“Eu gosto, né”, diz invicto no concurso de maior comedor de paçoca
Maior comedor de paçoca do concurso de Borborema vai atrás do penta, tem arquirrival e participou da 1ª edição para comprar remédio para mãe
atualizado
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São Paulo — “Eu gosto, né? Sou uma formiga, como minha mãe fala. Gosto de doce. E não passo mal”. Essas palavras poderiam sair da boca de muitos garotos interioranos a respeito de seus quitutes preferidos, mas ganham outro sentido —e, principalmente, dimensão — quando ditas por ninguém menos que Dantiel de Lima Gil, 25 anos, o único vencedor em quatro edições do concurso de maior comedor de paçoca de Borborema, no interior de São Paulo.
Dantiel gosta tanto de paçoca que ficou até um pouco chateado ao saber na última sexta-feira (19/7) que haverá menos gramas pela frente no próximo domingo (28/7), quando tentará conquistar o penta. “Se for só meio-quilo, vai ser muito rápido”, afirma, sobre a adaptação que os organizadores pretendem fazer neste ano.
Quem escuta o rapaz, que trabalha como vigia na prefeitura local, não imagina que foi a necessidade que o levou a se inscrever na primeira edição do concurso, em 2018. Sim, há uma história de superação por trás do maior comilão de paçoca já visto em Borborema.
A mãe de Dantiel tinha problemas pulmonares e faltava dinheiro para comprar remédios. Comer paçocas alucinadamente durante a competição, na Feira do Amendoim, foi a saída encontrada por ele para faturar R$ 1.000.
“Eu não iria nem participar. Estava precisando de dinheiro, porque minha mãe estava doente. Queria ajudar a comprar o remédio dela, que era muito caro. Começou por aí. Foi o meu incentivo na época”, diz.
O grande campeão das paçocas tem três irmãos, sendo que uma delas, mais velha, de 32 anos, chama-se Dantiele e ele nunca teve a oportunidade de conhecer. “Minha mãe era tão criativa que tirou o ‘e’ e o meu ficou Dantiel. Dantiele e Dantiel”, diz, brincando.
Dantiel é bem-humorado até mesmo ao falar sobre a concorrência. O campeão conta que foi ele quem convidou o segundo colocado das duas últimas edições, ao chamá-lo para participar do concurso, que carecia de concorrentes em determinado ano. “Trouxe o maior rival que eu poderia ter”, afirma. “É o único que dá o pega, ali. Eu e ele, só”, diz.
Não que só borboremenses tenham se aventurado a encerrar a invencibilidade de Dantiel. Conta-se que até mesmo um vendedor de paçoca do Guarujá, ao saber da fama do campeão, subiu a serra, atravessou meio interior de São Paulo e tentou derrotá-lo em 2023. Como já se sabe, ficou sem o título.
Às vésperas de mais um concurso, quem cruza com Dantiel não fala de outra coisa. “Essa semana mesmo todo mundo já chega falando ‘tá chegando, hein’. Muitos falaram já que vão ganhar de mim, mas chega na hora e não se inscrevem”, diz.
Ele gravou um vídeo para o Metrópoles desafiando os concorrentes. Assista:
Estratégias
“O segredo é a água. Se não souber dosar…”. Isso é o máximo que Dantiel entrega sobre a sua estratégia. Conta também dos equívocos cometidos na edição passada, quando quase perdeu a invencibilidade para o arquirrival.
“Falaram que eu perdi muito tempo nas últimas paçocas. Troquei muitas, ao invés de botar logo na boca. Troquei para deixar a menor para o final”, afirma.
A respiração também parece ser um ponto importante para o campeão. Embora se empanturrar de paçoca seja uma prova de resistência, também não deixa de ser uma competição de tiro curto. Tudo isso faz o ato de comer o doce um exercício e tanto. “Se você olhar nos vídeos, dou umas cambaleadas para trás, porque começa a faltar ar”, afirma.
A preparação para a disputa não envolve uma dieta muito restrita e Dantiel já experimentou vários caminhos até a hora da paçoca. Em duas ocasiões, mandou para dentro dois lanches bem brutos e um quilo de açaí no dia anterior aos concursos. Já no ano passado, almoçou normalmente na véspera.
O pós-prova pode ser um desafio para muitos, mas não para campeão de Borborema. “Você vai lá comer o negócio, você assume. Tem muita gente que passa mal depois da feira, porque todo mundo está sujeito. Vai do estômago de cada um”, diz.