Febre maculosa: Campinas usa câmeras térmicas em censo de capivaras
Censo das capivaras começou após Campinas registrar surto de febre maculosa; câmeras térmicas ajudam a encontrar animais escondidos
atualizado
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São Paulo – Técnicos da Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SVDS) de Campinas, interior de São Paulo, estão usando câmeras térmicas no censo das capivaras. O inventário dos animais começou após a cidade registrar um surto de febre maculosa.
As capivaras são hospedeiras do carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa.
As câmeras térmicas captam o calor do corpo dos animais e é possível enxergar as capivaras em áreas onde estão abrigadas ou em regiões totalmente escuras.
“As câmeras térmicas filmam e fotografam. Por meio deste recurso, conseguimos ver a movimentação dos animais. Usamos nos parques onde as capivaras têm difícil sinalização”, explica o veterinário da Secretaria Municipal do Verde, Paulo Anselmo Nunes Felippe.
O objetivo é descobrir o número exato de machos, fêmeas e filhotes. Após o censo, a Prefeitura de Campinas vai pedir autorização ao governo estadual para a realização de laqueadura nas fêmeas e vasectomia nos machos.
A medida é importante para auxiliar na redução do risco de transmissão da febre maculosa.
Animais protegidos
As capivaras são animais silvestres, protegidos por legislação federal. São hospedeiras do carrapato-estrela. Quando o carrapato está infectado com a bactéria Rickettsia rickettsii, transmite para a capivara, que pode infectar outros carrapatos. Quando o carrapato infectado pica uma pessoa, transmite a febre maculosa.
É fundamental que, após visitas em áreas verdes, as pessoas observem todo o corpo. Se localizar carrapato, ele deve ser removido com cuidado. Mesmo sem localizar carrapatos no corpo, caso haja algum sintoma, como febre e dores no corpo, a pessoa deve procurar o médico o mais rapidamente possível e informar que esteve em área propensa à presença de carrapatos.
Surto em Campinas
Quatro pessoas que estiveram na Fazenda Santa Margarida, em Campinas, morreram de febre maculosa. O local é apontado pela Secretaria de Saúde como o foco do surto da doença.
As quatro vítimas foram ao local no dia 27 de maio, durante a Feijoada do Rosa, evento que reuniu cerca de 3,5 mil pessoas, com open bar e DJs de música eletrônica.
Também há relatos de casos de febre maculosa em pessoas que estiveram na fazenda no dia 3 de maio, no show do cantor Seu Jorge. Neste evento não foram registradas mortes pela doença.
Primeiro caso confirmado
A dentista e biomédica Mariana Giordano, de 36 anos, morreu no último dia 8, após ser internada com febre, manchas vermelhas na pele e dores de cabeça, sintomas que começaram cinco dias antes.
Ela e o namorado, o piloto Douglas Costa, 42, participaram da feijoada. A dentista estava internada em São Paulo, onde morava. Segundo relatos da paciente, ela notou marcas de picada em seu corpo.
Piloto e empresário
O piloto e empresário Douglas Costa, de 42 anos, começou a ter sintomas de febre maculosa em 3 de junho. Ele foi internado no dia 7 e morreu um dia depois, no mesmo dia que a namorada, Mariana Giordano.
Os amigos o definiam como um sonhador e exemplo.
Caso tratado como dengue
A dentista Evelyn Karoline Santos, de 28, moradora de Hortolândia, chegou a procurar mais de um hospital, recebeu diagnóstico de dengue e foi orientada a fazer repouso em casa.
Ela esteve na Feijoada do Rosa com o marido, Marcelo Borges, de 38 anos.
Ao Metrópoles ele relatou ter sido o primeiro do casal a sentir sintomas, mas o seu quadro melhorou após dois dias de repouso. Já a jovem precisou procurar o Hospital Municipal Mario Covas, em Hortolândia, no domingo (4/6), com dor nas articulações e febre na casa do 40º C.
Adolescente de 16 anos
A adolescente Érissa Nicole Santos Santana, de 16 anos, esteve na Fazenda Santa Margarida junto com o pai, Ednaldo Santana, que prestava serviço para os organizadores da Feijoada do Rosa. Ela morreu no dia 13 de junho.
A causa da morte por febre maculosa foi confirmada na quinta (15/6).
Pai e filha permaneceram no local por cerca de 30 minutos e não passaram pela entrada onde, segundo outros frequentadores, havia mais áreas de mato.
O pai de Érissa tem uma empresa que oferece ambulância com brigadista para grandes eventos. Um de seus funcionários, que estava na fazenda durante a feijoada, pediu que ele fosse até o local para entregar alguns equipamentos que estavam faltando.