Ex-aluno de professora assassinada em escola: “Ela exalava alegria”
Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, foi morta esfaqueada por um estudante na Escola Estadual Thomazia Montoro, em Vila Sônia, zona oeste de SP
atualizado
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São Paulo – O clima de tristeza e revolta se mistura com as boas lembranças no velório da professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, morta esfaqueada por um aluno na Escola Estadual Thomazia Montoro, em Vila Sônia, zona oeste de SP.
Ex-alunos da educadora recordam a felicidade permanente dela em sala de aula. “Ela sempre exalava alegria na sala, brincando. Dançava com a gente. Nunca vi ela com cara fechada, sempre feliz. Tenho certeza que os ensinamentos dela vão ficar. Agora, que a justiça seja feita”, disse Pedro Dufray, 16 anos, aluno por dois anos da professora na escola Emiliano Augusto Cavalcanti.
“Eu entrava na sala e já gritava o nome dela, fazia coração. Ela respondia mandando beijo. Ela conversava com minha mãe, meu irmão. Sempre estava presente”, contou Riquelme Nogueira, 16 anos, também aluno de Bete, como era carinhosamente chamada, na escola Emiliano Augusto Cavalcanti.
“Agora, nos resta prestar respeito aos familiares. A gente só quer justiça e mais segurança nas escolas”, pediu Davi Noronha, 16 anos.
O corpo da professora é velado no Cemitério do Araçá, na zona oeste da capital, desde às 8h, desta terça-feira (28/3). O sepultamento está previsto para as 12h.
Ataque
A professora estava em frente à mesa onde lecionava, conferindo o celular, quando o aluno de 13 anos a surpreendeu, na manhã dessa segunda (27), usando uma máscara e a golpeou ao menos dez vezes pelas costas.
Segundo pais de estudantes, a professora teria apartado na semana passada uma briga entre o adolescente que a matou e outro estudante, e por isso se tornou alvo do agressor.
Outras quatro pessoas ficaram feridas no ataque. Nenhuma em estado grave.
O aluno agressor foi apreendido, prestou depoimento e está na Fundação Casa aguardando audiência de custódia.
“Curtia dar aula”
A professora era aposentada do Instituto Adolfo Lutz, mas a passou a dar aulas de ciências na escola estadual alvo do ataque neste ano. “Ela dava aula porque curtia mesmo, já era aposentada”, relatou ao Metrópoles o filho de Elisabeth Tenreiro.
Elisabeth era recém-chegada à Thomazia Montoro. Até o ano passado, ela lecionava na E.E. Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, no Alto de Pinheiros, também na zona oeste da capital paulista.
Nas redes sociais, a idosa assumiu a postura de avó coruja e divulgava feitos das netas, além de fotos com os filhos e amigos.
No âmbito acadêmico, publicava nas redes conteúdos sobre química e biologia (“essa é boa mesmo”, riu de piada que dizia que “tem muito halogênio se achando gás nobre”). Também gostava de passar recados positivos aos estudantes antes das provas.