Espuma cobre Rio Piracicaba e morador pede justiça: “Corta o coração”
Morador gravou vídeo para mostrar espuma tóxica no Rio Piracicaba, em São Paulo. Região registrou, recentemente, grande mortandade de peixes
atualizado
Compartilhar notícia
“Essa é a imagem que mais entristece. Animais tentando sobreviver em meio a tanta poluição e destruição do nosso Rio Piraciba. Corta o coração. Olha como é que está o rio hoje”, desabafou o morador Thiago Diniz Barne Ganeo ao gravar um vídeo (veja abaixo) mostrando a grave situação do local, em São Paulo, que foi tomado por uma grande quantidade de espuma tóxica.
Ele encaminhou as imagens à reportagem do Metrópoles para denunciar o descaso com a região. Nas cenas, feitas na manhã dessa quarta-feira (18/9) no Salto do Rio Piracicaba, é possível ver capivaras e urubus no meio da água poluída. Além de região residencial, o Salto do Rio Piracicaba é cartão-postal da cidade.
A espuma começou a surgir, segundo moradores, após a vazão do rio baixar e com o excesso de esgoto que invadiu o leito, produzindo esta espuma. Nesta quinta (19/9), a cena se repetiu, na região da Rua do Porto. O rio enfrenta uma seca severa e ainda não se recuperou de uma grande mortandade de peixes, causada por resíduos que foram jogados no manancial.
Assista ao vídeo:
Ver essa foto no Instagram
Falta de oxigênio na água
De acordo com a Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb), equipes fazem uma varredura pelo Rio Piracicaba para avaliaro caso. A companhia acredita que a espuma pode ter aparecido por conta do baixo nível de oxigênio da água, causado pela baixa vazão do rio. “O monitoramento registrou que o oxigênio dissolvido na água do rio Piracicaba teve uma queda durante esta noite, para níveis inferiores a 1 mg/L (o nível normal de OD seria de 5,0 mg/L)”, explicou.
A baixa vazão, decorrente da intensa estiagem e a temperatura do ar mais baixa, acabam favorecendo para a formação de espumas, que se dissipam durante o dia. Os técnicos farão uma inspeção ao longo do rio, para verificar se houve comprometimento da vida aquática.”
Onda de peixes mortos
A redução dos níves de oxigênio na água também ocasionou outro grave problema na região recentemente. São vários os relatos de moradores sobre a quantidade assustadora de peixes mortos encontrados às margens do rio, em vários pontos.
Indícios apontaram que a água teria sido contaminada por um descarte irregular do Serviço Municipal de Água e Esgoto (Semae) de Piracicaba. O caso é investigado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e pelo Ministério Público do estado (MPSP), que não estabeleceram relação com a contaminação da Usina São José, apontada como responsável por duas primeiras ondas de mortes.
Em 13 de setembro, o Rio Piracicaba também registrou espuma densa e de cor amarronzada em parte do leito manancial, na altura da Ponte Pênsil na região da Rua do Porto.
Na ocasião, a Cetesb também explicou que poluição intensificada pelo tempo seco e as queimadas, agravadas ainda pela estiagem, explicariam o aparecimento da substância nas águas do manancial. Avaliou ainda que não havia indícios de despejos irregulares de resíduos.