Em nova operação em Guarulhos, Exército não localiza últimas armas
Diligências buscam pistas que levem à recuperação das últimas duas metralhadoras furtadas do Arsenal de Guerra de São Paulo em setembro
atualizado
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São Paulo —Homens do Exército e do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar realizaram, na manhã desta quarta-feira (1º/11), nova operação em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, em busca de pistas que levassem à recuperação das últimas duas metralhadoras furtadas do Arsenal de Guerra, em Barueri. Nas diligências, no entanto, nada foi encontrado e a operação terminou pouco antes das 9h.
Ação semelhante já tinha sido realizada no município nessa terça-feira (31/10), mas nada foi localizado. Fontes do Exército, contudo, disseram que as duas operações foram importantes para levantar novas informações sobre o caso.
Também na madrugada desta quarta-feira, durante ação no Rio de Janeiro, a polícia localizou mais duas metralhadoras levadas do Arsenal. Um fuzil calibre 7.62 foi localizado junto com as armas do Exército e sua origem será investigada.
As 21 armas — 13 metralhadoras calibre .50, que podem derrubar aeronaves, e oito calibre 7,62, que perfuram veículos blindados — foram levadas para fora do quartel, possivelmente entre os dias 5 e 8 de setembro, a fim de que fossem negociadas com facções criminosas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
O furto só foi descoberto pelo Exército mais de um mês depois do crime, no último dia 10, durante inspeção no quartel. Três dias depois, o caso veio a público em reportagem do Metrópoles.
Participação de militares
O furto das metralhadoras do Arsenal de Guerra, de acordo com as investigações do Exército, teve participação direta de pelo menos seis militares. O único identificado até agora é o cabo Vagner da Silva Tandu. Motorista e homem de confiança do tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista, ex-diretor do Arsenal, Vagner é apontado como a pessoa que tirou do quartel o armamento usando um veículo militar.
Outros cinco militares teriam ajudado o cabo diretamente. As investigações indicam que eles realizaram o corte intencional de energia do quartel, o que impediu as câmeras de segurança de registrarem a ação.
O Comando do Sudeste pediu, na última quinta-feira (26/10), a prisão preventiva do cabo e dos militares. O Metrópoles apurou que, na véspera, Vagner teria esvaziado seus armários no quartel. Na quinta, ele faltou ao trabalho e, na sexta (27/10), apresentou um laudo psiquiátrico recomendando que ele ficasse uma semana afastado.
No entanto, ao passar por uma perícia com um médico do Exército nessa segunda-feira (30/10), Vagner teve o laudo rejeitado e foi considerado apto a trabalhar. Segundo pessoas ligadas à instituição, o militar cumpre jornada normalmente esta semana.
De acordo com fontes do Exército, a advogada de Vagner tem mantido contato direto com o Ministério Público Militar para tratar da situação de seu cliente. O Metrópoles não conseguiu localizar a defesa do cabo nem do pai dele. O espaço segue aberto para manifestação.
Além do pedido de prisão dos seis militares suspeitos, o Exército aplicou “punição disciplinar” a outros 17 militares por falha de conduta na fiscalização do armamento. A punição consiste em uma espécie de prisão administrativa no quartel, que pode durar de 1 a 20 dias. O Metrópoles apurou que, inicialmente, 20 homens receberam a punição, mas três deles tiveram o recurso aceito.
O tenente-coronel Rivelino Batista, não é formalmente investigado, mas foi exonerado do cargo. Ele foi substituído pelo coronel Mário Victor Vargas Junior.
Armas recuperadas
Até o momento, 19 das 21 metralhadoras foram recuperadas. Além das duas armas localizadas nesta quarta-feira, outras oito foram encontradas na comunidade Gardênia Azul, zona oeste do Rio, no dia 19 de outubro, e nove estavam enterradas na lama em uma área isolada na cidade de São Roque, no interior de São Paulo, em ação realizada no dia 25 de outubro.
Ninguém foi preso pelo crime até agora.
Segundo as investigações, as armas foram levadas para fora do quartel a fim de que fossem negociadas com as facções Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro.
A Polícia Civil acredita que os grupos criminosos recusaram o armamento por falta de peças e por causa do estado de conservação das metralhadoras.