Família de bolsista morto após suposto bullying cobra colégio de elite
Parente diz que vítima sofria bullying e homofobia. Família questiona Colégio Bandeirantes sobre a morte do adolescente de 14 anos
atualizado
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São Paulo — A família de um adolescente de 14 anos, que tirou a própria vida na terça-feira (13/8), responsabiliza o Colégio Bandeirantes, escola de alto padrão na qual o jovem estudava, na zona sul de São Paulo.
O adolescente foi sepultado nessa quarta-feira (14/8).
Um parente diz que a vítima sofria bullying por ser gay, negro, de origem humilde, e afirma que a instituição está se isentando de “qualquer responsabilidade”.
Em uma publicação nas redes sociais, um tio do estudante reforçou a condição de vítima de bullying do sobrinho, situação encarada, segundo ele, com “descaso” pelo colégio. O parente disse ainda que a escola enviou uma coroa de flores e um e-mail de pesar. A ação, na avaliação do tio, é “sem significado para uma família que enterra um jovem”.
Na publicação, ele cobrou uma postura da instituição de ensino:
“Que conduta o colégio tomará para evitar que outros nos deixem de forma tão trágica? Como um colégio de ricos, feito para ricos e por ricos aborda a situação do bullying? Ele só queria poder dançar livremente. Quantos outros se calarão, talvez para sempre, frente à crueldade da homofobia e do desrespeito de classes”.
Segundo o tio, a vítima era bolsista e cursava o 9° ano do ensino fundamental.
Em um áudio atribuído ao adolescente, obtido pela reportagem, ele afirma que sofria ataques verbais de outros alunos.
Em nota (leia abaixo na íntegra) enviada ao Metrópoles, o Colégio Bandeirantes disse que “toda a comunidade escolar está profundamente abalada com essa perda irreparável”. A instituição afirma ter oferecido “apoio e solidariedade” à família e aos amigos do adolescente.
Leia na íntegra:
“Toda a comunidade escolar está profundamente abalada com essa perda irreparável. Neste momento de dor, oferecemos nosso apoio e solidariedade à família e aos amigos de *. Estamos comprometidos em continuar promovendo um ambiente de acolhimento, onde cada aluno se sinta valorizado, respeitado e amado, reafirmando nosso compromisso com o cuidado e o bem-estar de todos.
Permanecemos abertos ao diálogo e à escuta, por meio da equipe de Orientação Educacional e dos diversos grupos de apoio e iniciativas de convivência, como o BandAntirracismo, a Orientação Socioemocional, a Mediação de Conflitos, e os programas de protagonismo estudantil como as Equipes de Ajuda e o C.A.R.E. Sabemos que é essencial proteger nossas crianças e jovens, e contamos com a compreensão e o apoio de toda a sociedade para dialogar sobre este tema com respeito, empatia e responsabilidade”.
Busque ajuda
O Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos ou tentativas de suicídio que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social, porque esse é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o assunto não venha a público com frequência, para o ato não ser estimulado.
O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem. Depressão, esquizofrenia e uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida – problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.
Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode ajudar você. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype, 24 horas, todos os dias.