Febre maculosa: fazenda apontada como local de infecção fecha portas por 30 dias
Fazenda Santa Margarida diz que documentação está regular e medida busca assegurar bem-estar de visitantes diante de surto de febre maculosa
atualizado
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São Paulo – A fazenda apontada pela Secretaria de Saúde de Campinas como o “provável local de infecção” das pessoas que morreram de febre maculosa na cidade anunciou nesta quarta-feira (14/6) que fechará as portas pelos próximos 30 dias.
Em nota, a Fazenda Santa Margarida diz que a medida tem o objetivo de “assegurar o bem-estar dos visitantes” e que “toda a documentação está em conformidade e regularidade com os órgãos competentes e às exigências legais, incluindo a Prefeitura Municipal de Campinas”.
Nessa terça (13), a gestão municipal estabeleceu que o estabelecimento só pode fazer novos eventos quando apresentar um plano de contingência ambiental e de comunicação.
O Instituto Adolfo Lutz já confirmou a infecção por febre maculosa em três pessoas que estiveram na Fazenda Margarida no último dia 27, durante a Feijoada do Rosa, evento que reuniu cerca de 3,5 mil pessoas.
Mariana Giordano, 36 anos, Douglas Costa, 42, namorado dela, e a dentista Evelyn Karoline Santos, 28, de Hortolândia, morreram no dia 8. A causa da morte de uma adolescente de 16 anos, Érissa Nicole Santos Santana, que também esteve no local, ainda é investigada.
A Fazenda Santa Margarida afirma que “nos últimos anos, nunca houve qualquer caso semelhante a este”. O estabelecimento disse que vai apresentar ainda nesta quarta uma lista dos eventos previstos para os próximos seis meses, “além das medidas de cautela determinadas pelo departamento”.
“Essas medidas incluem a comprovação da comunicação a todos os participantes dos eventos ocorridos na Fazenda Santa Margarida, entre 26 de maio e 3 de junho, informando sobre medidas de saúde e bem-estar a serem adotadas em relação a febre maculosa e, orientações de procurar um serviço de saúde, caso o visitante tenha apresentado sintomas da doença”, diz a nota.
Febre maculosa
A febre maculosa tem cura, mas o tratamento precisa ser iniciado precocemente com antibióticos adequados. O principal sintoma da doença é a febre alta, que pode ser confundida com outras enfermidades.
“Por isso, é importante que o médico sempre pergunte, ou que o paciente relate que esteve em área de vegetação com presença de carrapato ou capivara. Com esse histórico, o tratamento deve ser iniciado imediatamente”, diz Andrea von Zuben, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), de Campinas.
Os principais sintomas da febre maculosa são:
- Febre;
- Dor de cabeça intensa;
- Náuseas e vômitos;
- Diarreia e dor abdominal;
- Dor muscular constante;
- Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés;
- Gangrena nos dedos e orelhas;
- Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória.
Na evolução da doença, também é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.
Como é a transmissão?
A transmissão da doença ocorre em ambientes silvestres, nos quais exista o carrapato Amblyomma cajennense, popularmente conhecido como carrapato-estrela. Para que ocorra a transmissão, é necessário que o carrapato fique fixado na pele por um período de cerca de 4 horas.
Como se proteger:
Ao realizar trilhas e atividades de lazer ao ar livre, algumas precauções devem ser tomadas para evitar a febre maculosa:
- Evitar caminhar, sentar e deitar em gramados e em áreas de conhecida infestação de carrapatos;
- Em áreas silvestres, realizar vistorias no corpo em busca de carrapatos em intervalos de três horas para diminuir o risco de contrair a doença;
- Se forem verificados carrapatos no corpo, não esmagar o carrapato com as unhas, pois ele pode liberar as bactérias e infectar partes do corpo com lesões;
- Se encontrar o parasita, ele deve ser retirado de leve com torções e com auxílio de pinça, evitando contato com as unhas. Quanto mais rápido forem retirados, menor a chance de infecção;
- Utilizar barreiras físicas, como calças compridas, com a parte inferior por dentro das botas ou meias grossas;
- Utilização de roupas claras para facilitar a visualização e retirada dos carrapatos.