Ex “Vale da Morte”, Cubatão está entre cidades com boa qualidade do ar
Cetesb aponta Cubatão, Santos e São Sebastião como únicas cidades com qualidade do ar considerada boa no estado de SP neste sábado (14/9)
atualizado
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São Paulo — Conhecida nas décadas de 1970 e 1980 como “Vale da Morte” por seus altos níveis de poluição, Cubatão, no litoral de São Paulo, é uma das três cidades no estado a ter a qualidade do ar considerada boa neste sábado (14/9), segundo dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Santos e São Sebastião são os outros dois municípios que aparecem na lista.
A Cetesb monitora a qualidade do ar com base no Índice de Qualidade do Ar (IQA). Os valores de 0 a 40 estão na faixa “N1” e indicam uma qualidade do ar boa. Neste sábado (14/9), Cubatão está com um IQA de 39, Santos de 36 e São Sebastião, de 33.
Quando o IQA vai de 41 a 80 a qualidade do ar é considerada moderada (N2); de 81 a 120, é ruim (N3); de 121 a 200, é muito ruim (N4), e acima de 200, é péssima (N5).
Para o cálculo do índice, a Cetesb mede os níveis de poluentes no ar, como material particulado (MP10 e MP2,5), dióxido de enxofre (SO₂), monóxido de carbono (CO) e dióxido de nitrogênio (NO₂).
A região metropolitana de São Paulo, por exemplo, registrou neste sábado IQA de 125, considerado muito ruim, com alta concentração de poluente MP2,5. Esse material particulado é frequentemente originado da combustão de combustíveis fósseis, mas também pode vir de queimadas em vegetação natural como as que vêm sendo registradas no estado.
Segundo a Cetesb, esse nível de poluentes no ar gera aumento dos sintomas respiratórios na população em geral, especialmente em crianças e pessoas com doenças pulmonares e cardiovasculares.
Vale da Morte
Cubatão era conhecida como o “Vale da Morte” nas décadas de 1970 e 1980 devido aos altos níveis de poluição registrados na cidade. A Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a considerar a cidade como uma das mais poluídas do mundo. Na época, o município era um dos maiores polos industriais do Brasil, com sedes de indústrias químicas, petroquímicas e siderúrgicas.
Na cidade, havia alto índice de bebês nascendo com anencefalia (má-formação do cérebro) e mortes por problemas respiratórios. O território ainda era cortado por rios e mangues, que sofreram o impacto da poluição.
Neste ano, o incêndio da Vila Socó, uma das maiores tragédias ambientais brasileiras, completou 40 anos. Em 1984, uma tubulação de combustível se rompeu e se espalhou pelos córregos e ruas da cidade, causando uma explosão e um incêndio de grandes proporções que matou 93 pessoas.
Após a tragédia, Cubatão passou por um extenso processo de recuperação ambiental, iniciado na segunda metade da década de 1980. A partir da instalação de filtros industriais, tratamento de efluentes, reflorestamento, aumento da fiscalização e da educação ambiental, a cidade conseguiu controlar 98% do nível de poluentes do ar.
Em 1992, a ONU deu um novo título a Cubatão, quando reconheceu a cidade como um exemplo global de recuperação ambiental durante a Eco-92, no Rio de Janeiro.