“Estamos numa batalha”, diz esposa de PM morto com filha em assalto
O PM estava de folga na madrugada do assalto; em entrevista, a esposa dele, Flávia Valentim defendeu que ele era um profissional preparado
atualizado
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São Paulo — A esposa do policial militar e mãe da jovem mortos na madrugada do último sábado (25/2) em um assalto a uma farmácia na Vila Medeiros, zona norte de São Paulo, Flávia Valentim, disse que o PM era um profissional extremamente preparado. Anderson de Oliveira Valentim, de 46 anos, e Alycia Perroni Valentim, de 19 anos, foram baleados no estacionamento da loja, após ele iniciar uma troca de tiros com os assaltantes. O agente estava de folga.
Pai e filha foram sepultados nessa segunda-feira (27/2).
Flávia disse, em entrevista à TV Globo, que tem lido nas redes sociais questionamentos a respeito do profissionalismo de Anderson, que teria colocado a vida dele e da filha em risco, segundo os comentários na internet. “Eu tenho que ter força para levar a verdade para as pessoas”, disse Flávia. “Ele era extremamente preparado, tanto que preparou a família para este momento”, completou.
Filha ansiosa com volta às aulas
Os três haviam passado a madrugada num pronto-socorro depois de Alycia passar mal. A mãe disse que a filha tinha gastrite nervosa e que estava ansiosa com o retorno das aulas no segundo ano de uma faculdade de Direito. Após atendimento médico, eles foram a uma farmácia comprar os medicamentos receitados pelo médico. Eram cerca de 5h.
A mulher estava no balcão da farmácia quando o assalto começou. Segundo ela, com uma forte batida na porta do estabelecimento, que estava trancada por medida de segurança. Na sequência, uma troca de tiros estourou as portas de vidro da loja. Ela então se abaixou e usou o celular para acionar o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom). Flávia disse ter ficado cerca de 40 minutos ao telefone, relatando o que acontecia – o que, segundo ela, foi uma atitude que aprendeu com o marido.
“Tenho 22 anos de casamento, 3 filhos. Anderson me preparou para este momento, eu sabia o que tinha que falar, eu estava muito racional”, disse Flávia. “Ainda estou racional, creio que o luto não vem na hora”.
Na entrevista, Flávia relatou a sequência de fatos. Disse ter primeiro visto o marido baleado, no chão, e ainda com vida. Logo depois, olhou para o carro e não encontrou a filha, o que a fez acreditar que a jovem havia sido sequestrada. Mais tarde, encontrou a garota caída ao lado do veículo.
Quando a ambulância chegou ao local do crime, os dois feridos foram atendidos ao mesmo tempo. De acordo com o relato da esposa, Anderson morreu primeiro. Os socorristas tentavam reanimar a filha quando Flávia foi levada para dentro de uma ambulância, e, logo depois, foi informada da morte de Alycia.
Batalha pela prisão dos suspeitos
Os três homens suspeitos de matar pai e filha estão foragidos.
A Polícia Civil confirmou nessa segunda-feira (26/2) a identidade dos três suspeitos de envolvimento nas mortes de Anderson de Oliveira Valentim e de Alycia Perroni Valentim após a troca de tiros em frente a uma farmácia na Vila Medeiros, zona norte de São Paulo.
De acordo com a Polícia Civil, os suspeitos são Erivaldo Aparecido de Lima, Diogo Damasceno dos Santos e Douglas Henrique de Jesus. A prisão temporária do trio já foi feita ao Judiciário, que aceitou. As apurações prosseguem na Divisão de Homicídios do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
“Estamos numa batalha, nós ainda não vencemos, dependemos ainda da prisão dos bandidos que fizeram isso com a minha família. Nós estamos em luto, com o sentimento, com o vazio que fica agora”, disse Flávia na entrevista.
Anderson e Flávia tinham outros dois filhos, de 20 e 16 anos, além de Alycia. Eles eram casados há 22 anos.
De acordo com a esposa, o PM e a filha eram muito religiosos, frequentavam a umbanda e realizavam ações sociais com entrega de marmitas e cestas básicas.
“Só tenho bons momentos com os dois”, afirmou Flávia.