Fofoca no zap ajuda polícia a identificar carrasco do tribunal do PCC
Mensagens de texto trocadas entre mulher e namorado, apontado como disciplina da facção, ajudaram polícia a investigar tribunais do crime
atualizado
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São Paulo – Mensagens de WhatsApp trocadas entre uma mulher e seu namorado, apontado como disciplina do Primeiro Comando da Capital (PCC), ajudaram a Polícia Civil a identificar um dos carrascos que executam as penas de morte decretadas em tribunais do crime pelo chefão Alexsandro Cardoso Mota, o Satanás.
Uma adega de bebidas pertencente ao líder do crime, em Taquaritinga, é o principal destino – no interior de São Paulo – para onde são levados os “réus” julgados e condenados por transgredirem regras impostas pela facção.
Nas mensagens interceptadas pela polícia, obtidas pelo Metrópoles (veja galeria abaixo), a mulher pergunta ao namorado se ele “quer fofoca”, resultando na resposta “solta a braba amor”.
“Sei quem matou o Jardi e o Dudu”, escreve a namorada, referindo-se a Douglas Pereira de Sobral, o Dodô, cujo corpo, encontrado em um cemitério clandestino em 3 de janeiro, ajudou a identificar as ações do núcleo da morte chefiado por Satanás.
Dodô foi morto, segundo as investigações, por supostamente ter tentado matar um disciplina do PCC, conhecido como Pé na Porta. A outra vítima mencionada na mensagem da mulher seria Luís Carlos Gomes Inácio, o Jordi.
“O ex da minha mãe”
A conversa da namorada com o disciplina segue: “não conta para ninguém, mas [quem matou o Dodô] foi o ex da minha mãe”.
Ela segue explicando ao namorado, Reginaldo Caetano da Silva, que a mãe terminou com o então companheiro ao saber sobre a autoria do assassinato. “Ele [namorado da mãe] está fugido, ninguém sabe onde ele está”.
Quem comentou sobre a autoria do homicídio com a mãe da mulher teria sido Jordi, resultando em sua morte, por ter falado demais. Ele foi encontrado morto, em 7 de janeiro, em uma rua de Taquaritinga.
As mortes de Dodô e Jordi, conforme denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP), teriam ocorrido a mando, no primeiro caso, de Satanás e, no segundo, de José Adilson dos Santos, o Charutinho, que descumpriu regras da facção ao determinar o homicídio de Jordi sem o aval de Satanás.
Ele seria o suposto ex-namorado mencionado nas mensagens de texto e, até o momento, seguia com paradeiro desconhecido.
Ameaças
O Metrópoles teve acesso a boletins de ocorrência registrados por vítimas de ameaça, nos quais o nome de Satanás é mencionado como o responsável pela justiça paralela da região – incluindo cidades do entorno, como: São Carlos, Matão, Araraquara e Santa Ernestina, por exemplo.
Os motivos das ameaças variam desde dívidas até supostos calotes repassados por moradores descontentes aos disciplinas do PCC, que assumem a “solução dos problemas”.
Há casos oficiais envolvendo o chefão do PCC, ao menos, desde 2010.
Satanás seguia foragido da Justiça até a publicação desta reportagem. Há mandado de prisão preventiva expedido contra ele. Sua defesa não foi encontrada. O espaço segue aberto para manifestações.