Sacado da Ceagesp por falta de currículo comanda regulação do Porto
Advogado Johnni Hunter é aliado de políticos do Centrão e afirma que tem experiência para atuar como diretor de regulação do Porto de Santos
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo — Sacado da presidência da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) por falta de currículo para exercer o cargo, em 2020, o advogado Johnni Hunter está de volta a um cargo no governo federal. Ligado a políticos do Centrão, ele assumiu a gerência de regulação do Porto de Santos, por um salário de R$ 33 mil mensais.
Como mostrou o Metrópoles nesta segunda-feira (4/3), mais de uma dezena de cargos na cúpula do Porto de Santos está nas mãos de parentes ou aliados de políticos e de parceiros do diretor-presidente da Autoridade Portuária, Anderson Pomini, na advocacia. Johnni Hunter é um deles.
Hunter é aliado de políticos de diversos partidos. Entre eles, o ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Carlão Pignatari (PSDB), de quem foi assessor, e o deputado federal Fausto Pinato (PP), que teve peso em sua indicação à presidência da Ceagesp em 2017, durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).
Em 2018, a Controladoria-Geral da União (CGU) fez uma auditoria na Ceagesp e concluiu que Johnni Hunter não tinha “notório conhecimento” compatível com o cargo de presidente da empresa pública, ligada ao Ministério da Agricultura.
Em meio à pressão do órgão, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) também reconheceu a falta de currículo de Hunter em uma ação popular movida contra sua nomeação e a tornou nula.
Após a gestão de Hunter, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) nomeou o coronel da reserva da Polícia Militar (PM) Ricardo Mello Araújo para comandar a Ceagesp. Ele chegou a identificar suspeitas de irregularidades na gestão de seu antecessor e encaminhou o material à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal (MPF).
Os órgãos de investigação, no entanto, nunca deflagraram uma operação para investigar as suspeitas sobre a gestão de Hunter na Ceagesp. Também não há notícia de como ficou a investigação.
Ao Metrópoles, Hunter afirma ter sido indicado ao cargo pelo diretor-presidente do Porto, Anderson Pomini.
“Minha indicação é do presidente Anderson Pomini, conhecido de longa data e por preencher os requisitos legais, ter experiência e formação acadêmica compatível, conforme a companhia exige”, diz. Ele ressalta que seu nome foi aprovado pelo Comitê de Elegibilidade da Ceagesp à época em que presidiu a companhia de entrepostos.
“Tenho todas as credenciais para a função, vasta experiência em empresas públicas de grande porte, como a Ceagesp, onde exerci o cargo de presidente por mais de três anos, dentre outras funções em cargos públicos exercidos desde 2006”, diz.