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Execução de delator do PCC completa 1 semana com polícia sob pressão

Vinícius Gritzbach, delator do PCC, foi morto com 27 tiros de fuzil no Aeroporto de Guarulhos na última sexta-feira. Polícia apura o caso

atualizado

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Imagens coloridas mostram homem branco, cabelhs pretos, curtos, sem barba, camisa azul com colarinho
1 de 1 Imagens coloridas mostram homem branco, cabelhs pretos, curtos, sem barba, camisa azul com colarinho - Foto: Câmera Record/Reprodução

São Paulo — O assassinato de Vinícius Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), completa uma semana nesta sexta-feira (15/11) com nenhum preso e uma vasta lista de suspeitos. Fuzilado 27 vezes na saída do Aeroporto de Guarulhos na semana passada, o homem deixa uma delação explosiva, que detalha como a facção lavava dinheiro e extorsões realizadas por policiais.

Na segunda-feira (14/11), o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, anunciou a criação de uma força-tarefa com autoridades das polícias Civil, Militar e Científica para investigar o caso. O grupo é coordenado pelo secretário executivo da pasta, Osvaldo Nico Gonçalves, afastado temporariamente de suas funções. A Polícia Federal também instaurou um inquérito para apurar o caso.

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Gritzbach foi solto em 7 de junho
Segundo MPSP, Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC
Empresário foi preso em 2 de fevereiro deste ano em um resort de luxo na Bahia
Empresário, preso sob suspeita de mandar matar membros do PCC, foi solto por determinação do STJ
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Nessa quinta-feira (14/11), a Secretaria da Segurança Pública informou que a equipe de investigação conseguiu imagens de um dos atiradores.

Pelo menos três hipóteses sobre o mandante do crime são consideradas no momento, de acordo com um integrante da força-tarefa ouvido pelo Metrópoles.

Uma delas envolve o líder do PCC Silvio Luiz Ferreira, conhecido como “Cebola”, que teria “condenado” Gritzbach à morte em 2021. Além dele, há suspeitas sobre a pessoa que entregou um kit de joias ao empresário dois dias antes de sua morte, em Maceió, e sobre os policiais civis citados por ele em sua delação. De acordo com a SSP, os agentes foram afastados.

A força-tarefa também investiga se os policiais militares que faziam a segurança de Gritzbach no momento do assassinato também estão envolvidos. Além de estarem prestando serviço irregular, o comportamento deles durante a execução levantou suspeitas. Três PMs estavam em posto de gasolina próximo ao aeroporto no momento, alegando pane na caminhonete que usavam.

Policiais civis

A linha de investigação que envolve policiais civis tem como ponto de partida informações citadas por Vinícius Gritzbach em sua delação. No documento, Gritzbach afirma ter sido vítima de extorsão por parte da a equipe responsável por investigar a morte de Cara Preta e Sem Sangue, no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

O delator cita nominalmente o delegado Fabio Baena e os agentes Eduardo Monteiro e “Rogerinho”, Rogério de Almeida Felício.

Segundo depoimento de Gritzbach à Corregedoria da Civil em 31 de outubro, policiais civis cobravam 100 milhões de dólares para que ele não fosse mais investigado.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, os agentes mencionados por Gritzbach teriam sido afastados.

Cebola

Vinícius Gritzbach teria sido “condenado” à morte por Cebola após ser acusado pelo homicídio de duas importantes figuras da facção, em dezembro de 2021: Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue.

Assim como Cebola, Cara Preta e Sem Sangue eram ligados à empresa de ônibus UpBus, e, segundo o MPSP, contavam com ajuda de Gritzbach para lavar dinheiro da facção, por meio de investimentos e empreendimentos imobiliários.

Cara Preta foi morto após passar a acusar Gritzbach de desviar parte de um investimento milionário da facção em criptomoedas.

Em seu acordo de delação premiada, homologado em abril deste ano, Vinícius Gritzbach se comprometeu a compartilhar informações sobre o envolvimento de Cebola nos mecanismos usados pelo PCC para lavar dinheiro.

R$ 3 milhões por “cabeça”

As suspeitas sobre o envolvimento do PCC na execução também envolvem uma gravação em que o advogado Ahmed Assan, também ligado à UpBus, aparece oferecendo R$ 3 milhões pela “cabeça” de Gritzbach. A gravação teria sido feita pelo próprio delator, enquanto um policial civil conversava com o advogado por telefone.

“Você acha que três [milhões] vai?”, pergunta Ahmed Assan.“É, pensa nos três, vai pensando, me fala depois”, responde o policial. “Mas você acha que ‘tá’ fácil resolver ou ‘tá complicado’?”, questiona Mude, ao que o policial afirma: “Tá fácil, facinho”.

O integrante do PCC ainda pergunta se “o passarinho tá voando direto” — se o Vinícius está saindo de casa. O policial responde que “às vezes voa, só que tem um segurança”.

Ouça:

O policial civil registrado na conversa seria Valdenir Paulo de Almeida, conhecido como “Xixo”. O agente foi preso pela Polícia Federal (PF) em agosto, por suspeita de receber R$ 800 mil da facção criminosa.

Joias de R$ 1 milhão

As suspeitas envolvendo o kit de joias avaliado em R$ 1 milhão que estava com Vinícius Gritzbach no momento da execução estão ligadas à viagem do delator a Alagoas. A polícia tenta descobrir quem entregou o pacote.

Em 1º de novembro, ele embarcou para uma viagem de passeio, acompanhado da namorada, Maria Helena Paiva Antunes, do policial militar Samuel Tillvitz da Luz, e do segurança particular Danilo Lima Silva. O grupo ficou hospedado em São Miguel dos Milagres.

Em depoimento no DHPP, Danilo disse que, na quarta-feira (6/11), dois dias antes do retorno a São Paulo, Gritzbach pediu para que ele fosse até um quiosque na orla de Maceió para buscar o kit de joias, com um homem identificado como Alan.

Chegando ao local, de nome “Lopana Bar de Praia”, Alan teria entregado as joias a Danilo em uma sacola preta, com o documento de origem. O segurança teria então retornado a São Miguel dos Milagres e repassado a encomenda a Gritzbach.

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Danilo afirma no depoimento que o empresário teria pedido para que ele buscasse as joias em Maceió após receber a ligação de um homem, não identificado, que teria uma dívida de R$ 2 milhões com ele. As joias seriam entregues como parte do pagamento pela dívida.

Segundo o segurança, o homem teria dito que telefonou para Gritzbach após vê-lo no Aeroporto de Maceió, na chegada de São Paulo em 1º de novembro.

PMs

Os policiais militares que faziam a escolta de Gritzbach entraram no radar da equipe de investigação devido a seu comportamento suspeito no momento da execução. Todos eles foram afastados da corporação.

Além de Samuel Tillvitz da Luz, que viajou com o delator, quatro policiais militares ficaram encarregados de recebê-lo no aeroporto e levá-lo até sua casa. São eles Leandro Ortiz, Adolfo Oliveira Chagas, Jefferson Silva Marques de Sousa e Romarks César Ferreira de Lima.

O combinado era que o grupo de PMs estivesse na saída do aeroporto com dois carros blindados por volta das 15h20. No entanto, o policial Leandro teria informado Gritzbach de que a apenas um dos veículos iria fazer o transporte, uma Trail Brlazer, pois o outro, uma Amarok, estaria com um problema e não dava a partida. Gritzbach teria concordado com a operação.

Enquanto três dos PMs ficaram com a Amarok em um posto de gasolina, Jefferson foi o único que se dirigiu ao aeroporto.

Em depoimento, três dos policiais disseram trabalhar o para o tenente Giovanni de Oliveira Garcia, do 23º Batalhão Metropolitano.

Atiradores

O carro usado pelos atiradores na execução, um Gol Preto, foi encontrado minutos depois na Rua Guilherme Lino, na Vila Monteiro Lobato, periferia de Guarulhos próxima ao aeroporto.

No veículo foram encontradas balaclavas e as armas que teriam sido usadas no crime. A Polícia Científica faz comparações do material genético deixado com suas bases de dados, para tentar identificar os suspeitos.

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