Mesmo com faixa azul exclusiva, mortes de motociclistas não caem em SP
Programa da faixa azul exclusiva para motos evitou mortes de motociclistas onde foi adotado, mas não reduziu número total de óbitos em 2023
atualizado
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São Paulo — O número de mortes de motociclistas no trânsito de São Paulo seguiu em alta na capital em 2023, mesmo com a adoção das faixas azuis — pistas exclusivas para motos —, principal aposta da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) para trazer mais segurança viária à cidade.
Ao todo, foram 426 motoqueiros ou garupas que morreram ao longo do ano passado, dois casos a mais do que o registrado em 2022. Os dados são do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito (Infosiga), mantido pelo governo do estado, e obtidos a partir do monitoramento de boletins de ocorrência.
O mês de dezembro passado foi o mais violento de toda a série histórica do Infosiga, que mantém em seu sistema dados a partir de janeiro de 2015. Foram 55 casos no mês passado, quase dois por dia. De cada dez motociclistas mortos, seis morreram em hospitais, após socorro médico. Quatro morrem na via em que se acidentaram, no asfalto.
O pequeno aumento observado nos casos envolvendo motos acompanhou a tendência de alta do número geral de mortes em acidente de trânsito, que subiu 7,6% no ano passado em comparação com 2022.
A maior causa de acidentes com motos é colisão, quando ocorre uma batida com outro veículo. Foram 219 casos. A segunda é choque, quando o motociclista bate em algo na rua ou cai da moto. Um em cada quatro mortos tem entre 18 e 24 anos.
Faixa azul sem mortes
As faixas azuis são uma sinalização de asfalto que separa uma faixa exclusiva para motocicletas, entre as demais faixas de circulação para carros.
A sinalização foi instalada, em caráter de testes, na Avenida 23 de Maio, que liga o centro à zona sul da capital, em janeiro de 2022. No trecho em que ela foi instalada, de acordo com os dados do Infosiga, não houve registro de nenhuma morte.
Em março do ano passado, um motoqueiro morreu na 23 de Maio, mas no sentido zona sul-centro, que ainda não tem a faixa exclusiva. Era uma segunda-feira, pouco após as 20 horas. A vítima, um homem de 41 anos, conduzia uma Kawasaki Vulcan quando bateu em um carro e caiu. O motorista prestou socorro e o motoqueiro foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Vergueiro, mas não resistiu.
Ao longo de 2023, 89 km de faixas azuis foram pintadas e, embora nenhuma morte de motoqueiro tenha sido registrada nas vias que receberam a pista exclusiva, a ação ainda não foi suficiente para reduzir o número geral de óbitos de motociclistas na cidade.
Em abril, a Prefeitura de São Paulo firmou uma parceria com o Ministério das Cidades para expandir os testes da faixa azul e instalar a sinalização em 81 vias da capital.
O que diz a Prefeitura
Questionada pelo Metrópoles sobre os motivos para o aumento das mortes no trânsito da cidade, a Prefeitura afirmou, por meio de nota, que “vem implementando uma série de medidas com o intuito de reduzir o número de acidentes, vítimas feridas e óbitos decorrentes da violência no trânsito” e listou uma série de ações para diminuir as mortes.
Entre elas, a gestão Ricardo Nunes cita a implantação das faixas azuis, exclusivas para motocicletas, a criação de “áreas calmas” (são duas em toda a cidade) e a redução dos limites de velocidade máxima para 50 km/h em praticamente toda a cidade — com exceção das Marginais Tietê e Pinheiros, da Avenida do Estado, de um trecho da Avenida Abraão de Moraes, e da Avenida 23 de Maio.