.

Para o desespero dos moradores, um desses carros, o “Celta dos Fluxos”, está confirmado para o baile deste domingo (25/2), como consta no cartaz de divulgação do Baile do Sulma (veja galeria acima).

O início do evento clandestino está previsto para as 16h. Pelo padrão das festas, o pancadão deve se estender ao menos até as 2h de segunda-feira (26/2), atormentando a sono de quem acorda cedo para trabalhar.

O problema não se restringe somente à zona sul da capital paulista. A reportagem apurou que outros pancadões são organizados em todas as regiões da cidade, com dimensões ainda maiores do que as do Jardim Miriam, gerando o mesmo tipo de transtorno.

Lança-perfume e maconha

Um vídeo compartilhado no perfil do Baile da Esperanti (veja abaixo), organizado na zona leste paulistana, mostra um homem representando diferentes perfis de frequentadores dos pancadões. Ele imita quem vai ao baile para fumar maconha, usar lança-perfume, fazer passinhos de dança ou apenas brigar.

 

O que dizem as autoridades

Procurada pelo Metrópoles, a Polícia Militar afirma que tem realizado “diversas operações” nas imediações do Jardim Miriam nos últimos dois anos, com reforço do policiamento, pontos de estacionamento e ocupações antecipadas, “objetivando, principalmente, o impedimento de instalação de ‘pancadões'”.

Já a Prefeitura de São Paulo afirma que constatou, durante fiscalização feita no ano passado, que o nível de ruído emitido no Jardim Miriam “excedia os limites permitidos”, e que formalizou um “termo de orientação” na ocasião.

“Em fevereiro deste ano, uma nova tentativa de vistoria foi realizada, mas foi inviabilizada pela Polícia Militar, devido ao risco à segurança da equipe”, afirma trecho da nota.

Denúncias sobre pancadões ou outras atividades que provoquem perturbação do sossego podem ser feitas por meio dos telefones 156, da Prefeitura, e 190, da PM.

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