metropoles.com

Ex-chefe do Conselho da Civil diz que PM investigar é “degradante”

Abrahão José Kfouri Filho, ex-presidente do Conselho da Polícia Civil, cobrou que o órgão se posicione contra a proposta do governo de SP

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Divulgação
Imagem colorida mostra policiais militares (PMs) de São Paulo - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra policiais militares (PMs) de São Paulo - Metrópoles - Foto: Divulgação

São Paulo – A proposta do governo de São Paulo para ampliar os poderes da Polícia Militar tem sido alvo de duras críticas por parte de delegados e autoridades da Polícia Civil, apesar de o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) negar que exista um racha entre as corporações. Nesta segunda-feira (22/4), o Conselho da Polícia Civil deve se reunir para discutir o tema.

Conforme revelado pelo Metrópoles, a gestão Tarcísio pretende criar o termo circunstanciado da Polícia Militar, para permitir que os agentes da corporação registrem ocorrências sobre crimes de “menor potencial ofensivo”, realizem diligências, colham provas e solicitem exames, prerrogativas da Polícia Civil.

Em um grupo do Facebook, o ex-presidente do Conselho da Polícia Civil Abrahão José Kfouri Filho classificou a medida como “inaceitável, oportuna e degradante”. Para ele os posicionamentos da Secretaria da Segurança Pública são “questionáveis”.

“Coloca a instituição Polícia Civil, em especial a classe dos delegados de polícia, em clara, inaceitável, inoportuna e degradante posição de inferioridade perante a Polícia Militar e o contexto das demais instituições de Estado”, disse Kfouri Filho.

O ex-delegado cobrou que o Conselho da Polícia Civil se posicione de forma contrária à proposta, em nome da “história a ser preservada”.

“Atitudes não se impõem! Atitudes que engrandecem e enobrecem os Homens são aquelas que brotam naturalmente do autorrespeito, da formação e do caráter de cada um, principalmente em face da liderança e da representatividade de que estejam temporariamente revestidos. Há uma história a ser respeitada, uma herança a ser preservada, uma dignidade a ser reverenciada”, afirmou.

“Campanha de desinformação”

O comandante da Polícia Militar, Cassio Araújo de Freitas, enviou uma mensagem a colegas no WhatsApp dizendo que o governo de São Paulo é vítima de uma “campanha de desinformação” com o objetivo de “fragmentar as instituições” para lucrar.

“Há uma campanha de desinformação em curso, com os mais diversos objetivos individuais, mas que convergem sempre para fragmentar todas as instituições, o velho método ditatorial de dividir para enfraquecer, enfraquecer para submeter e submeter para lucrar”, afirmou ele.

O coronel da PM disse que o termo circunstanciado não possui natureza investigativa e que se limita ao registro da ocorrência, o que seria respaldado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A informação, no entanto, não condiz com o que afirmou Tarcísio de Freitas na sexta-feira (19/4). Em entrevista coletiva, ele disse que a PM poderá apreender provas e requisitar exames. Para diversos juristas, isso extrapola o mero registro da ocorrência.

“Inconstitucional”

Para a Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP), a iniciativa do governo Tarcísio é “preocupante”. “A apuração de infrações penais comuns é de atribuição das polícias judiciária (civil) e federal prevista na Constituição Federal”, diz a nota da entidade. “Ou seja, há uma franca violação do artigo 144, parágrafos 1o e 4o.”

“Além disso, a Lei 12.830/13, que dispõe sobre a investigação criminal, também estabelece que tal procedimento deve ser conduzido por delegado(a) de polícia”, prossegue o documento. “Assim, o projeto é inconstitucional e ilegal, pois o governo do Estado não tem competência para legislar sobre esta matéria.”

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSão Paulo

Você quer ficar por dentro das notícias de São Paulo e receber notificações em tempo real?