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Estupro e injeção de anabolizantes: menor denuncia padrasto em carta

Em carta, adolescente relatou supostos abusos cometidos pelo padrasto, um PM reformado, durante dois anos, em Praia Grande, litoral de SP

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São Paulo —  Uma adolescente de 16 anos acusa o padrasto, um policial militar reformado de 51 anos, de ter cometido uma série de estupros contra ela ao longo de dois anos, em Praia Grande, litoral de São Paulo. Em uma carta, a jovem relatou que o homem ainda teria aplicado hormônios nela, “para ficar com o corpo bonito”.

Segundo o relato por escrito da adolescente, publicado pelo g1, os abusos teriam começado em 2021, quando ela tinha apenas 13 anos. Na época, a suposta vítima morava na casa da avó e foi até ao apartamento onde a mãe vivia com o suspeito. No local, ele teria mostrado vídeos pornográficos para a menor.

“Eu nunca tinha visto e fiquei assustada com aquilo. Ele me disse que, por estar crescendo e me tornando mulher, [além] da minha mãe trabalhar o dia todo e não ter tempo de me explicar essas coisas, eu já estava na idade de saber”, disse a menina.

A adolescente relatou também que o homem apresentava contos eróticos para ela, “principalmente entre enteada e padrasto”. De acordo com a jovem, o acusado dizia que isso era “mais comum” do que ela imaginava.

Abusos físicos

A carta ainda descreve o dia em que o suspeito teria cometido o primeiro abuso físico contra a adolescente. Segundo ela, em agosto de 2021, o homem pediu para ela “apresentar o prédio” a um sobrinho, que ela havia acabado de conhecer. Quando os dois ficaram sozinhos, em um salão de festas, o parente do acusado teria beijado a jovem.

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Trecho de carta de adolescente que denuncia padrasto por estupro
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“Nunca tinha beijado antes”, disse a adolescente. Ainda de acordo com a carta, o homem teria feito perguntas sobre como tinha sido o beijo.

No mesmo dia, quando voltavam de uma viagem a Peruíbe, também no litoral paulista, o homem parou o carro para urinar. Segundo a carta da adolescente, o suspeito a puxou pelo braço e colocou a mão dela no pênis dele, enquanto tentava beijá-la.

“Fiquei com muito medo de falar algo na hora, pois ele sempre guardava a arma debaixo do banco do motorista. Quando cheguei em casa, só sabia chorar escondida no quarto me perguntando o porquê daquilo estar acontecendo”, escreveu.

Em 2022, os abusos se tornaram mais frequentes, segundo o relato da jovem. “Ele aproveitava que não tinha ninguém em casa e me puxava para o quarto dele. Aconteceu várias vezes, e todas sem o uso de preservativo”.

Os advogados da adolescente disseram ao g1 que os abusos físicos acabaram naquele ano, quando o homem disse que se afastaria dela “para não cometer uma loucura”, como engravidá-la.

A família só descobriu a situação em 2023, quando o acusado teria tentado se reaproximar da adolescente. Ela gravou uma conversa com ele e mostrou o áudio para a mãe.

Injeções de anabolizantes

De acordo com a jovem, o homem a levava para treinar na academia e aplicou duas doses de anabolizantes, ainda em 2022.

“Comentava que eu tinha mais corpo do que muitas mulheres, e por eu menstruar e ter menos testosterona que o homem, não iria conseguir resultado nenhum ‘só treinando’. Dizia que eu ficaria com um corpo mais bonito [com a testosterona]”.

A adolescente acrescentou na carta que o homem ficou bravo quando ela demonstrou que não queria receber a dose do hormônio. “Disse que eu não poderia parar de tomar, senão meu corpo ficaria cheio de estrias, celulites e espinhas, queda de cabelo”.

Defesa

O advogado que representa o PM reformado afirmou que as “acusações propostas pela suposta vítima e sua genitora são inverídicas, pois não passam de uma armação”, ao g1. Ele disse que o cliente é inocente e provará isso no decorrer da instrução criminal.

Segundo a delegada responsável pelo caso, Lyvia Bonella, da Delegacia de Defesa da Mulher de Praia Grande, o homem já prestou depoimento à Polícia Civil. No relato, ele disse à corporação que a própria enteada é quem demonstrava interesse por ele.

“Tentou inverter a situação, como se a adolescente estivesse interessada nele e feito ‘investidas’, abraçando e beijando”, disse a delegada, em entrevista à TV Tribuna.

A delegada afirmou que, apesar do depoimento, o fato dele ter admitido que “retribuiu” o beijo já configura um crime.

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