Fantasmas do passado: Nunes e Boulos se acusam de terem sido presos
Nunes disse que Boulos foi preso por confusão com a PM em 2017. Psolista lembrou do episódio em que prefeito foi para delegacia após briga
atualizado
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São Paulo — Adversários na disputa pela Prefeitura de São Paulo, o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), e o deputado federal Guilherme Boulos (PSol) seguiram usando um tom firme no debate promovido pela TV Globo na noite desta sexta-feira (25/10). Os dois lembraram histórias do passado um do outro e se acusaram de terem sido presos.
Nunes começou lembrando do episódio em que Boulos foi levado para uma delegacia em 2017 após um confronto com a Polícia Militar (PM) e de uma acusação de depredação na sede da Fiesp, na Avenida Paulista.
“Eu não queria trazer esse tema. Nota da polícia civil de 2017. Dois integrantes do MTST Guilherme Boulos e José Ferreira Lima, foram detidos acusados de participar de ataques contra a PM. Você acha que uma pessoa que tem esse histórico de vida, que foi lá depredar a Fiesp. Aliás, você se arrepende de ter depredado a Fiesp?”.
Boulos negou qualquer tipo de depredação na sede da Fiesp e afirmou que o atual prefeito tocou no assunto para fugir da questão do sigilo bancário, que o deputado do PSol disse que abriria o seu e desafiou Nunes a fazer o mesmo. Além disso, o psolista citou a investigação da Polícia Federal (PF) sobre suposto envolvimento de Nunes na máfia das creches.
“Você está sendo investigado, sim [pelo caso da máfia das creches], e sabe quem disse isso? Seu advogado”, disse Boulos, após Nunes negar várias vezes que seja alvo de investigação.
Boulos aproveitou para cutucar Nunes, que levou uma advertência do apresentador César Tralli por tentar ler um documento no seu aparelho celular. As regras do debate só permitem que os candidatos leiam documentos impressos em papel. “Diferente dele, eu sei andar de bicicleta sem rodinha, então não preciso ficar lendo as coisas. O Ricardo parece aquela criança que anda de bicicleta, uma rodinha é o Tarcísio e a outra é o Bolsonaro. Se não tiver, ele cai”.
O candidato do PSol ressaltou: “Minha mãe me ensinou que quem não deve não teme. Eu abro o meu sigilo, mas você não abre o seu, deve ter alguma coisa cabeluda. Você não precisa abrir (sigilo) pra mim. Abra para o eleitor de São Paulo”.
Em resposta à acusação de Nunes, Boulos disse que foi levado para a delegacia por defender uma família de sem-teto e foi liberado horas depois: “Fui levado à delegacia por defender uma família de sem teto em São Mateus, que estavam sendo despejadas e perdendo tudo. Assinei um termo e saí no mesmo dia”.
O deputado federal completou sua resposta lembrando do episódio em que Ricardo Nunes, em 1996, foi conduzido pela polícia para a delegacia de Embu, por portar uma arma sem licença e atirar em via pública ou local habitado: “Agora você, Ricardo, foi preso em Embu das Artes por dar tiro em porta de boate. Eu, quando fui para a delegacia, foi por defender família sem teto. Agora você foi por dar tiro em porta de boate. É impressionante”.
Nunes rebateu dizendo que o caso é antigo e foi arquivado: “Sobre esse negócio que ele falou de Embu, foi um negócio de 20 anos atrás que não teve nem inquérito. Isso foi um problema que teve lá que eu fui separar. Não existe nada. Tá lá o meu depoimento. Não dei tiro em ninguém. Não existe… Foi uma confusão que teve lá com um amigo meu, o Márcio, que eu fui separar. Foi só isso e mais nada. Isso foi arquivado”.
Ambos pediram direito de resposta e conseguiram. Boulos aproveitou para lembrar uma suposta relação de Nunes com o PCC. Já o atual prefeito, no seu tempo extra, disse ter uma “vida limpa”.
O debate da TV Globo é o terceiro e último confronto direto entre Nunes e Boulos no segundo turno da eleição à Prefeitura da capital, que ocorre no domingo (27/10).
Segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada nessa quinta-feira (24/10), Nunes aparece com 49% das intenções de voto, contra 35% de Boulos.