“Fui muito feliz com você”, disse vítima do helicóptero a namorada
Após declaração, namorada questionou o uso do verbo “fui”, perguntando se ele iria morrer ou terminar; “Só um jeito de falar”, disse o homem
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – O empresário Raphael Torres, de 41 anos, uma das vítimas do acidente com o helicóptero encontrado nesta sexta-feira (12/1) em Paraibuna, no interior de São Paulo, mandou uma última mensagem de voz para a namorada no dia 31 de dezembro, pouco antes da tragédia.
No áudio, Raphael desejou um feliz Ano Novo para Elisângela Gritte e se declarou: “Você é uma pessoa muito especial para mim, eu fui muito feliz com você”.
Elisângela disse ao portal g1 que começou a namorar Raphael seis meses antes do acidente. Segundo ela, a viagem para Ilhabela seria uma surpresa, mas a namorada decidiu passar o último dia do ano com as netas, visitando o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, no interior paulista.
Ao receber o áudio do empresário, Elisângela diz que o questionou sobre o uso do verbo “fui”, e perguntou se ele iria morrer ou se estava terminando com ela. Raphael, então, teria respondido que aquilo era só um jeito de falar.
O acidente
O helicóptero modelo Robinson 44 foi encontrado nesta sexta-feira (12/1) após 12 dias de buscas. O aparelho desapareceu na Serra do Mar, no dia 31 de dezembro. Quatro pessoas morreram no acidente: o piloto Cassiano Teodoro, 44 anos, e os três passageiros: Raphael Torres, 41; Luciana Rodzewics, 45; e Letícia Ayumi, 20.
A aeronave partiu do Campo de Marte, na capital paulista, em direção a Ilhabela, no litoral norte, na véspera do Ano-Novo. O último registro no radar havia sido por volta de 15h20 do dia 31 de dezembro. Pouco antes de a aeronave desaparecer, Letícia enviou mensagens ao namorado avisando sobre as más condições climáticas. Ela gravou um vídeo em que o helicóptero aparece totalmente coberto por neblina, sem visibilidade.
A análise dos celulares havia sido feita pela equipe de aviação da Polícia Civil ao longo dessa quinta-feira (11/1). Segundo o delegado Paulo Sérgio Reis Mello, diretor do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), apenas com tempo favorável, o que ocorreu na quinta, esse trabalho foi possível.
“Para fazer uma triangulação e encontrar o local dos celulares, é preciso três antenas [de telefonia móvel]. Lá, tinha só uma, e virada para outro lado”, disse o delegado.
Por isso, os policiais precisavam fazer voos na região para identificar as localizações prováveis dos celulares. Eles traçaram um cone, a partir da Rodovia dos Tamoios, na altura do km 54, que seguia por um raio de 12 quilômetros em cada um dos lados.
Esse direcionamento foi repassado para o Comando da Aviação da Polícia Militar (PM) na tarde de quinta-feira, e as equipes planejaram uma busca mais minuciosa a partir da manhã desta sexta-feira.
O cone traçado pela Polícia Civil foi dividido em cinco quadrantes. Em cada um deles, os helicópteros das polícias fariam voos específicos, com menor velocidade e altura. No segundo quadrante, por volta das 9h15, os PMs encontraram os corpos.