Família diz que bebê foi alvo de quadrilha que agia em “grupo de mães”
Tio do bebê Nicolas Areias Gaspar, que desapareceu em SC e foi achado em SP, afirma que a mãe do menino sofre de depressão e foi aliciada
atualizado
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São Paulo — A família do menino Nicolas Areias Gaspar, de 2 anos, que havia desaparecido em Santa Catarina e foi encontrado em São Paulo na segunda-feira (8/5), acredita que a mãe da criança, Nathalia Areias Gaspar, de 22 anos, tenha sido vítima de uma quadrilha de tráfico humano. A mulher é investigada pela Polícia Civil.
Nicolas foi encontrado pela polícia com Marcelo Valverde Valezi, de 52 anos, e Roberta Porfirio de Sousa Santos, de 41, no banco de trás do veículo do casal, sem sinais de maus-tratos. Os dois foram presos em flagrante por tráfico de pessoa. Nessa terça-feira (9/5), as prisões foram convertidas em preventivas.
Aos PMs, Marcelo e Roberta alegaram que a criança havia sido entregue pela própria mãe e estavam a caminho do Fórum para regularizar a doação. Também disseram que não eram um casal e tinham uma relação de “conhecidos”.
De acordo com o humorista Juliano Gaspar, tio de Nicolas e irmão de Nathalia, o casal se aproximou da mulher há cerca de dois anos, por meio de um grupo de WhatsApp voltado para mães de primeira viagem. A família não teria sido informada sobre as conversas.
“Essa pessoa tinha conseguido a confiança dela através de um grupo de apoio a mães de primeira viagem. Essa quadrilha talvez seja até dona do grupo. Porque parece que o grupo não foi encontrado. As pessoas ganharam a confiança dela prestando apoio e tudo mais em um grupo que era para isso”, disse Juliano ao Metrópoles.
O irmão de Nathalia afirma que ela enfrentava uma forte depressão pós-parto. Segundo Juliano, o grupo teria convencido a mãe a entregar Nicolas temporariamente, enquanto ela se recuperava de seu quadro de saúde mental.
“Ela estava em um quadro grave de depressão pós-parto. Isso se estendeu desde o nascimento da criança. Ela estava se tratando, estava desempregada. Imagine a fragilidade dela. Convenceram ela a deixar o bebê por um tempo até ela se estabilizar. E as pessoas se aproveitaram disso”, afirmou.
Segundo Juliano, quando se deu conta do que tinha acontecido, Nathalia “surtou”, tomou grande quantidade de medicamentos e ficou desacordada. A mulher precisou ser internada em uma unidade de terapia intensiva.
Assim que recuperou a consciência, ela teria relatado à família e aos policiais a sua versão sobre o desaparecimento do filho.
“Ela já disse que se arrepende, que não era para ter acontecido desse jeito, que foi um momento realmente em que a depressão deixou ela cega de tal maneira, que ela teve um tipo de surto”, disse Juliano.
Nathalia é investigada pela Polícia Civil e já prestou depoimento.
Nesta quarta-feira (10), autoridades de Santa Catarina embarcaram para São Paulo para buscar o menino, que está sob os cuidados da Secretaria de Segurança Pública paulista.
Mãe do bebê teria sido aliciada
Responsável por investigar o desaparecimento do bebê em Santa Catarina, a delegada Sandra Mara Pereira, da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso de São José (SC), entrou em contato com a polícia de São Paulo e repassou informações da investigação.
Segundo a delegada, Nathalia declarou ter dado o filho espontaneamente, “sem recebimento de nenhuma vantagem”, “constrangimento” ou “ameaça”.
A delegada considera, no entanto, que a mulher apresenta “quadro de extrema vulnerabilidade”, tem “histórico de agressões no interior do lar” e até precisou ser internada depois de entregar o filho.
No inquérito, consta que Marcelo e a mulher dele, identificada como Juliana, “vinham aliciando a genitora (…) a fim de que esta lhes entregasse a criança, sem observância do procedimento legal para adoção”.