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Febre maculosa: por que algumas pessoas são mais suscetíveis à doença

Fatores genéticos e imunológicos interferem na evolução do quadro de febre maculosa, segundo especialistas

atualizado

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Eduardo Lopes/Arquivo PMC
Placa sobre febre maculosa
1 de 1 Placa sobre febre maculosa - Foto: Eduardo Lopes/Arquivo PMC

São Paulo – Nem todo mundo que for picado por um carrapato infectado vai pegar febre maculosa ou desenvolver um caso grave da doença. Além de a transmissão estar sujeita a uma série de fatores, a infecção também pode se manifestar de forma mais leve em algumas pessoas, dependendo de suas características genéticas e imunológicas.

É o que afirmam especialistas ouvidos pelo Metrópoles para explicar o surto de febre maculosa associado a eventos na Fazenda Santa Margarida, em Campinas. Quatro pessoas que estiveram no local morreram por causa da doença. Já outros frequentadores não apresentaram sinais da infecção ou relataram sintomas e melhoraram depois.

As mortes confirmadas são de participantes da Feijoada do Rosa, evento realizado em 27 de maio, que reuniu cerca de 3,5 mil pessoas. Líder de casos no Brasil, Campinas é endêmica para febre maculosa. Entre as vítimas, no entanto, três pessoas eram moradoras de outras cidades  – a capital paulista, Jundiaí e Hortolândia.

“Quem nasce em áreas de transmissão da doença pode acabar desenvolvendo mais imunidade, por ter contato desde cedo”, afirma o infectologista João Paulo França. “É possível fazer um paralelo com a malária. Em algumas regiões da África, a doença não é tão preocupante para quem vive lá, mas se torna grave para quem vem de fora”.

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Com febre maculosa, dentista procurou três hospitais diferentes
Érissa Nicole Santos Santana, adolescente de 16 anos
Douglas tinha 42 anos
Douglas Costa
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Dentista Evelyn Karoline Santos, 28 anos, vítima de febre maculosa

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Com febre maculosa, dentista procurou três hospitais diferentes

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Érissa Nicole Santos Santana, adolescente de 16 anos

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Douglas tinha 42 anos

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Douglas Costa

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Mariana era dentista e biomédica

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Exames realizados no Instituto Adolfo Lutz confirmaram o diagnóstico de febre maculosa na dentista Mariana Giordano

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Douglas e Mariana morreram no mesmo dia

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Carrapato-estrela, responsável por transmitir a febre macuolosa

Resposta

Apenas a adolescente Érissa Nicole Santos Santana, 16 anos, era moradora de Campinas. Ela esteve no evento junto com o pai e morreu na terça-feira (12/6). Já o homem não apresentou sintomas.

“A febre maculosa não é transmitida de pessoa para pessoa. Embora estivessem juntos, existe a possibilidade do pai não ter sido picado pelo carrapato”, afirma o médico Leonardo Weissmann, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Além disso, nem toda picada por um carrapato infectado deixará o indivíduo doente, dependerá da resposta de cada indivíduo”.

Segundo os especialistas, fatores genéticos, como a presença de linfócitos que “bloqueiam” o agente causador, e o status de imunidade do indivíduo também interferem na infecção e na evolução da doença.

“Uma pessoa em bom estado de nutrição, por exemplo, vai ser menos propensa a desenvolver quadro grave ou letal”, diz França.

Transmissão

Não é qualquer picada que transmite febre maculosa. Isso porque o carrapato é o vetor da doença e precisa estar infectado com a bactéria Rickettsia rickettsii, a real causadora. A presença desse agente é observada em 1% dos carrapatos.

Entre as espécies, o principal transmissor no Brasil é o “carrapato-estrela”. As infestações são encontradas em áreas campestres onde há maior população de hospedeiros, em especial capivaras e cavalos.

A transmissão só acontece por exposição prolongada, dizem os especialistas. Ou seja, mesmo infectado, o carrapato deve ficar aderido no corpo da pessoa por aproximadamente 4 horas – período necessário para produzir a saliva que, ao penetrar na corrente sanguínea, transmite a bactéria.

“Por isso, é importante retirar rapidamente da pele”, afirma Weissmann. “Se for encontrado um carrapato no corpo, ele deve ser removido com o cuidado de não esmagá-lo, preferencialmente com auxílio de uma pinça, porque ele pode liberar as bactérias e contaminar”.

Cuidados

Em contrapartida, o carrapato infectado pode transmitir a doença em qualquer fase do seu ciclo de vida: larva (micuins), ninfa (vermelhinho) ou adulto (carrapato-estrela). Há casos de parasitas que já nascem com a bactéria ou a contraem depois. Uma vez contaminado, o carrapato nunca “se cura”.

A infecção em seres humanos tende a evoluir rapidamente e apresenta alta taxa de letalidade. O tratamento deve ser iniciado o quanto antes com antibióticos específicos.

Como o período de incubação da doença demora até 14 dias, a recomendação é de atenção total caso os sintomas apareçam (veja quais são abaixo). Quanto mais cedo iniciar o tratamento, maior a chance de cura.

A Secretaria de Saúde de São Paulo orienta quem frequentou um dos eventos na Fazenda Santa Margaria e está com sintomas a procurar atendimento médico imediatamente e informar que esteve em área de transmissão para febre maculosa.

Sintomas

  • Dor de cabeça intensa;
  • Náuseas e vômitos;
  • Diarreia e dor abdominal;
  • Dor muscular constante;
  • Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés;
  • Gangrena nos dedos e orelhas;
  • Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória.
  • Na evolução da doença, também é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.

Como se proteger:

  • Ao realizar trilhas e atividades de lazer ao ar livre, algumas precauções devem ser tomadas para evitar a febre maculosa:
  • Evitar caminhar, sentar e deitar em gramados e em áreas de conhecida infestação de carrapatos;
  • Em áreas silvestres, realizar vistorias no corpo em busca de carrapatos em intervalos de três horas para diminuir o risco de contrair a
    doença;
  • Se forem verificados carrapatos no corpo, não esmagar o carrapato com as unhas, pois ele pode liberar as bactérias e infectar partes do corpo com lesões;
  • Se encontrar o parasita, ele deve ser retirado de leve com torções e com auxílio de pinça, evitando contato com as unhas. Quanto mais rápido forem retirados, menor a chance de infecção;
  • Utilizar barreiras físicas, como calças compridas, com a parte inferior por dentro das botas ou meias grossas;
  • Utilização de roupas claras para facilitar a visualização e retirada dos carrapatos.

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