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“Facinho”: áudio sugere negociação da morte de delator do PCC. Ouça

Em áudio, policial e integrante do PCC estariam negociando morte de Vinícius Gritzbach por R$ 3 milhões. Material foi entregue ao MPSP

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1 de 1 Imagem colorida de corpo em aeroporto. Metrópoles - Foto: Leonardo Amaro/ Metrópoles

São Paulo — Um áudio de uma conversa entre um policial civil e um integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) mostra negociação da morte do empresário Vinícius Gritzbach, delator da facção criminosa. Ele foi assassinado a tiros na última sexta-feira (8/11).

O material, obtido pelo Metrópoles, foi gravado pelo próprio Vinícius, sem que os interlocutores soubessem, e entregue ao Ministério Público de São Paulo (MPSP). Na conversa, a oferta pela morte do empresário é de R$ 3 milhões.

Ouça:

“Você acha que três [milhões] vai?”, pergunta o integrante do PCC. “É, pensa nos três, vai pensando, me fala depois”, responde o policial. “Mas você acha que ‘tá’ fácil resolver ou ‘tá complicado’?”, questiona o faccionado, ao que o policial afirma: “Tá fácil, facinho”.

O integrante do PCC ainda pergunta se “o passarinho tá voando direto” — se o Vinícius está saindo de casa. O policial responde que “às vezes voa, só que tem um segurança”.

O policial civil registrado na conversa é o agente Valdenir Paulo de Almeida, conhecido como “Xixo”. Ele foi preso pela Polícia Federal (PF) em agosto após registrar o recebimento de R$ 800 mil em propina paga por integrantes do PCC. Depois do término da ligação, “Xixo” diz a Vinícius que ele é “seu irmão”.

O empresário era jurado de morte pelo PCC por estar supostamente envolvido no assassinato de dois membros da maior facção do Brasil, entre eles um chefão. Vinícius havia sido alvo de uma tentativa de homicídio, a tiros, na noite de Natal do ano passado.

O duplo homicídio ocorreu em 27 de dezembro de 2021 e teria sido cometido em parceria com o agente penitenciário David Moreira da Silva. Noé Alves Schaum, denunciado por ser o executor dos membros do PCC, foi assassinado em 16 de janeiro do ano passado.

Vinícius fechou acordo de delação premiada para ajudar na investigação de um núcleo do PCC envolvido com lavagem de dinheiro. Em um trecho do depoimento, obtido pelo Metrópoles, o empresário disse ter documentos que comprovam movimentações financeiras da facção (assista abaixo).

“Tenho planilhas de pagamentos, contrato, matrícula, contas de onde vinham seguindo o dinheiro. Então, dá para a gente fazer o caminho inverso. Tenho conversas de WhatsApp com os proprietários. Eu apresento [os documentos], mas a única coisa que eu preciso, cada vez mais, é de mais segurança. Eu preciso de um amparo de vocês também, senão vocês estão falando com um morto-vivo hoje aqui”, afirmou Vinícius Gritzbach.

Execução no aeroporto

Antônio Vinícius Lopes Gritzbach voltava de uma viagem junto com a namorada quando foi executado, na tarde da última sexta-feira (8/11), na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

Conforme apurado pelo Metrópoles, ele foi morto com um tiro de fuzil no rosto. Câmeras de segurança registraram o momento em que os atiradores descem de um carro preto e executam o empresário.

Outras três pessoas, sem nenhum vínculo com o empresário, ficaram feridas, segundo documento da Polícia Civil obtido pela reportagem. Entre elas está o motorista Celso Araújo Sampaio de Novais, de 41 anos. Ele morreu um dia após ser encaminhado para a Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Geral de Guarulhos. As outras duas vítimas, de 28 e 39 anos, passam bem.

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