Exército apaga vídeo que ensinava como montar modelo de armas furtadas
Forças Armadas disponibilizavam vídeos na internet que mostravam montagem e uso de metralhadoras calibre .50, que podem derrubar aeronaves
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – Antes do furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra do Comando Militar do Sudeste, na Grande São Paulo, o Exército mantinha na internet, em seus canais oficiais, vídeos que ensinavam como montar e usar metralhadoras calibre .50, um dos modelos levados do local.
Com a repercussão do furto, revelado pelo Metrópoles, o conteúdo foi retirado da internet.
Esse tipo de armamento pode derrubar aeronaves e perfurar carros blindados. Além das 13 metralhadoras calibre .50, haviam sido furtadas do arsenal de Barueri oito metralhadoras calibre 7.62.
Até o momento, quatro armas calibre .50 e a mesma quantidade de 7.62 foram recuperadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Segundo a revista Sociedade Militar, antes de serem tirados do ar, os vídeos do Exército mostravam como se fazer a calibragem, a manutenção e a utilização da metralhadora Browning calibre.50.
O mesmo tipo de orientação estava disponibilizada no perfil oficial do Grupamento Logístico do Exército, em uma rede social. Em uma delas, o grupamento afirma: “neste episódio verificaremos os procedimentos a serem seguidos para a desmontagem da metralhadora Browming .50 M2 HB […] bem como os cuidados necessários pra a correta montagem do armamento”. Esse conteúdo também foi indisponibilizado após a repercussão do caso.
Além dos vídeos, em uma busca mais minuciosa, o Metrópoles apurou que é possível acessar o manual de manutenção e operação dos modelos de metralhadoras .50 iguais às furtadas de Barueri.
Troca do diretor do Arsenal
O comandante do Exército, Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, exonerou do cargo, nesta sexta-feira (20/10), o diretor do Arsenal de Guerra de São Paulo, Rivelino Barata de Sousa Batista, diante da descoberta do furto de 21 metralhadoras por criminosos. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União.
Diante do ocorrido, o comandante do Exército já havia antecipado que iria exonerar o diretor do Arsenal de São Paulo. Como substituto, Paiva nomeou o coronel Mário Victor Vargas Junior.
Antes de serem desviadas, as armas estavam em um local chamado de Reserva de Armamento, destinado a equipamentos que vão ser destruídos, segundo o Exército. Diariamente, militares responsáveis pela fiscalização do arsenal conferem o cadeado e o lacre do espaço – mas não fazem a contagem das armas.
Pelas regras do Exército, nenhuma arma pode ser retirada da Reserva de Armamento ou sair do quartel sem autorização. Segundo a instituição, a última movimentação no local foi registrada no início de setembro. No dia 5, militares retiraram algumas armas de lá para usá-las em exercícios de instrução de soldados. Elas foram devolvidas no dia seguinte.
É por esse motivo que o Comando Militar do Sudeste acredita que o furto das metralhadoras aconteceu a partir do dia 6 de setembro.
Armas encontradas
As armas foram interceptadas na Gardênia Azul, na zona oeste do Rio de Janeiro. A apreensão de quatro metralhadoras .50 e outras 4 MAGs, calibre 7,62 foi feita por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Parte das armas furtadas do Arsenal do Exército em Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo, teria sido oferecida ao Comando Vermelho, a maior facção criminosa do Rio de Janeiro.
Esse tipo de armamento, que pesa cerca de 50 quilos cada, é capaz de derrubar helicópteros e aviões sem blindagem e atingir alvos a uma distância de até 2 quilômetros, de acordo com o especialista em segurança pública Bruno Langeani, gerente do Instituto Sou da Paz.