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Ex-presidente da Sabesp defende privatização: “Vale a pena fazer”

Presidente da Sabesp entre 2007 e 2011, o economista Gesner Oliveira avalia ser possível reduzir a tarifa de água com a privatização

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1 de 1 Foto colorida do economista Gesner Oliveira - Metrópoles - Foto: Divulgação/Sabesp

São Paulo – Com a entrega do projeto de lei que prevê a privatização da Sabesp, nesta terça-feira (17/10), à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o economista Gesner Oliveira, que presidiu a estatal entre 2007 e 2011, avalia que a desestatização da companhia estadual pode atrair mais investimentos e reduzir a tarifa, algo que vem sendo defendido pelo governo estadual.

Ao Metrópoles, Oliveira diz ser favorável ao processo de privatização, uma das promessas de campanha do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Defensor da criação de um órgão regulador, o economista afirma que é possível reduzir a tarifa da conta de água com a ampliação do lucro obtido pela empresa.

“A empresa pode ser muito mais produtiva, mais ágil e uma parte pode ser compartilhada com o consumidor através da criação de um órgão regulador, que vai estabelecer os parâmetros para a tarifa”, diz o ex-presidente da Sabesp.

O governo Tarcísio anunciou que planeja fazer uma oferta de ações da companhia, que já tem capital aberto, no modelo follow-on, com um acionista de referência. Detentor de 50,3% das ações, o Estado deixaria de ser o acionista majoritário da empresa.

O objetivo da privatização da Sabesp, segundo Tarcísio, é investir R$ 66 bilhões até 2029, antecipando em quatro anos a meta de universalização do saneamento básico no estado. Para Oliveira, a privatização também pode colocar a companhia como líder mundial em saneamento básico.

“Atualmente, a Sabesp é a quarta maior empresa do ramo no mundo. Ela tem potencial para ser a líder, não só no plano nacional, como também mundial. Para isso, naturalmente, precisa de mais recursos”, afirma.

Confira abaixo a entrevista concedida por Gesner Oliveira ao Metrópoles:

O sr. acha que vale a pena privatizar a empresa?

Eu acho que sim. Eu diria que a Sabesp é a melhor estatal do país, que tem a maior capacidade de investimento, o melhor padrão de governança, tem índice de sustentabilidade, foi a segunda empresa a entrar no novo mercado. É uma empresa que tem enormes desafios de investimento e como empresa privada vai ter mais condições de enfrentá-los. Com a privatização, ela pode aumentar muito o investimento em um curto espaço de tempo. Sem as amarras do estado ela pode fazer mais, pode se tornar uma empresa de escala não só nacional como também internacional. Inclusive em países emergentes, pode conquistar uma vantagem comparativa. Acho que vale a pena fazer a privatização.

Acredita ser possível reduzir a conta de água com a privatização?

Eu acredito que sim. É possível estabelecer modelos tarifários, expandir a tarifa social, por exemplo, e permitir que as famílias mais pobres paguem menos e ter uma estrutura tarifária com faixas de renda pagando mais. A Sabesp pode ter ganhos de produtividade com o setor privado, vai ter menos amarras para isso. Uma estatal que troca de direção a cada eleição estadual, por exemplo, não é o que você espera, né? Nenhuma empresa pode ter sua política de bônus guiada pelo servidor público do estado e isso é uma amarra.

O que o sr. acha da proposta feita pelo governo Tarcísio para que a privatização seja feita no modelo follow-on?

Acho que é um modelo interessante, porque permite atrair novos investidores e permite àqueles que já estão na Sabesp que continuem. Esse modelo, via mercado, pode ser eventualmente mais ágil, mais rápido do que uma privatização tradicional, com leilão e tudo o mais. É um modelo conhecido e aplicado, pode ser uma solução interessante.

Quais são os maiores desafios de investimento da Sabesp na sua opinião?

A despoluição da bacia do Rio Tietê e o avanço da despoluição do Rio Pinheiros, por exemplo, que são benefícios para mais de duas milhões de pessoas e geram valorização imobiliária, necessitam de capital. A Sabesp até tem acesso a capital, mas com alguns limites. Com o setor privado atraindo capital privado – e há um grande apetite de investimento na Sabesp – isso pode viabilizar mais ações importantes do ponto de vista ambiental, como novas parcerias.

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