Febre maculosa: fazenda propõe barreiras, sinalização e repelentes
Fazenda Santa Margarida, foco de um surto de febre maculosa em Campinas, enviou à prefeitura um plano de contingência para combater a doença
atualizado
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São Paulo – A Fazenda Santa Margarida, que fica no distrito de Joaquim Egídio, em Campinas, apontada como foco de um surto de febre maculosa na cidade, apresentou nesta sexta-feira (16/6) o plano de contingência exigido pela prefeitura local. Entre as medidas propostas estão a construção de barreiras físicas, reforço na sinalização e uso de repelentes adequados.
Quatro pessoas que estiveram na fazenda durante a Feijoada do Rosa morreram de febre maculosa. Além disso, uma mulher de 38 anos que esteve no local no dia 3 de junho para assistir ao show do cantor Seu Jorge também teve confirmação da doença. Ela está internada em Campinas.
O plano exigido pela Prefeitura de Campinas foi uma condição para que a Fazenda Santa Margarida volte a abrigar shows e eventos. No documento com as propostas, o estabelecimento voltou a lamentar a morte das quatro pessoas estiveram na Feijoada do Rosa, assim como se solidarizou com a dor de todos os familiares.
A Fazenda Santa Margarida também reconhece a importância de “agir prontamente” para mitigar os riscos de parasitismo e transmissão da febre maculosa.
Seis diretrizes
O plano de ação se divide em seis diretrizes principais: avaliação da situação, equipe responsável, medidas de prevenção, contratação de serviços, cooperação e revisão contínua.
A avaliação da situação prevê o monitoramento do transmissor e a identificação das áreas de risco. Em relação à equipe responsável, está prevista a contratação de um coordenador de segurança e saúde, além de um time de manutenção.
De acordo com o plano, as medidas de prevenção englobam a manutenção adequada do terreno, a criação de barreiras físicas, a sinalização, a orientação e comunicação ao público e o uso de repelentes apropriados.
Estão programadas, ainda, a contratação de empresas de engenharia ambiental e de controle de pragas; a cooperação constante com as autoridades de saúde locais e, por fim, a possibilidade de revisar e ajustar o plano emergencial de acordo com as necessidades.
A Prefeitura de Campinas informou que o documento será examinado pelo Departamento de Vigilância em Saúde, pela Unidade de Vigilância de Zoonoses e pela Vigilância Sanitária Leste. Após a análise, será agendada uma vistoria no local.
A doença
A febre maculosa é uma doença infecciosa, causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, que é transmitida por algumas espécies de carrapatos.
A infecção apresenta alta taxa de letalidade, mas tem cura. O tratamento deve ser iniciado precocemente com antibióticos específicos.
Sintomas
- Dor de cabeça intensa;
- Náuseas e vômitos;
- Diarreia e dor abdominal;
- Dor muscular constante;
- Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés;
- Gangrena nos dedos e orelhas;
- Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória.
Na evolução da doença, também é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.
Como é a transmissão?
A transmissão da doença ocorre em ambientes silvestres, nos quais exista o carrapato Amblyomma cajennense, popularmente conhecido como carrapato-estrela. Para que ocorra a transmissão, é necessário que o carrapato fique fixado na pele por um período de cerca de 4 horas.
- Ao realizar trilhas e atividades de lazer ao ar livre, algumas precauções devem ser tomadas para evitar a febre maculosa:
- Evitar caminhar, sentar e deitar em gramados e em áreas de conhecida infestação de carrapatos;
- Em áreas silvestres, realizar vistorias no corpo em busca de carrapatos em intervalos de três horas para diminuir o risco de contrair a
doença; - Se forem verificados carrapatos no corpo, não esmagar o carrapato com as unhas, pois ele pode liberar as bactérias e infectar partes do corpo com lesões;
- Se encontrar o parasita, ele deve ser retirado de leve com torções e com auxílio de pinça, evitando contato com as unhas. Quanto mais rápido forem retirados, menor a chance de infecção;
- Utilizar barreiras físicas, como calças compridas, com a parte inferior por dentro das botas ou meias grossas;
- Utilização de roupas claras para facilitar a visualização e retirada dos carrapatos.