Esposa de Robinho conta como filhos encaram prisão: “Abri o processo”
Vivian Guglielmetti, esposa de Robinho, contou como é rotina de visitas ao ex-jogador, ao lado dos filhos, na Penitenciária de Tremembé
atualizado
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São Paulo — Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, a esposa de Robinho, Vivian Guglielmetti, de 40 anos, revelou que visita o marido na Penitenciária P2 de Tremembé, no interior de São Paulo, todos os finais de semana — em algumas oportunidades, os três filhos do casal a acompanham. O ex-jogador foi condenado pela Justiça italiana por estupro coletivo contra uma mulher albanesa, ocorrido em janeiro de 2013, e está preso desde março deste ano.
“Quando vamos todos, vira aquela bagunça. Ele [Robinho] entra no papel de pai total, brincam muito, conversam muito”, diz Vivian. Segundo ela, os filhos sofreram ataques durante o processo que determinou nove anos de prisão ao ex-jogador.
“Eu abri todo o processo com meus filhos. Eu falei: ‘aconteceu isso, essa moça fala isso’”. [Eles falam]: ‘mãe, pelo amor de Deus, a gente tem que mostrar a verdade’. Eu falei: ‘sim, vai ter esse momento, vai ter um dia em que a gente vai ver a Justiça de fato’”, afirma Vivian.
A esposa disse que o ex-jogador está bem “na medida do possível”. “O Robinho tem uma cabeça muito boa. Às vezes, vou [à cadeia] para tentar acalmá-lo e eu saio de lá mais calma, porque ele que me acalma. A gente tem nossa consciência tranquila. Ele deita e dorme, eu deito e durmo, porque a gente sabe o que aconteceu.”
Prisão
Em março deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) homologou a condenação italiana, e Robinho passou a cumprir pena no Brasil. Um habeas corpus impetrado pela defesa do ex-jogador no Supremo Tribunal Federal (STF) tenta reverter a prisão. Neste momento, o placar do julgamento está em 5 votos a 1 para manter Robinho detido.
“Eu poderia estar em qualquer lugar hoje com os meus três filhos, sem querer saber desta história. Não, eu estou aqui. Eu vou lutar pela minha família, pelo meu casamento, pelos meus filhos. As minhas questões pessoais de marido e mulher, resolvi lá atrás. O erro foi a traição. Eu fui traída e hoje ridicularizada mundialmente. Mas escolhi lutar pela verdade”, afirma Vivian Guglielmetti, entre lágrimas.
Mesmo após a conclusão da investigação e a condenação transitada em julgado, Vivian é categórica ao dizer que acredita na versão de Robinho. Diante das milhares de páginas do processo e de documentos que juntou durante mais de uma década, ela diz ter estudado cada uma das folhas e garante: “Ninguém no Brasil sabe mais desse caso que eu”.
Em depoimento, o ex-jogador confirmou que ele e os amigos participaram de uma orgia, mas que teria havido consentimento por parte da mulher. Vivian diz que, após o companheiro reconhecer a traição, decidiu perdoá-lo. Agora, dedica-se a provar que ele foi acusado injustamente.
“O Robinho foi condenado por áudios entre amigos, imorais, horrorosos. Só que isso não é um crime. A traição que houve comigo não é um crime. Está muito distante de ser um crime. Entre um ato imoral e um crime tem uma distância muito grande. Ele está há oito meses pagando por algo que não aconteceu”, pontua.
Os áudios mencionados por Vivian foram obtidos pela polícia italiana por meio de escutas. Nas gravações, Robinho e amigos aparecem dando uma série de detalhes sobre o ato sexual. O material foi usado no julgamento que condenou o ex-jogador a 9 anos de prisão na Itália.
A vítima, uma albanesa que tinha 23 anos na época, alega que Robinho e quatro amigos dele se aproveitaram da embriaguez dela para estuprá-la. A mulher conta, em depoimento, ter perdido a consciência momentaneamente e ter acordado sendo abusada sexualmente, sem condição de reagir.
Condenação de Robinho
O processo contra Robinho na Itália chegou ao fim em janeiro de 2022, com a condenação pela Suprema Corte do país.
Como o Brasil não extradita cidadãos brasileiros para cumprir pena no exterior, foi feito um pedido de homologação da sentença italiana junto ao STJ. Com base na Lei de Migração de 2017, a Corte decidiu que o ex-jogador deveria cumprir pena no Brasil.
“Quando falaram de vir o processo para o Brasil, a gente teve um acalento. Caramba, é o nosso país, é o nosso povo. A Justiça brasileira vai ver isso daqui, vai analisar e ver o quanto a gente foi injustiçado na Itália. Não aconteceu. Não quiseram analisar o processo, não quiseram saber”, ressalta Vivian.
Robinho foi preso em 21 de março de 2024. Desde então se encontra na Penitenciária II de Tremembé.
“Vou lá todas as semanas. Levo a comidinha dele, os produtos de higiene, os produtos de limpeza. Graças a Deus, ele tem uma cabeça muito boa. Eu, às vezes, vou para tentar acalmá-lo, e é ele quem me acalma”, afirma a esposa do ex-jogador.
“Eu converso muito com nossos filhos. O Robinho também. Eles vão em algumas visitas. Quando vamos todos, aí vira aquela bagunça. Ele entra naquele papel de pai total, eles brincam muito, conversam. Eu abri todo o processo para os meus filhos. Aconteceu isso, isso, isso. E eu falo para eles: vai ter um dia em que a gente vai ver a Justiça de fato.”
Amigos
Rodrigo Falco foi o único dos amigos de Robinho condenado pelo estupro, também a nove anos de prisão. Sua sentença foi homologada pelo STJ cerca de três meses após à do ex-jogador. Desde junho, Falco cumpre pena na Penitenciária II de Tremembé, assim como o ex-jogador.
Os amigos Rudney Gomes, Clayton Santos, Alexandro da Silva e Fabio Galan, que retornaram ao Brasil após o ocorrido, não foram denunciados pela Justiça Italiana. A polícia informou à época que não conseguiu localizá-los.
A defesa de Robinho, no entanto, apresentou em abril de 2014 um documento com um os nomes completos de cada um deles e seus respectivos endereços.