Febre maculosa: “Aproveite a natureza”, diz nova placa de alerta
Com surto de febre maculosa, Campinas (SP) começou a instalar novas placas de alerta para a doença transmitida pelo carrapato-estrela
atualizado
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São Paulo – Em meio ao surto de febre maculosa na cidade, a prefeitura de Campinas, no interior de São Paulo, começou a instalar na sexta-feira (23/6) novas placas informativas sobre a doença em áreas verdes.
“Aproveite a natureza que Campinas oferece”, diz a mensagem principal de um desses totens, instalado em locais de passagem de pedestres e veículos. O alerta para prevenção só vem abaixo, em letras menores: “E lembre-se: onde tem mato pode ter carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa”.
As placas foram distribuídas principalmente nos distritos de Sousas e Joaquim Egídio, onde fica a Fazenda Santa Margarida, o epicentro do surto de febre maculosa, de acordo com a administração municipal.
Segundo a prefeitura, o objetivo é que “as informações possam ser acessadas pelo maior número de pessoas” e as instalações devem continuar na segunda-feira (27/6). Ao todo, estão previstos 22 totens.
Mensagem
Nem todas as placas são iguais. Segundo a assessora técnica do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Priscila Bacci Pegoraro, alguns totens em locais de pedestres têm mais informações, com dicas de como se prevenir em áreas de risco, o que fazer caso encontre um carrapato e quais as medidas imediatas devem ser tomados diante de sintomas da doença.
Já em trajetos para veículos, as placas mostram “informações mais concisas, para que dê tempo do motorista ler quando passar perto”.
“Esta é mais uma iniciativa dentro do escopo das ações contra a febre maculosa desenvolvidas no município. É um reforço da nossa política de comunicação, informação e mobilização social contra a doença”, disse a assessora técnica do Devisa.
A prefeitura orienta que, após visitas em áreas verdes, as pessoas observem todo o corpo. Se localizar carrapato, ele deve ser removido com cuidado.
Em caso de sintoma, mesmo sem ter localizado carrapatos, a pessoa deve procurar o médico imediatamente e informar que esteve em área de transmissão.
Surto em Campinas
Quatro pessoas que estiveram na Fazenda Santa Margarida, em Campinas, morreram de febre maculosa. O local é apontado pela Secretaria de Saúde como o foco do surto da doença.
As quatro vítimas foram ao local no dia 27 de maio, durante a Feijoada do Rosa, evento que reuniu cerca de 3,5 mil pessoas, com open bar e DJs de música eletrônica.
Também há relatos de casos de febre maculosa em pessoas que estiveram na fazenda no dia 3 de maio, no show do cantor Seu Jorge. Neste evento não foram registradas mortes pela doença.
Primeiro caso confirmado
A dentista e biomédica Mariana Giordano, de 36 anos, morreu no último dia 8, após ser internada com febre, manchas vermelhas na pele e dores de cabeça, sintomas que começaram cinco dias antes.
Ela e o namorado, o piloto Douglas Costa, 42, participaram da feijoada. A dentista estava internada em São Paulo, onde morava. Segundo relatos da paciente, ela notou marcas de picada em seu corpo.
Piloto e empresário
O piloto e empresário Douglas Costa, de 42 anos, começou a ter sintomas de febre maculosa em 3 de junho. Ele foi internado no dia 7 e morreu um dia depois, no mesmo dia que a namorada, Mariana Giordano.
Os amigos o definiam como um sonhador e exemplo.
Caso tratado como dengue
A dentista Evelyn Karoline Santos, de 28, moradora de Hortolândia, chegou a procurar mais de um hospital, recebeu diagnóstico de dengue e foi orientada a fazer repouso em casa.
Ela esteve na Feijoada do Rosa com o marido, Marcelo Borges, de 38 anos.
Ao Metrópoles ele relatou ter sido o primeiro do casal a sentir sintomas, mas o seu quadro melhorou após dois dias de repouso. Já a jovem precisou procurar o Hospital Municipal Mario Covas, em Hortolândia, no domingo (4/6), com dor nas articulações e febre na casa do 40º C.
Adolescente de 16 anos
A adolescente Érissa Nicole Santos Santana, de 16 anos, esteve na Fazenda Santa Margarida junto com o pai, Ednaldo Santana, que prestava serviço para os organizadores da Feijoada do Rosa. Ela morreu no dia 13 de junho.
A causa da morte por febre maculosa foi confirmada na quinta (15/6).
Pai e filha permaneceram no local por cerca de 30 minutos e não passaram pela entrada onde, segundo outros frequentadores, havia mais áreas de mato.
O pai de Érissa tem uma empresa que oferece ambulância com brigadista para grandes eventos. Um de seus funcionários, que estava na fazenda durante a feijoada, pediu que ele fosse até o local para entregar alguns equipamentos que estavam faltando.