Fim do horário eleitoral tem “louvor” de Boulos e Nunes festivo
Horário eleitoral tem jingle de Boulos com melodia de louvor e Nunes agradecendo apoiadores, em clima de festa
atualizado
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São Paulo — O último dia de programa eleitoral obrigatório, veiculado por rádio na manhã desta sexta-feira (25/10), foi marcado pelo apelo de Guilherme Boulos (PSol) ao público evangélico, contrastando com a atmosfera de vitória antecipada de Ricardo Nunes (MDB). Ambos disputam o segundo turno pela Prefeitura de São Paulo, que será decidido neste domingo (27/10).
Atrás nas pesquisas de intenções de votos, o deputado federal não tocou o tradicional jingle de sua campanha, que é inspirado no samba “Tá Escrito”, do Grupo Revelação. Ao invés disso, a campanha usou música cantada por um coro feminino e melodia semelhante a de louvores, e que dizia repetidas vezes “É tempo de ter esperança que dias melhores virão. É tempo de Boulos e Marta”.
Além da substituição do jingle, a aproximação com o público evangélico veio nas falas usadas ao longo do programa. Diferentemente de outras propagandas no rádio, em que o candidato falava diretamente com o ouvinte, o programa de Boulos desta sexta usou uma gravação em que o deputado discursa para um público de apoiadores.
Nele, o deputado diz: “Essa batalha nós não vamos ganhar sozinhos (…) e a vitória, que eu acredito muito que a gente vai obter no domingo que vem, como diz o Mano Brown, contrariando as estatísticas, a gente vai fazer essa vitória para nós”. O tom profético se repetiu na fala de um narrador, que reitera “Acreditar é palavra, gente. Botar fé. Vamos conversar com quem tá com dúvida, com quem tá sem esperança na política”.
O uso do discurso na propaganda lembra celebrações de cultos, em que a voz do orador fica em evidência, enquanto a plateia aplaude ao fim de frases de impacto. Esse paralelismo fica ainda mais evidente na participação do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que usa um tom de voz oscilante, enfatizando o termo “servir” na fala “Tem gente que se elege para se servir. Ele é um servidor do povo. Quando Boulos pede voto, ele pede uma oportunidade de servir, servir a quem mais precisa”.
Vice na chapa do psolista, Marta Suplicy (PT), participou do programa usando uma linguagem mais direta, mas mencionando a “prosperidade” que a vitória de Bolos trará a São Paulo. Ao fim, o presidente Lula (PT) surge para lembrar os eleitores do número de campanha do deputado federal – tópico sensível à campanha, que perdeu quase 50 mil votos no primeiro turno devido à confusão de eleitores entre os números 50 e 13.
Ritmo de comemoração
Iniciada antes do programa de Boulos, a propaganda de Ricardo Nunes aconteceu com uma atmosfera de vitória antecipada. Em ritmo de marchinha de carnaval, o jingle usado na propaganda canta em tom eufórico “15 é Ricardo para prefeito”, combinado com apoiadores gritando consecutivas vezes “É ‘15’”.
O programa contou com uma mensagem do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu principal apoiador na disputa: “A gente tem uma parceria muito bem estabelecida com a prefeitura, que vai dar resultado (…)”, fala Tarcísio, transmitindo a ideia que os dois continuarão a trabalhar em conjunto.
Em seguida, o atual prefeito é introduzido com uma fala da narradora que diz em tom alegre: “Prefeito, agora o microfone é seu, agradeça, comemore e peça voto!” e Nunes usa quase um minuto do seu tempo para agradecer aos apoiadores e não economiza tempo para citar pessoas nominalmente. Ele menciona familiares, as coligações que o apoiaram, moradores de diferentes regiões, e a apresentadora do programa de rádio.
Continuando nos agradecimentos, o atual prefeito fala “A minha palavra a todos vocês é de agradecimento. Por cada canto que eu passei dessa cidade, eu conversei com as pessoas, aquele aperto de mão, aquele abraço. Pude escutar os elogios, as críticas que nos fazem aprender. Vamos juntos! (…)”.
Assim, enquanto a propaganda de Boulos inspira confiança em um “milagre”, a de Nunes transmite a sensação de uma vitória já conquistada, esperando apenas a confirmação do eleitor no domingo.
Fim do horário eleitoral
Os programas finalizam a segunda etapa do período de horário eleitoral obrigatório, que começou no dia 11 de outubro, cinco dias após o primeiro turno.
Durante esse período, Guilherme Boulos, que esteve atrás das pesquisas de intenções de votos durante todo o segundo turno, usou diferentes estratégias, voltadas, principalmente, para conquistar o eleitor que votou no influencer Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno.
Para isso, o deputado investiu em atacar a gestão do atual Prefeito, explorando, entre outros aspectos “o desejo de mudança para São Paulo” e o apagão do dia 11 de outubro, buscando responsabilizar Nunes pelo ocorrido.
Já Nunes, que se manteve à frente nas pesquisas, adotou uma postura mais comedida, rebatendo as críticas de Boulos e se apresentando como uma “opção segura” para a capital paulista.
Nesta sexta-feira (25/10) ainda serão transmitidos outras três inserções dos programas dos candidatos. Uma pela rádio, de 12h às 12h10, e outras duas pela televisão, exibidos das 13h às 13h10 e das 20h30 às 20h40.