Com o partido alinhado ao Bolsonaro não dá para seguir, diz Frota

São Paulo – Um dia após estrelar propaganda partidária pelo Solidariedade na TV aberta, o ex-deputado Alexandre Frota pediu para se desfiliar do partido nesta quinta-feira (21/9). Ao Metrópoles ele diz ter sido pego de surpresa com o apoio da legenda à reeleição do prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB), anunciado nessa quarta (20/9).

“Eu tive algumas reuniões com o Paulinho da Força [presidente do Solidariedade] e ele não havia me revelado que ele seguiria com o Ricardo Nunes. E o Ricardo Nunes é Bolsonaro, para mim não dá”, relata Frota à reportagem, se referindo ao cortejo político que Nunes tem feito ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Frota foi o 16º deputado federal mais votado por São Paulo em 2018, com 155.522 votos. Na ocasião, ele se elegeu com o apoio de Bolsonaro e pelo PSL, mesmo partido do então presidente. No entanto, em abril de 2019 começou a tecer críticas a Bolsonaro e, em agosto, foi expulso do partido.

À reportagem, o ex-deputado diz ter sido muito bem acolhido por Paulinho da Força no Solidariedade, mas acrescenta que “não dá pra seguir nessa jornada estando o partido alinhado ao Bolsonaro e ao bolsonarismo”.

Quando foi expulso do PSL em 2019, Frota se filiou ao PSDB, partido pelo qual disputou as eleições passadas como candidato a deputado estadual.

Frota não foi eleito e, logo após o primeiro turno, anunciou sua desfiliação da sigla quando o então governador tucano, Rodrigo Garcia, acenou com apoio a Bolsonaro e Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo estadual, no segundo turno.

Frota diz que soube de apoio a Nunes pela imprensa

“Ontem eu apareci no horário nobre, hoje eu soube, através dos jornais e sites, do alinhamento do Solidariedade com o Ricardo Nunes, barra, Bolsonaro. E aí tomei a decisão de me desvincular”, diz Frota ao Metrópoles.

A propaganda do partido foi ao ar na noite dessa quarta-feira (20/9) com o ex-deputado ao lado de Paulinho da Força. Horas antes de a gravação ser divulgada, o Solidariedade bateu o martelo sobre o apoio à reeleição de Nunes.

Embora o prefeito esteja cortejando Bolsonaro, o ex-presidente ainda não selou a aliança entre os dois. Conforme apurado pelo Metrópoles, interessa mais a Nunes minar uma eventual candidatura bolsonarista do que, de fato, contar com Bolsonaro em seu palanque eleitoral.

A ideia do prefeito é aglutinar os partidos de direita e centro-direita em torno de sua candidatura para fazer frente ao deputado federal Guilherme Boulos, pré-candidato pelo PSol e que conta com o apoio do presidente Lula e do próprio PT.

Boulos lidera a pesquisa Datafolha para as eleições de 2024 com 32% das intenções de votos, enquanto Nunes aparece em segundo, com 24%.