Ex-PM e condenado: quem é o preso por ataques a banco e carros-fortes
Ritchie de Souza Lima, 40 anos, foi exonerado da PM em 2007 e já foi condenado por outros roubos; ele foi preso em pedágio da Bandeirantes
atualizado
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São Paulo — Um dos suspeitos de envolvimento nos ataques a um banco e a carros-fortes, cometidos nessa terça-feira (9/4) no interior de São Paulo, é o ex-policial militar Ritchie de Souza Lima, de 40 anos (foto de destaque). Ele foi preso em um pedágio da Rodovia dos Bandeirantes, região de Hortolândia.
O investigado era soldado de segunda classe no 48° Batalhão da Polícia Militar (PM) e foi exonerado da corporação em 2007. Segundo o Tribunal de Justiça Militar, Ritchie passou em outro concurso público e comunicou à PM — esse teria sido o motivo de seu desligamento.
Desde então, o ex-PM se envolveu em crimes do mesmo tipo. Em 2019, foi condenado a 15 anos de reclusão por roubo, receptação, associação criminosa e posse de arma de fogo de uso restrito. A pena progrediu para o regime aberto em 2022.
De acordo com o Ministério Público (MP-SP), na ocasião, Ritchie e mais dois comparsas se passaram por policiais para ameaçar e roubar uma família, em Campinas, no interior paulista. Quando abordados pela polícia, os criminosos resistiram à prisão e atiraram com fuzil contra os policiais, segundo o MP.
A denúncia diz, ainda, que eles mantinham em um depósito armas e munições semelhantes às que foram apreendidas nas buscas durante a investigação dos crimes recentes.
Ataques com explosivos
No momento da prisão pelos ataques com explosivos, Ritchie indicou três endereços ligados a integrantes da quadrilha — em um deles, outro suspeito também foi preso. Um terceiro envolvido foi morto em suposto confronto com a polícia.
Com Ritchie, foram encontrados dispositivos usados pelos criminosos para furar o pneu de veículos idênticos aos materiais encontrados na agência bancária atacada. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), ao verificar um dos endereços apontados pelo ex-PM, em Sumaré, a polícia foi recebida a tiros por dois suspeitos. Na ação, os agentes revidaram e atingiram um deles, que morreu no local.
Junto ao suspeito morto, foram encontrados quatro fuzis, uma espingarda, mais de 500 cartuchos e munições, 150 explosivos e três malas que carregavam roupas e acessórios, como coletes, luvas, balaclavas, kit drone e radiocomunicadores. Além disso, os militares apreenderam cerca de R$ 110 mil. O segundo suspeito conseguiu fugir.
Quando a polícia checou o segundo endereço, correspondente a uma casa na cidade de Indaiatuba, o suspeito, que era procurado pela Justiça por ataque a carro-forte, se rendeu. Ele foi identificado como Társio Rodrigo da Silva. Na residência, uma moto furtada em agosto do ano passado, em Itu, também foi apreendida.
Agência bancária
Na segunda-feira (8/4), uma agência do Banco do Brasil, no município de São Pedro, foi alvo de um ataque com explosivos, durante a madrugada. Os assaltantes ainda deixaram no local artefatos explosivos – que foram desativados por Policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar (Gate). Um vídeo mostra a ação dos agentes.
Horas depois, três carros-fortes foram atacados por bandidos em rodovias, nos trechos de Cordeirópolis e Piracicaba.
No primeiro caso, dois carros-fortes foram atacados enquanto trafegavam na Rodovia Washington Luís, sentido capital, no fim da tarde (veja abaixo). Os criminosos lançaram explosivos contra os veículos, o que gerou muita fumaça na pista e, segundo testemunhas, portavam fuzis. A quadrilha, que contava com cerca de dez homens, conseguiu fugir do local.
Segundo a polícia, os carros usados na fuga, um Mitsubishi Outlander e um Hyundai Santa Fé, foram vistos no ataque a banco em São Pedro horas antes.
O terceiro veículo foi abordado no início da noite, na altura do km 143 da Rodovia Luiz de Queiroz, em Piracicaba. Novamente, testemunhas relataram que os criminosos usaram fuzis contra os vigilantes e também conseguiram fugir.
Carro de delegado
Os criminosos usaram um carro roubado que pertencia a Carlos Alberto da Cunha, conhecido como “Delegado Da Cunha”, deputado federal pelo PP.
O veículo tinha sido furtado no dia 27 de março, na capital, e foi encontrado abandonado em Analândia, também no interior.
Um dos suspeitos presos foi o responsável por indicar a área em que o carro estava, em Analândia. Além do automóvel do deputado, foram localizados apetrechos do crime, usados no roubo ao banco, no mesmo local.
Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública, afirmou que PMs foram a campo para identificar e prender os envolvidos logo após o ataque e ainda prometeu que “ações ultraviolentas do crime organizado não ficarão sem respostas no estado de São Paulo”.