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“Faço questão de esquecer o nome dele”, diz ex-mulher de Cupertino

Começou, nesta quinta-feira (10/10), o julgamento de Paulo Cupertino pelo assassinato do ator Rafael Miguel e dos pais do jovem, em 2019

atualizado

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Polícia Civil/Reprodução e Instagram/Reprodução
Montagem feita a partir de fotos de Paulo Cupertino e Rafael Miguel - Metrópoles
1 de 1 Montagem feita a partir de fotos de Paulo Cupertino e Rafael Miguel - Metrópoles - Foto: Polícia Civil/Reprodução e Instagram/Reprodução

Com duas horas e meia de atraso, começou, neste quinta-feira (10/10), o julgamento de Paulo Cupertino Matias pelo assassinato do ator Rafael Miguel e dos pais do jovem, em 2019.

O réu, preso em 2022 após permanecer por quase três anos foragido da Justiça, foi autorizado a acompanhar o júri popular com roupas civis, como solicitado pela defesa dias antes do julgamento.

Vestindo calça jeans, camisa azul clara, sem barba e com cabelos longos e revoltos, pouco abaixo das orelhas, Cupertino chegou a ser retirado do plenário quando a ex-mulher, Vanessa Ticherani de Camargo, foi chamada até o plenário do júri. O réu, porém, retornou ao recinto minutos depois.

Depoimento

Vanessa foi a primeira das 15 testemunhas previstas a prestar depoimento ao corpo de jurados, composto por seis mulheres e um homem.

“Há cinco anos tento esquecer isso diariamente”, afirmou Vanessa sobre o triplo assassinato. Evitando mencionar o nome de Paulo Cupertino, ela reforçou, também, fazer “questão de esquecer o nome dele todos os dias”, se referindo ao ex companheiro como “réu”.

Início do relacionamento

Vanessa conheceu Paulo em um bar, quando ela tinha 18 anos. Mesmo ele estando com outra mulher, ambos se relacionaram por 22 anos. Neste período tiveram dois filhos. Uma é Isabela Ticherani, qua namorava com Rafael Miguel e teria sido a motivação para Cupertino matá-lo.

Antes do crime, Vanessa afirmou que o réu já havia ameaçado ela com uma arma de fogo “mais de uma vez”.

O relacionamento também teria sido marcado por violências físicas, mesmo Cupertino não morando na mesma casa que Vanessa e os filhos, ainda de acordo com o depoimento. “O réu é uma pessoa misógina. Para ele, mulher precisa esquentar barriga no fogão.”

A misoginia de Cupertino, acrescentou Vanessa, resultou em um relacionamento tenso com a filha. Ele e Isabela nunca se deram bem. “Não tinha nenhum gesto de amor, nunca vi, entre eles.”

Segundo a depoente, ele chegou a confiscar o celular da filha para evitar que ela conversasse com Rafael Miguel. Vanessa, por isso, deixava a filha usar o celular dela para a jovem falar com o namorado. As conversas eram realizadas em inglês.

Vanessa reforçou que Cupertino nunca se referia a Isabela como “nossa filha” mas como “sua filha” quando falava sobre a garota. Isso, inclusive, ocorreu no dia do crime. “Ele ficou perguntando ‘cadê sua filha?’”.

Isabela estava com Rafael. Vanessa conseguiu entrar em contato com os pais do garoto, que decidiram ir até a casa de Isabela, no bairro de Pedreira, para tentar apaziguar os ânimos. “Nunca imaginei que iria acontecer uma tragédia”, acrescentou a ex-mulher de Cupertino aos jurados.

No depoimento, ela disse não se recordar em que cômodo estava no momento do crime. “Consigo lembrar que ele puxou minha filha pra dentro. O Rafael se impôs. Saí de perto, não queria ver nada.”

Vanessa só ouviu as vozes das vítimas, mas sem lembrar “com riqueza de detalhes” o que teriam dito. “Só ouvi gritos”, relatou. Depois, disse que saiu e avistou a mãe de Rafael agonizando e o pai do jovem “rolando no chão”.

Cupertino já havia fugido do local, como mostram registros de câmeras de monitoramento apreendidas pela Polícia Civil, após os homicídios. As três vítimas morreram no local. Ao todo foram atingidos por 13 tiros.

Defesa de Cupertino

Ao Metrópoles, o advogado de Cupertino, Alexander Neves Lopes, afirmou, instantes antes do início do júri, que seu cliente prestará depoimento provavelmente nesta sexta-feira (11) por conta do grande volume de testemunhas a serem ouvidas. “Ele está tranquilo e sereno para contar a versão dele.”

Como antecipado pelo Metrópoles, Cupertino alega inocência e irá falar pela primeira vez à Justiça sobre o crime. Ele manteve-se em silêncio durante todo o processo.

Por meio da defesa, o réu alegou que uma terceira pessoa teria sido a responsável pela execução de Rafael Miguel.

Lopes questionou Vanessa se ela viu Cupertino armado. Ela disse que não. A testemunha acrescentou que só ouviu os disparos.

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